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Diébédo Francis Kéré é o vencedor do Pritzker 2022 de arquitetura

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

O arquiteto é o primeiro profissional negro a ganhar o prêmio mais importante da arquitetura mundial

foto do vencedor do premio pritzker 2022, o arquiteto diebedo francis kere
O vencedor é conhecido mundialmente pelos projetos marcados por ampla conscientização social e ambiental (Foto: Lars Borges/Reprodução)

16/03/2022 | 13:23 – O Prêmio Pritzker de 2022, a premiação mais importante para a arquitetura mundial, já tem um vencedor: o arquiteto Diébédo Francis Kéré. Natural de Burkina Faso, no oeste da África, Kéré é o primeiro profissional negro a ganhar o prêmio.

O anúncio aconteceu na última terça-feira (15). O vencedor é conhecido mundialmente pelos projetos marcados por ampla conscientização social e ambiental, além de princípios como a valorização da comunidade, da mão de obra e de materiais próprios dos locais onde constrói.

"Minha experiência de crescer em uma aldeia remota do deserto incutiu uma forte consciência das implicações sociais, sustentáveis e culturais do design. Acredito que a arquitetura tem o poder de surpreender, unir e inspirar, ao mesmo tempo que intermedeia aspectos importantes como a comunidade, a ecologia e a economia", descreveu o profissional.

Ele ficou conhecido por obras como o Pavilhão Serpentine, em Londres, na Inglaterra; o Parlamento de Benim, na República Popular do Benin, e a Escola Primária, em Gando.

Francis também já ganhou outros prêmios, que incluem o Prêmio Aga Khan para Arquitetura em 2004; o Prêmio Global de Arquitetura Sustentável da Cité de l'Architecture et du Patrimoine (2009); o Global Holcim Awards Gold (2012, Zurique, Suíça); o Schelling Architecture Award (2014); o Prêmio Memorial Arnold W Brunner em Arquitetura da Academia Americana de Artes e Letras (2017); e a Medalha da Fundação Thomas Jefferson em Arquitetura (2021).

Ele conta que sua cidade natal é uma das nações menos educadas e mais pobres do mundo. O local é marcado pela escassez de água potável, eletricidade, infraestrutura e arquitetura.

“Eu cresci em uma comunidade onde não havia jardim de infância, mas onde a comunidade era sua família. Lembro-me da sala onde minha avó se sentava e contava histórias com um pouco de luz, enquanto nos aconchegávamos e sua voz dentro da sala nos envolvia, convocando-nos a chegar mais perto e formar um lugar seguro. Este foi o meu primeiro sentido de arquitetura”, conta o arquiteto.

Francis era o filho mais velho do chefe da aldeia, e o primeiro da sua comunidade a frequentar a escola. Como a cidade não possuía infraestrutura para um colégio na época, Kéré deixou a família aos sete anos para estudar em Tenkodogo — em uma escola construída por blocos de cimento, sem ventilação e sem luz. Forçado a enfrentar a rotina exaustiva diariamente, ele prometeu, na época, que tornaria as escolas melhores um dia.

Depois, Francis passou a estudar arquitetura na Europa — quando decidiu que o momento de reinvestir o seu conhecimento em uma nova escola, na sua cidade natal, havia chegado. Com a construção da Escola Primária Gando — que contou com a colaboração dos moradores, que ofereceram trabalho e recursos desde a concepção até a conclusão, criando quase todas as partes da escola à mão e guiados pelas formas inventivas de materiais indígenas e engenharia moderna do arquiteto —, o arquiteto conquistou o Prêmio Aga Khan para Arquitetura em 2004.

O prêmio foi o viabilizador do estúdio Kéré Architecture, em Berlim, na Alemanha. A partir de então, o profissional passou a expandir seu trabalho para países como Dinamarca, Alemanha, Itália, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos — sem deixar de visitar sua cidade natal.

Assim, a cada viagem de volta a Gando, Francis colocava em prática ideias e conceitos adquiridos pelo mundo, utilizando de conhecimento técnico, compreensão ambiental, sensibilidade cultural, processo de engajamento e soluções estéticas.

“Considerava meu trabalho uma tarefa privada, um dever para com esta comunidade. Temos que lutar para criar a qualidade que precisamos para melhorar a vida das pessoas”, explica Francis.

E foi desta forma que as obras do arquiteto na África alcançaram resultados inimagináveis. Ele proporcionou, além de educação acadêmica para as crianças, um tratamento médico notório para os doentes, oportunidades profissionais à população e habilidades vocacionais permanentes para adultos, consolidando o futuro de comunidades inteiras.

Kéré tem dupla cidadania de Burkina Faso e Alemanha e passa seu tempo igualmente em ambos os países.

Para conferir as obras do vencedor do Prêmio Pritzker 2022, clique aqui.

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