menu-iconPortal AECweb

Vidros insulados atendem às necessidades de diversos projetos

Com alto desempenho no controle termoacústico, solução – ainda pouco empregada no Brasil – pode ser produzida a partir da combinação de vidros de propriedades diferentes. Saiba mais

Publicado em: 06/12/2017Atualizado em: 20/04/2020

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket


Vidros insulados possibilitam a junção das características de diversos tipos de vidros (crédito: shutterstock.com / Vladimir Nenezic)

Ainda pouco difundido no Brasil, o vidro insulado é extremamente versátil. Composto por duas ou mais lâminas de vidro unidas, forma uma câmara de ar hermeticamente selada que auxilia na redução da troca de gases. Consegue, ainda, unir as características de dois ou mais tipos de vidros através de seu método construtivo.

É possível combinar vidros de propriedades diferentes, destacando as qualidades de cada um, como a resistência (externa) dos temperados com a proteção térmica (interna) dos laminados
Clélia Bassetto

“É possível combinar vidros de propriedades diferentes, destacando as qualidades de cada um, como a resistência (externa) dos temperados com a proteção térmica (interna) dos laminados”, destaca Clélia Bassetto, analista de Normalização da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos (Abravidro).

COMO FUNCIONA?

Com excelente desempenho para controle térmico e de ruídos, a solução tem como principal diferencial a câmara de ar obtida através da inserção de duas ou mais lâminas de vidro. É ela que garante o isolamento termoacústico do sistema. “Essa câmara de ar entre vidros – mesma tecnologia utilizada em refrigeradores com portas de vidro nos supermercados – atua como isolante térmico para aplicações em locais com variações de temperatura e também garante menor reverberação do som”, afirma Rebeca Andrade, especialista na área de Especificação Técnica PKO do Brasil. Caso o projeto exija maior proteção termoacústica, recomenda-se a aplicação de gás argônio na câmara de ar, potencializando ainda mais seu desempenho.

Essa câmara de ar entre vidros atua como isolante térmico para aplicações em locais com variações de temperatura e também garante menor reverberação do som
Rebeca Andrade

As lâminas são conectadas através de perfis, que podem ser de alumínio, madeira, entre outros materiais. O conjunto recebe selagem dupla, tornando-se hermeticamente vedado, o que garante a estabilidade do sistema e maior conforto térmico. “A primeira selagem evita a troca gasosa, enquanto a segunda garante a estabilidade do conjunto”, explica Basseto.

LOCAIS DE APLICAÇÃO

Seu uso é amplamente difundido na Europa, sendo até obrigatório em determinadas aplicações. É recomendado para uso em hospitais, restaurantes, bares, hotéis, entre outros. No entanto, no Brasil, a solução é pouco utilizada, sendo que a maior parte é para o segmento de refrigeração industrial. “É bastante procurado para portas de freezers, refrigeradores e fornos, por exemplo. A câmara com gás minimiza a tendência à condensação, possibilitando a melhor visualização pelo visor e evitando que as superfícies fiquem excessivamente frias ou quentes”, reforça Camila Batista, consultora técnica da Cebrace.

Possíveis aplicações

• Fechamento de vãos fixos, portas, coberturas, janelas

• Ambientes que exijam isolamento acústico, como hospitais, restaurantes, bares, hotéis

• Visores e/ou fechamentos das portas de saunas e em ambientes climatizados, onde é muito comum embaçamento

• Equipamentos de refrigeração


COMBINAÇÕES

O vidro insulado possibilita a combinação de lâminas de vidro temperado, laminado, de proteção solar, baixo emissivo, entre outros, podendo variar de acordo com o objetivo da composição
Camila Batista

Qualquer tipo de vidro pode ser utilizado na fabricação dos vidros insulados; a escolha dependerá da necessidade do projeto. “O vidro insulado possibilita a combinação de lâminas de vidro temperado, laminado, de proteção solar, baixo emissivo, entre outros, podendo variar de acordo com o objetivo da composição”, destaca Batista.

São inúmeras as possibilidades, mas é necessário atentar-se também às espessuras. Cada vidro deve ter no mínimo 3 mm de espessura e a câmara, 6 mm. Isso quer dizer que a menor espessura possível para um vidro insulado é de 12 mm.

Principais vidros e suas características

Float

É o vidro comum. Composto por sílica (areia), potássio, alumina, sódio (barrilha), magnésio e cálcio, tem como principais características a boa resistência química, o fácil manuseio, a transparência e o custo acessível.

Laminado

Também conhecido como vidro de segurança, é composto por duas ou mais camadas de vidro simples unidas por PVB (polivinil butiral), impedindo que o vidro estilhace.

Temperado

Tratado termicamente, também é considerado um vidro de segurança, pois é cerca de quatro vezes mais forte que os vidros comuns e, em caso de quebra, forma pequenos pedaços, diminuindo a chance de acidentes.

Refletivo

Vidros de proteção solar que possibilitam maior bloqueio do calor e da luz solar. Também chamados de espelhados, auxiliam na economia de energia, reduzindo o consumo com climatizadores.

NORMAS TÉCNICAS

A NBR 16.015, publicada em 2012, aborda as características, exigências e metodologia de ensaios para os vidros insulados planos utilizados na construção civil e unidades de condicionamento térmico e/ou acústico. Também é importante citar a NBR 7.199, atualizada em 2016, que regulamenta o setor vidreiro utilizado na construção civil, devendo ser utilizada por todos os profissionais. “Ela deve ser observada e atendida para todas as instalações em edifícios”, reforça Bassetto.

Leia também:Vidros antibacterianos são ideais para hospitais e restaurantes

Colaboração técnica

Camila da Rocha Batista – consultora técnica da Cebrace. Colaborou com a elaboração da NBR7199 - Vidros na construção civil: projeto, execução e aplicações. Faz parte da comissão de estudo responsável pela revisão da NBR14697 – Vidro laminado e, também está ajudando na elaboração de uma nova norma de segurança para vidros termo-endurecidos.
Rebeca Andrade – arquiteta e especialista na área de Especificação Técnica PKO do Brasil
Clélia Bassetto – analista de Normalização da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos (Abravidro).