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Projetos e mercado de arquitetura vão mudar depois da pandemia

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Presidente da AsBEA-SP, Henrique Mélega Re, entende que a quarentena alterou hábitos e a relação das pessoas com o morar, o que vai refletir nos projetos futuros. Entenda

22/05/2020 | 09:53 - O arquiteto Henrique Mélega Re, presidente da AsBEA-SP – associação que reúne escritórios de arquitetura e urbanismo, além de empresas fornecedoras de produtos e serviços – acredita que, no futuro, os projetos de arquitetura e os novos empreendimentos vão incorporar várias lições impostas pela quarentena. Em entrevista ao Podcast do portal AECweb, ele abordou o que está por vir.

A relação das pessoas com a casa e o morar mudou. “As pessoas perceberam, logo nas primeiras semanas, que a casa não estava preparada para receber esse novo volume de atividades”, diz, referindo-se ao home office e às aulas dos filhos que passaram a ser online. Mélega Re não tem dúvida de que muitas das mudanças vieram para ficar, especialmente o trabalho remoto que, dependendo do sucesso e do setor profissional, será uma prática alternativa, mesmo que para parte dos funcionários de empresas.

Entre as consequências no mercado imobiliário está a ampliação dos coworkings. “Muitas empresas de projeto e outras de médio e pequeno porte já estão pensando nessa opção ou até mesmo em se unirem e compartilharem espaços”, comenta. O arquiteto acredita que pode haver redução de novos lançamentos de prédios comerciais, o que identifica como ciclos de mudança de mercado, como já ocorreu com os flats no passado.

“Os empreendimentos de uso misto devem se fortalecer, enquanto os estúdios devem ser repensados, afinal, quem mora em 25 m² não tem espaço para viver e trabalhar”, destaca. A cultura que vai se criando com a pandemia de cuidados com a higiene poderá trazer aos apartamentos uma área de transição entre os espaços público – ou, semipúblico como o hall de elevadores – para o interior. Nessa área, ficarão os calçados, evitando levar para dentro qualquer resíduo.

Para ele, a crise sanitária escancarou a necessidade de releitura no urbanismo, mas são decisões que dependem do poder público. É o caso de ajustes em planos diretores municipais e da exigência, que se tornou gritante, de habitações qualificadas em substituição aos milhões de precárias em todo o país. “Espero que essa realidade não saia do radar, depois de passada a pandemia”, afirma.

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