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Vidros impressos conferem privacidade e estética

Através do vidro impresso o que se vê são sombras, silhuetas. Translúcido, é utilizado em ambientes que exigem privacidade e, ao mesmo tempo, boa luminosidade

Publicado em: 17/03/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Vidro impresso
Esse tipo de vidro recebe a impressão feita por rolos dos mais variados desenhos em relevo ou por meio do jateamento de pequenas partículas (Foto: Den Tramper/Shutterstock)

Na década de 1980, padrões como o canelado e o floral foram tendência na construção civil, especialmente como barreira visual entre a cozinha e a área de serviços. Hoje, a arquitetura se beneficia dos desenhos mais suaves e belos resultados estéticos. As diferenças entre o impresso – também conhecido como vidro fantasia ou texturizado – e o vidro simples, ou float, começam nos seus respectivos processos produtivos.

“O vidro simples é fabricado pela mistura de sílica (areia) e diversos minerais, como o sódio, cálcio e magnésio. Essa massa é fundida em forno com temperatura acima de 1600ºC e depositada, de maneira contínua, em tanque com estanho, material mais denso que o vidro, para que flutue (float) e fique completamente plano. Roletes no interior desses tanques determinam a espessura da placa – quanto mais alta for a rotação, mais fina será a espessura do vidro. O processo é finalizado com o resfriamento mecânico em câmara fria e, depois, manual, em esteiras ao ar livre”, explica a especialista Tatiana Domingues, sócia-diretora do escritório Paulo Duarte Consultoria.

O impresso nasce quando a placa de vidro ainda se solidificou, momento em que recebe a impressão feita por rolos dos mais variados desenhos em relevo. Outro processo é através do jateamento de pequenas partículas, como a areia, ou de ácido (jateamento químico) que imprime as imagens, contrapondo o fosco ao transparente. Nos dois casos, o impresso estará pronto após o resfriamento lento das placas.

Vidro aramado, impresso de segurança

É importante frisar que o aramado é um vidro classificado como de segurança pela ABNT NBR 7199/2018. Inclusive, autorizado pelo Corpo de Bombeiros para os guarda-corpos de escadas
Tatiana Domingues

Já o aramado, também um vidro impresso, resulta da inserção de uma malha de aço finíssima, que vai sendo incorporada à placa no processo de secagem. “É importante frisar que o aramado é um vidro classificado como de segurança pela ABNT NBR 7199/2018. Inclusive, autorizado pelo Corpo de Bombeiros para os guarda-corpos de escadas”, acrescenta.

De acordo com a norma, apenas vidros de segurança – aramado, laminado e insulado – podem ser instalados entre o piso até uma altura de 1,10 m. O objetivo é que o vidro segure um corpo projetado, evitando sua queda. No caso do aramado, a tela de aço cumprirá essa função. No entanto, por questões estéticas, é pouco comum o uso desse vidro em esquadrias piso teto, já que a malha de aço é perceptível. “Além disso, a escolha vai depender do tamanho do envidraçamento e das cargas uniformemente distribuídas pela ação do vento, fatores que determinam a espessura do vidro. É possível que a espessura tenha que ser de, no mínimo, 8 mm. Nesse caso, o aramado não poderá ser empregado, pois sua espessura nominal é de 7 mm. Ou seja, ele tem limitações de uso em decorrência de sua espessura de fabricação”, comenta Domingues.

Onde usar o impresso

Vidros impressos são mais utilizados em áreas internas, sempre encaixilhados. É o caso de portas em salões de festas, divisórias de ambientes que pedem privacidade e área de serviço. “Os desenhos evoluíram e estão, agora, mais uniformes, padronizados e geométricos”, comenta a consultora. Suas limitações de espessura, no entanto, acabam direcionando o produto apenas para janelas do tipo maxim-ar e basculantes, que têm normalmente menor pano de vidro. “Nessas tipologias, posso usar um vidro a partir de 4 mm”, ensina.

Se é preciso agregar um vidro que promova privacidade, o impresso cumpre o papel sem encarecer o produto
Tatiana Domingues

Essas soluções são comuns em esquadrias de banheiros de apartamentos, por exemplo. “Se é preciso agregar um vidro que promova privacidade, o impresso cumpre o papel sem encarecer o produto”, ressalta Domingues. As opções seriam o vidro laminado com PVB interno leitoso, que tem custo mais alto, ou a aplicação de película externa (conhecida por insulfilm, que é marca), que tem vida útil limitada.

“Se a caixilharia permite, por questão dimensional, usar vidro de 4 ou 6 mm, o impresso é o de melhor relação custo-benefício”, afirma, indicando que é possível seu uso também em esquadrias externas, desde que as janelas maxim-ar com vidro impresso não se projetem mais do que 0,20 m para fora da fachada. Seu custo chega a ser três vezes menor do que o do laminado com PVB fosco ou imitando o jateamento. “Consigo o mesmo efeito, atendo os parâmetros de norma técnica e, esteticamente, é quase impossível identificar se é vidro impresso jateado ou laminado opaco”, diz.

Vantagem adicional do impresso é a facilidade de corte com equipamentos manuais, principalmente por serralherias de menor porte. Tatiana Domingues conta que, em 20 anos no setor, nunca foi chamada para fazer laudo de patologia em vidro impresso. Já o laminado é suscetível a trincas e delaminação originadas de rebarbas no corte. Por isso, exige corte limpo, feito com equipamentos industriais e, também, tratamento especial de bordas.

As linhas de esquadrias de alumínio disponíveis no mercado aceitam perfeitamente bem os vidros impressos. “Elas comportam vidros desde 4 mm até 8 mm, apenas trocando as gaxetas – borrachas que ficam entre os perfis. O que inclui os impressos que começam com 4 mm”, expõe.

Colaboração técnica

Tatiana Domingues
Tatiana Domingues – É Técnica em Edificações, com licenciatura em Matemática e pós-graduação em Consultoria Diagnóstica. Iniciou suas atividades como Consultor/Colaborador 2005, como assistente direta do fundador do escritório Paulo Duarte Consultoria. Em 2016, com a aposentadoria do arquiteto Paulo Duarte, passou a ser sócia-diretora, responsável pelo segmento de vidros. Compondo a Equipe Técnica desde 2008, participou de mais de 500 projetos dando consultoria e assistência a renomados arquitetos e grandes construtoras, assessorando, acompanhamento de fabricação e instalação de esquadrias e vidros.