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Pandemia derruba indicadores de confiança da construção civil

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Coordenadora da FGV/IBRE analisa a queda dos indicadores e considera improvável que a reabertura dos estandes de vendas de imóveis possa alavancar o setor

02/06/2020 | 11:58 - Depois de anos de retração, a partir de 2018 a construção civil brasileira vinha num movimento de lenta recuperação, atingindo seu melhor momento em janeiro último, quando atingiu o patamar de neutralidade de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas. O Índice de Confiança da Construção atingiu 94.2 pontos – maior valor desde março de 2014. A chegada do novo Coronavírus ao Brasil derrubou o índice lentamente até que, em abril, de uma só vez, atingiu o fundo do poço com queda de 26,2 pontos. Convidada do podcast do Portal AECweb, Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV/IBRE, explica o cenário.

“A queda em abril refletiu os resultados dos dois componentes do Índice de Confiança, que é o indicador de situação atual e de expectativas do empresariado”, diz. Portanto, tanto os negócios tinham sido atingidos pela crise como a expectativa em relação à sua recuperação. A percepção se explica pelas consequências da crise sem similar e de âmbito mundial que se instalou. Basicamente, atingiu a oferta de imóveis, já que as empresas foram obrigadas a paralisar suas vendas presenciais. Somou-se a redução do ritmo das obras, mesmo com os canteiros ativos em boa parte do país, e o adiamento de lançamento pelas construtoras.

Em maio último, houve uma pequena melhora no indicador de expectativa dos empresários do setor, porém o que mede o momento corrente permaneceu em queda. “No contexto que levou a essa queda, que é a própria doença e os seus reflexos na economia com a redução da renda da população e aumento do desemprego, é pouco provável que esse indicador venha a ter melhora em junho”, diz. É, inclusive, pouco provável que a reabertura dos estandes de vendas, que deve ocorrer em São Paulo e em outros estados, garanta o crescimento das vendas de imóveis, devido à insegurança dos compradores.

Para Ana Castelo, ainda não existe sinalização do governo para socorrer o setor na pós-pandemia, e sugere a elevação do patamar de subsídio para programas como o Minha Casa, Minha Vida. Em outro segmento, a agenda de obras de infraestrutura poderia ser um caminho de ação anticíclica.

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