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Podcast Brasil Arquitetura: projetos públicos transformam realidades

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Marcelo Ferraz relembra a criação do escritório e a militância política na universidade que, na prática dos projetos ao longo de quatro décadas, tornou concreto o sonho de intervenção, melhorando a vida de comunidades de todo porte

29/04/2021 | 12:13 - Com 42 anos de atuação, o escritório Brasil Arquitetura comemora o lançamento do livro que registra seus projetos no período de 2005 a 2020. A publicação apresenta a trajetória dos sócios, os arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, marcada pelo respeito à cultura de cada região do país onde são construídos seus projetos, inclusive das obras realizadas na Alemanha e Finlândia.

Em entrevista ao podcast do Portal AECweb, Ferraz fala da sua atuação estudantil de resistência política à ditadura militar, na década de 1970, que foi determinante para o forte vínculo com projetos públicos e seu viés social. “Nossa formação foi muito politizada, tanto para combater a ditadura quanto para melhorar o país”, conta. Os jovens sócios cimentaram o futuro inspirados em grandes pensadores, como Darcy Ribeiro e Gilberto Freyre, e também o trabalho ao lado de Lina Bo Bardi.

No começo, como em qualquer escritório de recém-formados, eles projetavam de tudo, até reforma de guarita. “Mas fomos nos voltando para coisas públicas, que tivessem uma penetração maior e mudassem a vida de pequenas comunidades”, diz. O resultado foi a diversidade de programas e dimensões dos projetos realizados nessas quatro décadas, que vão da capela rural de 5 m² até a Praça das Artes com 30 mil m², no centro da capital paulista. “Não importava a escala”, confirma.

Em determinado momento, o nome escolhido por eles para o escritório, se concretizou nos projetos de todas as partes do país. “Fizemos projeto com os índios no Alto Rio Negro, e outro na divisa com o Uruguai. Agora mesmo estou envolvido com um trabalho bem pequeno, mínimo, no sertão de Pernambuco. Continuamos a fazer coisas de escalas variadas e prazerosas”, comenta.

Ferraz explana sobre os desafios de projetar algo novo, quando as restrições acabam por direcionar o projeto, enquanto a intervenção em edificação de patrimônio histórico remete ao valor daquele bem, que pode ser nacional ou da humanidade. “Nós tratamos do patrimônio do ponto de vista da contemporaneidade”, diz, acrescentando que há muito por ser feito com essas edificações no país.

Trafegando por projetos públicos e privados, Ferraz atesta que, hoje, continua optando pelos públicos, apesar de todas as dificuldades burocráticas, financeiras e de adiamento de execução. “Quando ele é realizado, transforma a realidade do local, seja de uma pequena ou grande comunidade”, destaca.

Para os sócios, o livro que registra o trabalho dos últimos 15 anos do escritório espelha muito além dos projetos. “Os ensaios críticos de Marta Bogéa, Abilio Guerra e Guilherme Wisnik revelaram aspectos sobre nós, que nem imaginávamos quanto ao modo de trabalhar, de abordar e o diálogo com as comunidades muito presentes em vários projetos”, diz, deixando um conselho para os jovens arquitetos: “É preciso ter que inventar seu próprio trabalho”.

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