menu-iconPortal AECweb

Tecnologia experimental alemã produz carbono a partir do ar

Texto: Naíza Ximenes

O projeto é fruto da parceria entre a INERATEC GmbH, a Climeworks e o Instituto de Tecnologia Karlsruhe (KIT)

foto de um homem manipulando a máquina da metologia inovadora que transforma o carbono do ar em carbono sólido
A metodologia foi apelidada de Necoc (Dióxido de Carbono Negativo para Carbono, na sigla em inglês) (Foto: KIT/Divulgação)

06/03/2023 | 13:30  Mantendo os esforços estipulados no Acordo Climático de Paris de 2015 — em que a comunidade global se comprometeu a limitar o aquecimento global a menos de 2 °C até o final do século —, a parceria entre três instituições alemãs impressionou a comunidade tecnológica mundial ao anunciar um novo método de produzir carbono: a partir do ar.

O recurso ainda está em fase de testes, mas promete grandes resultados, segundo os responsáveis. Isso porque as alemãs INERATEC GmbH e Climeworks, com o apoio do Instituto de Tecnologia Karlsruhe (KIT) — uma universidade técnica estatal da Alemanha — construíram uma usina piloto para capturar o dióxido de carbono (CO2) diretamente do ar e transformá-lo em carbono sólido em pó, que pode ser armazenado ou usado como matéria-prima industrial (como o grafite de alta qualidade).

Leia também

Prefeitura de SP quer desestimular construção de microapartamentos
Apesar do declínio na receita, indústria de máquinas mantém contratações
Tramontina investe na ampliação do setor de materiais elétricos

A metodologia, chamada de Necoc (Dióxido de Carbono Negativo para Carbono, na sigla em inglês), funciona em quatro etapas:

Absorção: CO2 é separado do ar ambiente por meio de um absorvedor.
Reação: CO2 é levado para um reator microestruturado, onde reage com hidrogênio sustentável produzido por eletrolisador, transformando-se em metano e água.
Pirólise: Metano é enviado para um reator com estanho líquido, onde ocorre uma reação de pirólise que divide as moléculas de metano, criando hidrogênio e carbono sólido em pó.
Separação: Hidrogênio é devolvido para o processo, enquanto o carbono sólido é retirado mecanicamente. Ajustes nos parâmetros permitem a produção de diferentes tipos de carbono.

Apesar de parecer complexo, todo o experimento acontece em uma usina com o tamanho de um contêiner, capaz de transformar dois quilos de CO2 do ar ambiente em 0,5 quilo de carbono sólido durante um dia.

“Conhecemos bem os módulos individuais”, diz o coordenador de projeto do NECOC, Dr. Benjamin Dietrich (TVT). “No entanto, eles nunca foram realizados juntos em uma instalação integrada até agora. Esta é a primeira vez no mundo. Se esse carbono permanecer permanentemente ligado [sem retornar para a atmosfera], teremos combinado com sucesso a emissão negativa com um componente do suprimento de recursos pós-fósseis como parte de uma futura estratégia de gerenciamento de carbono. Isso representa uma dupla contribuição para um futuro sustentável”, complementa.

O projeto de pesquisa possui duração prevista de três anos e é financiado pelo Ministério Federal de Assuntos Econômicos e Energia (BMWi), que disponibilizou 1,5 milhão de euros para a iniciativa.

O próximo passo, segundo as empresas idealizadoras, é aprimorar a tecnologia para tornar o processo mais eficiente em termos de energia, melhorando a recuperação do calor gerado durante a produção do carbono. Para isso, eles estão estudando a possibilidade de integrar o armazenamento de calor de alta temperatura e o aquecimento solar direto.

Comprovada a eficácia, as instalações serão deslocadas para o campus do KIT, para testar efetividade à operação a longo prazo.

x
Gostou deste conteúdo? Cadastre-se para receber gratuitamente nossos boletins: