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Podcast com Milene Scala: visão multidisciplinar e a boa arquitetura

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

A arquiteta, titular do escritório Vivá, fala sobre a importância da multidisciplinaridade no exercício da profissão e diz que há um longo caminho a percorrer para o ideal da industrialização, ainda incipiente na construção brasileira

01/04/2021 | 16:22 – Do projeto ao canteiro, passando pelo desenvolvimento e coordenação de projetos, a arquiteta Milene Abla Scala, titular do escritório Vivá Arquitetura, é considerada por seus pares e pelo mercado uma profissional completa. A sustentabilidade também está impressa em seu trabalho e na atuação em entidades de classe, como a AsBEA. Em entrevista ao podcast do Portal AECweb, ela defende que a boa arquitetura, muito além do projeto arquitetônico, se faz a partir de uma visão completa e multidisciplinar.

Esse entendimento sistêmico do projeto, que exige conhecimento técnico do profissional, está fundamentado na sua formação ao longo de 14 anos no escritório Aflalo/Gasperini. “Na Vivá, trazemos esse know-how para os projetos autorais ou de terceiros, quando fazemos a compatibilização e coordenação. A multidisciplinaridade não deixa de ser a visão da sustentabilidade, que é o desempenho, o conforto, o consumo, o ciclo de vida. Olhar o edifício além do projeto e da construção, mas também na sua operação”, destaca.

Ela ressalta que, mais importante do que a adoção de uma ou outra tecnologia construtiva, é preciso avançar na industrialização e sistematização da construção. No Brasil, por questões econômicas e sociais, predomina a execução da obra no canteiro, apesar de alguma evolução de alguns elementos ocorrida nos últimos 20 anos.

“Temos muito a caminhar para enxergar a obra como um processo de montagem de componentes industrializados. Essa é uma tendência que vai sendo assimilada aos poucos, até porque se trata de equação complexa que envolve aspectos como a tributação de sistemas industrializados, custos e a mão de obra ainda disponível. Entre os sistemas industrializados, ela lembra que a madeira engenheirada traz muitas possiblidades para a arquitetura, mas ainda não foi absorvida no país.

Com o desembarque no Brasil das certificações de impacto ambiental, há cerca de 15 anos, os edifícios corporativos de alto padrão foram os primeiros a aderir. “E se tornou um pré-requisito do usuário final”, comenta. No residencial, essa demanda pelos compradores demorou, mas finalmente veio através da procura por imóveis que incorporam práticas sustentáveis, muitas vezes por força de lei, como o reuso de água e aquecimento solar. Aliada importante é a norma de desempenho com seus parâmetros mais restritivos.

A arquiteta comenta que a qualificação dos ambientes de moradia e trabalho aflorou durante a pandemia. “Essa percepção passou a fazer parte do cotidiano das pessoas, com o uso das residências também para o home office”, observa, lembrando que por mais que o arquiteto proponha, é fundamental que o comprador e o usuário do imóvel passem a exigir determinados atributos dos ambientes onde vive.

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