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Arquitetos se reinventam diante da crise pandêmica

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Presidente do IAB Nacional destaca que profissionais do serviço público estão expostos ao vírus e aqueles que lecionam em universidades enfrentam o desafio tecnológico e de método das aulas online

26/10/2020 | 11:31 - A pandemia atingiu arquitetos e urbanistas de maneira contundente. Se no início, todos imaginavam que seria algo rápido, seis meses depois os profissionais tiveram que se adaptar ao isolamento, quando possível, e se reinventar. Em entrevista ao podcast do Portal AECweb, o arquiteto e doutor Nivaldo Andrade, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-Nacional), relata que passado o susto inicial, os escritórios voltaram a atender os clientes, remotamente.

“Entendemos, a certa altura, que a situação era duradoura e se fazia necessário encontrar outras formas de trabalhar e movimentar a arquitetura e, também, a economia”, diz. O mercado de trabalho dos arquitetos já havia sofrido forte retração em decorrência da crise econômica do país nos últimos anos, o que se aprofundou com a pandemia. Grandes escritórios reduziram suas equipes ou a carga horária e, consequentemente, os salários de seus colaboradores. “Arquitetos de serviços públicos, que fazem vistorias ou têm que frequentar as repartições, estão sendo expostos ao vírus”, conta.

Arquitetos professores de universidades, principalmente privadas, foram obrigados a lecionar remotamente, sem qualquer preparo tanto em relação ao domínio tecnológico das ferramentas como metodológico. “Aulas e reuniões online são muito mais cansativas do que as presenciais”, diz, lembrando que a realização remota da atividade de projeto é conhecida do meio, portanto, mais bem absorvida do que as aulas online. Além disso, nas disciplinas vinculadas ao projeto, é fundamental o contato pessoal do professor com o aluno e o objeto desenvolvido.

Andrade elenca uma série de questões para as quais a pandemia alerta e que vai exigir a reflexão de arquitetos e urbanistas. Entre elas, está o conceito de adensamento urbano, defendido como forma de redução do tempo de deslocamento entre casa e trabalho. “No entanto, o adensamento se torna nocivo em meio à pandemia”, observa. Espaços de ensino e da habitação também devem ser repensados, de maneira que uma família que trabalha e estuda em casa, possa fazê-lo com maior conforto acústico, além da segurança de sua rede de internet.

“Porém, sabemos que a maioria da população não tem esse tipo de acesso”, frisa, acrescentando que na pandemia essas foram as pessoas mais atingidas, inclusive com maior número de óbitos. O que remete diretamente para as políticas públicas voltadas para a habitação social que, muito além de programas de construção de casas como o Minha Casa, Minha Vida, será preciso investir na qualificação de favelas. Ele chama a atenção para a lei federal de assistência técnica às habitações de interesse social, em vigor há cerca de dez anos e pouco praticada.

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