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Qual o impacto da crise no segmento de prédios corporativos?

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

As expectativas anteriores à pandemia eram positivas para esse mercado, que vinha com baixos estoques e preços de locação em elevação, em São Paulo. Agora, está congelado

19/08/2020 | 15:45 - A 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que vícios estruturais de construção abrangem a cobertura securitária do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), mesmo após a quitação do financiamento. Segundo o acordão, o seguro deve cobrir o sinistro concomitante à vigência do contrato, ainda que o problema na construção somente apareça mais tarde, o chamado vício oculto.

Entre os segmentos imobiliários mais atingidos pelo encolhimento da economia nesta pandemia se destaca o de empreendimentos corporativos/comerciais. O engenheiro e professor doutor Cláudio Tavares Alencar, do Núcleo de Real Estate (NRE) da Escola Politécnica da USP, em entrevista ao podcast do Portal AECweb, lembra que esse é o segmento do mercado que guarda maior relação com o desempenho macroeconômico.

Em novembro do ano passado, análise do Comitê de Mercado do NRE, identificava que o baixo estoque e a expectativa de crescimento da economia em 2020 e 2021 pressionavam para cima os preços de locação. “Mas, o panorama mudou radicalmente a partir do segundo trimestre deste ano”, diz. Houve uma freada no crescimento dos preços dos aluguéis, negociação de contratos, descontos e devolução de áreas, porém, não significativas. Há indicativos de que no início de 2021, locadores e locatários deverão rever os descontos concedidos.

“Especialistas estimam queda de 5 a 6% do PIB e isso, é claro, terá impacto na ocupação desses prédios”, avalia Alencar, apontando entre os motivos, que o tamanho de algumas empresas diminuiu em função do home office. Inclusive, deverá vigorar um modelo híbrido de trabalho, depois que a crise sanitária der sinais de arrefecimento. Ele prevê que a partir do início do próximo ano, é provável que o segmento inicie a retomada. “É como se esse mercado tivesse congelado por um ano”, comenta.

Os fundos imobiliários que investem em empreendimentos corporativos/comerciais já foram afetados. A renda gerada pela locação desses imóveis foi acomodada pelas negociações contratuais. Alencar explica que os fundos voltaram a usar a prerrogativa prevista pela legislação de distribuição aos investidores de 95% dos rendimentos, em até seis meses. Anteriormente à crise, era usual que o fizessem mensalmente.

O movimento da XP Inc. de migrar sua sede para o interior de São Paulo é entendido pelo professor como pontual, não devendo se converter em tendência entre as empresas. “Ao contrário, pois historicamente se verifica que as aglomerações urbanas tendem a promover ganhos de eficiência, produtividade, inovação”, destaca. Por outro lado, ele confirma que haverá redução da densidade de funcionários/metro quadrado nos escritórios. “Hoje, de acordo com o pessoal de facilities, a taxa está em torno de um funcionário a cada 7 m². No pós-pandemia, fala-se em um para 16 m²”, diz, contando que o NRE, nas certificações que faz de empreendimentos, tem constatado esse espaçamento maior.

Legado da crise, os edifícios corporativos deverão incorporar cada vez mais tecnologia em seus sistemas, como ar condicionado e elevadores. “O que já vem ocorrendo em alguns casos”, comenta. Por fim, conta que os novos projetos não foram suspensos ou adiados, mas são desenvolvidos sem pressa – reflexo negativo da crise econômica por demanda nesse tipo de espaço.

Leia também: Como reduzir custos na gestão de facilities

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