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Como utilizar drywall em banheiros e áreas molhadas?

Especialista indica especificação de placas resistentes à umidade, cuidados com a impermeabilização e o uso de argamassa adequada para o assentamento de revestimentos cerâmicos nas chapas

Publicado em: 15/03/2022

Texto: Eric Cozza

imagem de uma construção em ambiente interno, com uma banheira ao fundo e, ao lado, uma parede verde com linhas brancas, antes de ficar pronta
Construção a seco exige alguns cuidados adicionais em áreas molhadas, tais como banheiros, cozinhas e áreas de serviços (Foto: Shutterstock)

O drywall vem sendo utilizado na construção civil brasileira, com maior regularidade e presença de mercado, desde meados da década de 1990. Foi nessa época que alguns dos principais fabricantes de chapas de gesso acartonado para paredes, forros e revestimentos se estabeleceram no País.

Naqueles anos, ainda resistiam alguns preconceitos em relação ao sistema construtivo, ainda mais em um mercado no qual a alvenaria, baseada no uso de tijolos, ocupava espaço quase absoluto no meio técnico e, por consequência, no imaginário dos moradores e usuários de edificações.

A utilização do drywall em áreas molhadas, tais como banheiros, cozinhas e áreas de serviços, era uma das vítimas prediletas da desconfiança de quem resistia ao avanço da construção a seco. Após quase três décadas de avanços técnicos, difusão de informações e do uso contínuo das placas em diferentes tipos de empreendimentos, a resistência ficou bastante limitada.

O trabalho de sanar dúvidas a respeito do sistema, entretanto, nunca parou. E um dos profissionais mais empenhados nesse sentido é o Carlos Roberto de Luca, um químico com mestrado profissional em habitação que atua no setor há quase 50 anos. Gerente técnico da Associação Brasileira do Drywall, ele é o convidado do podcast “AEC Responde” para falar sobre os cuidados de projeto, execução e manutenção do drywall em banheiros, cozinhas, áreas de serviço etc.

AEC Responde – Quais são os principais cuidados para a utilização do drywall em áreas molhadas?

Carlos Roberto de Luca – São alguns cuidados que devemos observar. Um deles, talvez o mais básico, é a utilização da chapa RU, que é resistente à umidade, própria para essas áreas, que absorve menos água e tem uma resistência adequada para ser utilizada nas áreas de banheiro, cozinha e área de serviço. Além da chapa, nós temos também o cuidado e a preocupação com o pé da parede ou do revestimento, porque ele estará em contato com o piso. Nessas áreas úmidas, você pode ter uma lavagem ali, uma molhagem que pode subir no pé da parede, subir na chapa. Então, a impermeabilização do pé da parede é extremamente importante. Basicamente, temos esses dois cuidados: a utilização da chapa adequada e o pé da parede.

O que não recomendamos é a utilização, por exemplo, de uma ACI, que é uma argamassa somente à base de cimento, que não vai proporcionar uma aderência adequada desse revestimento na chapa de drywall
Carlos Roberto de Luca, gerente técnico da Associação Brasileira do Drywall

AEC Responde – Quando o acabamento é realizado com placas cerâmicas, fixadas com argamassa colante, há algum cuidado especial?

De Luca – Placas cerâmicas, azulejos e também os porcelanatos podem ser utilizados no drywall sem nenhum problema. Nesses casos, recomendamos a utilização da argamassa tipo ACII, no mínimo. Há também a ACIII, que é mais aditivada e melhor, mas recomendamos, no mínimo, a ACII. O que não recomendamos é a utilização, por exemplo, de uma ACI, que é uma argamassa somente à base de cimento, que não vai proporcionar uma aderência adequada desse revestimento na chapa de drywall. A ACIII também pode ser utilizada – e é melhor –, só que mais cara, então, recomendamos apenas no caso de material mais pesado. No caso do porcelanato, há a utilização de argamassas próprias para esse material. Esta é a recomendação.

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AEC Responde – Quais são os cuidados com a impermeabilização no box do banheiro, onde o contato da água com a chapa de drywall é mais intenso?

De Luca – Recomendamos que, além do cuidado no pé da parede, a impermeabilização suba, pelo menos, 20 centímetros na parede. Algumas construtoras, alguns especificadores recomendam a impermeabilização até mais alta, chegando a, por exemplo, 1 metro ou 1,5 metro. Aí depende um pouco de cada especificador. A impermeabilização sempre vai sempre melhorar essa questão da proteção da chapa. Agora, o que recomendamos ali, na área de box, é um tratamento com um material resistente mecanicamente. O que é isso? Consiste na aplicação realmente de um azulejo, uma cerâmica ou mesmo uma fórmica, um laminado melamínico, como um revestimento que é aplicado sobre a chapa na área do boxe. Vai proporcionar uma proteção mais adequada para essa região, mas o resto do banheiro ou da cozinha, fora do box, você pode utilizar então simplesmente a chapa RU e o tratamento no pé da parede.

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Colaboração técnica

Carlos Roberto de Luca  – Químico industrial com mestrado profissional em habitação pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT). Gerente Técnico da Associação Brasileira do Drywall e gerente do Programa Setorial da Qualidade (PSQ) do Drywall ligado ao PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat).