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Ensaios acústicos de campo para atendimento à NBR 15575

Henrique Lima Pires, Cristina Yukari Kawakita Ikeda, Maria Akutsu – Laboratório de Conforto Ambiental, Eficiência Energética e Instalações Prediais do IPT

Publicado em: 26/09/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Coordenação técnica: Adriana Camargo de Brito
Comitê de revisão técnica: Adriana Camargo de Brito, Cláudio Vicente Mitidieri Filho, José Maria de Camargo Barros, Luciana Oliveira e Maria Akutsu
Apoio editorial: Cozza Comunicação

gráfico
Fonte: WUFI® - https://wufi.de/en/software/wufi-plus/

29/09/2022 | 15h00 - A família de normas NBR 15575 estabelece critérios para a classificação do nível de desempenho acústico de fachadas, coberturas, paredes internas e pisos entre unidades habitacionais ou entre áreas privativas e de uso comum. Para pisos e coberturas acessíveis, além dos critérios de desempenho acústico em relação à transmissão do ruído aéreo, existem também critérios de avaliação quanto ao ruído transmitido por impactação desses sistemas de vedação. Estes critérios estão apresentados nas Tabelas 1, 2, 3 e 4 a seguir.

Tabela 1 - Critério e níveis de desempenho, DnT,w, de isolamento a ruído aéreo de vedações verticais internas

Elemento de separação

DnT,w (dB)

Nível de desempenho
Parede entre as unidades habitacionais autônomas (parede de geminação), nas situações em que não haja ambiente dormitório
40 a 44
M
45 a 49
I
≥ 50
S
Parede entre as unidades habitacionais autônomas (parede de geminação), no caso de pelo menos um dos ambientes ser dormitório
45 a 49
M
50 a 54
I
≥ 55
S
Parede cega de dormitórios entre uma unidade habitacional e as áreas comuns de trânsito eventual, como corredores e escadaria nos pavimentos
40 a 44
M
45 a 49
I
≥ 50
S
Parede cega entre uma unidade habitacional e as áreas comuns de trânsito eventual, como corredores e escadaria dos pavimentos, nas situações em que não haja ambiente dormitório
30 a 34
M
35 a 39
I
≥ 40
S
Parede cega entre o dormitório ou sala de uma unidade habitacional e as áreas comuns de permanência de pessoas, atividades de lazer e atividades esportivas, como home theater, salas de ginástica, salão de festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos, cozinhas e lavanderias coletivas
45 a 49
M
50 a 54
I
≥ 55
S
Conjunto de paredes e portas de unidades distintas, separadas pelo hall (DnT,w obtida entre as unidades), nas situações em que não haja ambiente dormitório
40 a 44
M
45 a 49
I
≥ 50
S
Conjunto de paredes e portas de unidades distintas, separadas pelo hall (DnT,w obtida entre as unidades), caso pelo menos um dos ambientes seja dormitório
45 a 49M
50 a 54
I
≥ 55
S
Fonte: ABNT, 2021.

Tabela 2 - Critério e níveis de desempenho, D2m,nT,w, de isolamento a ruído aéreo de vedações externas

Ambiente
Classe de ruído

Linc (dB)

D2m,nT,w
Nível de desempenho
DormitóriosI≤ 60
≥ 20
M
≥ 25
I
≥ 30
S
II61 a 65≥ 25
M
≥ 30
I
≥ 35
S
III66 a 70≥ 30
M
≥ 35
I
≥ 40
S
SalasI≤ 60
Não aplicável
II61 a 65Não aplicável
III66 a 70Não aplicávelM
≥ 30
I
≥ 35
S
Fonte: Adaptado de ABNT, 2021.

Tabela 3 - Critérios e níveis de desempenho, DnT,w, para ruído aéreo em sistemas de pisos

Elemento

L’nT,w (dB)

Nível de desempenho
Sistema de piso de unidades habitacionais autônomas sobre dormitório
66 a 80M
56 a 65I
≤ 55
S
Sistema de piso de unidades habitacionais autônomas sobre sala
51 a 55M
46 a 50I
≤ 45
S
Sistema de piso de áreas de uso coletivo (atividades de lazer e esportivas, como home theater, salas de ginástica, salão de festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos, cozinhas, lavanderias coletivas e corredores) sobre dormitório de unidades habitacionais autônomas
51 a 55M
46 a 50I
≤ 45
S
Sistema de piso de áreas de uso coletivo (atividades de lazer e esportivas, como home theater, salas de ginástica, salão de festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos, cozinhas, lavanderias coletivas e corredores) sobre sala de unidades habitacionais autônomas
Não se aplicaM
46 a 50I
≤ 45
S
Fonte: ABNT, 2021.

