Projetos e licitações de obras públicas ressurgem na quarentena

Paralisado durante a recessão e retomado há pouco mais de um ano, o setor parou imediatamente com a crise pandêmica. Agora, estão de volta, os editais de licitação de obras municipais e estaduais

03/06/2020 | 12:32 - No escritório de arquitetura Taddei e Associados, 70% dos projetos estão voltados para obras públicas, nos três níveis de governo. Porém, ao longo de dois anos – entre abril de 2014 e dezembro de 2016 – a recessão aprofundou perdas na economia e os grandes projetos foram paralisados ou tiveram seus prazos de execução ampliados. É o que relembra o arquiteto Pedro Taddei, em entrevista ao Podcast do Portal AECweb, acrescentando que a reativação do setor, ainda tímida, data de cerca de um ano. “Com a pandemia, a paralisação foi abrupta”, diz.

Já na quarentena, novas frentes de obras não foram abertas, porém, aquelas de manutenção e conservação urbana foram retomadas nos municípios. “No setor privado, elas foram mantidas em ritmo menor e, agora, aumentadas”, comenta. A novidade é que o planejamento de novas obras e, portanto, de projetos em maturação há alguns anos, avançaram. “Observamos que começam a surgir novas licitações, o que mostra que nosso setor deverá retomar”, relata. São obras de infraestrutura e de edificações, como de reformulação, ampliação e acessibilidade de municípios e estados. No setor privado, o arquiteto desenvolve projetos para clubes sociais, entre outros. “Esses locais estão fechados, mas as obras não”, comenta.

Os contratos de projetos com os clientes não sofreram alterações com a crise da Covid-19 e as reuniões presenciais foram substituídas pelas feitas on-line. Com o setor público, a prática já acontecia para discussão de projetos e, agora, foi intensificada. “Se não houver um recrudescimento da pandemia, é bem provável que até o final do ano tenhamos retomado as atividades com certa normalidade”, prevê Taddei.

O arquiteto acredita que o Pró Brasil, plano de investimentos em obras de infraestrutura, em estudo pelo governo federal, vai se viabilizar. Estima, no entanto, que a recuperação total da economia do país exigirá enorme esforço. “O plano será de geração de empregos e reativação da construção civil”, afirma.