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Materiais autolimpantes serão prioritários”, diz Vanderley John

Texto: Hosana Pedroso

Entre eles, estão as tecnologias que incorporam dióxido de tungstênio e cobre, com elevada capacidade de desinfecção de superfícies

29/06/2020 | 15:30 - Os debates acadêmicos sobre materiais empregados pela construção civil, antes centrados nas dimensões ambiental e de produtividade, agora com a pandemia passam a considerar também o desenvolvimento daqueles que possam colaborar com a assepsia. Mais além, a Covid-19 fortalece o conceito de construção sustentável. Especialista nos temas, o professor Vanderley John, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), que é também coordenador do CICS USP – laboratório vivo, em desenvolvimento – e da Embrapi construção civil – empresa de pesquisa e inovação, falou ao podcast do Portal AECweb.

“A construção civil tem a tendência de incorporar novas funções a materiais e componentes tradicionais. Isso vai da geotermia, como fizemos no CICS, até células fotovoltaicas aplicadas nas fachadas ou em telhas, que já estão disponíveis no mercado brasileiro”, diz. Com a pandemia, ganham destaque os materiais autolimpantes que deverão afetar a construção do edifício.

Pesquisas científicas têm revelado a sobrevida do vírus em superfícies secas, não absorventes metálicas ou plásticas. Há, portanto, grande interesse em materiais com capacidade de desinfecção. Um desses elementos é o dióxido de tungstênio, que ativado pela radiação UV, passa a oxidar matéria orgânica. “Está presente em vidros autolimpantes, esterilização de água e de superfície. Outro com tendência de amplo emprego é o cobre, que começa a ser apreciado por sua capacidade de decompor e matar micro-organismos mais rapidamente do que outros metais”, destaca, lembrando que seu uso é recorrente em sistemas da construção, como telhados, mas poderá ser aplicado em maçanetas, metais sanitários e guichê de órgão público, entre outros.

“As pessoas começam a perceber a importância de se ter um edifício que cuida da sua saúde, mais do que da chuva ou do assaltante. Essa é uma ideia bastante poderosa. No caso de um shopping center, saber que o ar está sendo filtrado e esterilizado; o piso esterilizado pela radiação que vêm das lâmpadas; que os metais, bancadas e maçanetas dos banheiros são permanentemente auto-higienizados. O apelo desses tipos de tecnologia cresce e, na área hospitalar, a preocupação é baixar custos e aumentar a segurança”, relata.

O novo ingrediente da construção sustentável, superando referências como a economia de água e energia, passa a ser as trocas de ar nos ambientes para reduzir os riscos de contaminação. Haverá reforço de questões vinculadas ao conforto, bem-estar e saúde dos usuários dos edifícios.

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