Tabela 4 - Critério e níveis de desempenho, DnT,w, de isolamento a ruído aéreo de vedações verticais internas

Elemento
DnT,w (dB)
Nível de desempenho
Sistema de piso entre unidades habitacionais autônomas, no caso de pelo menos um dos ambientes ser dormitório
66 a 80M
56 a 65I
≤ 55
S
Sistema de piso separando unidades habitacionais autônomas de áreas comuns de trânsito eventual, como corredores e escadaria situados em pavimentos distintos
51 a 55M
46 a 50I
≤ 45
S
Sistema de piso entre unidades habitacionais autônomas, nas situações em que não haja ambiente dormitório
51 a 55M
46 a 50I
≤ 45
S
Sistemas de piso separando dormitório de unidades habitacionais autônomas de áreas comuns de uso coletivo para atividades de lazer e esportivas, como home theater, salas de ginástica, salão de festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos, cozinhas e lavanderias coletivas
Não se aplicaM
46 a 50I
≤ 45
S
Fonte: ABNT, 2021.

Como parte não obrigatória da família de normas, podem ser feitas medições do ruído gerados por equipamentos prediais, como a passagem de elevadores ou medições do ruído gerados pelos sistemas hidrossanitários, como o acionamento de válvulas de descarga de apartamentos adjacentes.

Para a verificação do desempenho obtido, são realizados ensaios em campo que podem ser executados pelo método de engenharia ou simplificado.

O método simplificado permite obter uma estimativa do desempenho acústico quando não se possui instrumentação que possibilite a medição do tempo de reverberação dos ambientes ou quando o nível de ruído de fundo não permite a medição desse parâmetro. Este método é descrito nas normas ABNT NBR ISO 10052 e ISO 717-1.

O método de engenharia é mais rigoroso e o seu procedimento é regido pelas normas:
• ABNT NBR ISO 16283-1 e ISO 717-1, referente a ensaios para determinação da isolação ao ruído aéreo de paredes internas ou de sistemas de piso;
• ABNT NBR ISO 16283-3 e ISO 717-1, referente a ensaios para determinação da isolação a ruído aéreo de paredes de fachada;
•  ABNT NBR ISO 16283-2 e ISO 717-2, referente a ensaios para determinação da isolação ao ruído de impacto de piso.

Os itens a seguir descrevem brevemente os métodos de engenharia citados. Cabe ressaltar que, em todos métodos de avaliação, os resultados referem-se somente ao sistema ensaiado e não podem ser generalizados, pois o desempenho acústico pode ser afetado pela volumetria, geometria, execução e vinculações entre os sistemas construtivos.

A) Determinação da isolação ao ruído aéreo de paredes internas ou sistemas de piso

Deve-se posicionar uma ou duas fontes sonoras normatizadas no ambiente emissor. Então, com um sonômetro mede-se o nível de pressão sonora nos ambientes emissor e receptor enquanto a fonte está gerando o ruído conforme ilustrado nas Figuras 1 e 2. Depois, é medido o Tempo de Reverberação no ambiente receptor. Com as medições obtidas, são feitos o tratamento dos dados e cálculos para determinação da diferença de nível padronizada ponderada entre os ambientes, Dnt,w.

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B) Determinação da isolação a ruído aéreo de paredes de fachada

Deve-se posicionar uma ou mais fontes sonoras em posições específicas do lado externo da fachada de interesse e medir com o sonômetro o nível de pressão sonora dentro do ambiente receptor e do lado externo à fachada em uma posição específica, conforme ilustrado na Figura 3. Para a medição no lado externo à fachada, também é possível utilizar um microfone fixado rente à superfície da fachada.

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Em situações onde a utilização de alto-falantes não é viável, a norma permite a utilização do ruído rodoviário como fonte sonora, desde que esta fonte atenda certos requisitos. Com as medições obtidas, são feitos o tratamento dos dados e cálculos para determinação do D2m,nT,w.

C) Determinação da isolação ao ruído de impacto de piso

Deve-se posicionar uma máquina de impacto padronizada sobre o piso do ambiente considerado como o emissor e medir com um sonômetro o nível de pressão sonora no ambiente considerado receptor, enquanto a máquina está em funcionamento. Com as medições obtidas, são feitos o tratamento dos dados e cálculos para determinação do L’nT,w.

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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10052: Acústica — Medições em campo de isolamento a ruído aéreo e de impacto e de sons de equipamentos prediais — Método simplificado. Rio de Janeiro: ABNT, 2020. 33 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-3: Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos. Emenda 1. Rio de Janeiro: ABNT, 2021. 8 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-4: Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos. Emenda 2. Rio de Janeiro: ABNT, 2021. 14 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 16283-1: Acústica — Medição de campo do isolamento acústico nas edifcações e nos elementos de edifacações Parte 1: Isolamento a ruído aéreo. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. 46 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 16283-2: Acústica — Medição de campo do isolamento acústico nas edifcações e nos elementos de edifacações Parte 2: Isolamento a ruído de impacto. Rio de Janeiro: ABNT, 2021. 48 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 16283-3: Acústica — Medição de campo do isolamento acústico nas edifcações e nos elementos de edifacações Parte 2: Isolamento de fachada a ruído aéreo. Rio de Janeiro: ABNT, 2021. 41 p.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 717-1: Acoustics — Rating of sound insulation in buildings and of building elements — Part 1: Airborne sound insulation. 3 ed. Geneva: ISO Central Secretariat, 2013. 19 p.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 717-2: Acoustics — Rating of sound insulation in buildings and of building elements — Part 2: Impact sound insulation. 3 ed. Geneva: ISO Central Secretariat, 2020b. 17 p.