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Vergalhão galvanizado aumenta a vida útil do concreto armado

As vantagens das barras de aço protegidas da corrosão por zinco ainda são pouco conhecidas no Brasil. Mas há bons exemplos de obras. Conheça mais a seguir!

Publicado em: 08/08/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

foto de um pavimento sendo construído. Aparece o concreto embaixo, os vergalhões galvanizados, a calçada e o jardim em volta
(Foto: Shutterstock)

A armadura de concreto com vergalhões galvanizados por imersão a quente protege o metal contra a corrosão. O grande benefício é a ampliação da vida útil do elemento em 2,5 vezes nas obras de regiões rurais e em dobro nas áreas litorâneas, em comparação com o uso das barras de aço convencionais. O material proporciona, também, menor custo de manutenção e segurança aos usuários das edificações.

“Como os vergalhões é que oferecem as propriedades mecânicas/rigidez ao concreto, a proteção contra a corrosão pela galvanização atua diretamente no elemento que está sustentando a estrutura”, afirma Ricardo Suplicy Goes, gerente Executivo do Instituto da Cadeia do Zinco (ICZ).

Seu uso é pouco comum no Brasil, pela falta de cultura. Mas há bons exemplos, como a obra do Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre; o Museu de Arte do Rio de Janeiro, o Elevado Perimetral e Projeto Porto Maravilha, todos no Rio; e o Instituto Moreira Sales, em São Paulo. No mundo, é muito utilizado em tubulações de concreto e nas regiões costeiras em piers e pontes – é o caso da existente na Route 66, em Kittanning (EUA).

Como os vergalhões é que oferecem as propriedades mecânicas/rigidez ao concreto, a proteção contra a corrosão pela galvanização atua diretamente no elemento que está sustentando a estrutura
Ricardo Suplicy Goes

Goes conta que, desde 1950, todas as construções feitas na região de Bermudas, no Atlântico Norte, empregam exclusivamente os vergalhões galvanizados embebidos no concreto, por causa do clima marinho corrosivo e do cloreto presente nos agregados que compõem o concreto.

O que é a galvanização do aço

A galvanização por imersão a quente é um processo de revestimento de zinco do aço, ferro fundido ou aço patinável nas suas várias formas, tamanhos e complexidades. “As propriedades mecânicas do metal protegido contra a corrosão são as mesmas dos vergalhões sem a galvanização. O que muda é a vida útil aumentada do aço galvanizado”, reforça.

A corrosão do vergalhão de aço não galvanizado se deve à redução da alcalinidade, em função da presença de dióxido de carbono atmosférico e/ou outros elementos ácidos. E, também, à ação de íons despassivantes, como Cloretos (Cl-), na presença do oxigênio. “Isso resulta em um processo destrutivo contínuo”, aponta.

As propriedades mecânicas do metal protegido contra a corrosão são as mesmas dos vergalhões sem a galvanização. O que muda é a vida útil aumentada do aço galvanizado
Ricardo Suplicy Goes

A galvanização por imersão a quente tem um diferencial sobre outras tecnologias, por apresentar uma dupla proteção contra a corrosão, por barreira e catódica. “Na proteção por barreira, o revestimento de zinco isola todas as superfícies internas e externas do contato com os agentes oxidantes presentes no meio ambiente. O fenômeno ocorre pela penetração do zinco na rede cristalina do metal base, resultando em uma difusão intermetálica, ou seja, na formação de ligas de Fe-Zn na superfície de contato. Esse processo torna o revestimento integrado desde o metal base até a superfície, onde a camada formada é de zinco puro”, ensina. Veja detalhes na figura abaixo.

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(Foto: Divulgação ICZ)

Essa característica única do produto galvanizado confere alta resistência à abrasão do revestimento, permitindo o manuseio para armazenagem, transporte e montagem mecânica, sem danos à superfície. A camada de Fe-Zn mais próxima da alma da peça chega a ter uma dureza até mesmo superior à da própria peça.

De acordo com o especialista, além da proteção mecânica (barreira), o zinco produz a proteção catódica sobre a peça. “O zinco apresenta um potencial de redução menor que o ferro, ou seja, o zinco se ‘sacrifica’ para proteger o ferro. Esse processo aumenta a proteção em caso de o revestimento sofrer danificação que provoque cavidades (riscos) na camada de zinco. Os sais de zinco formados na corrosão do zinco, por serem aderentes e insolúveis, se depositam sobre a superfície exposta do aço, isolando-o novamente do meio ambiente. Assemelha-se a uma cicatrização”, expõe Góes. Veja a figura abaixo:

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(Foto: Divulgação ICZ)

Onde usar

A opção pelo aço galvanizado não interfere no cálculo estrutural do concreto armado. Até porque a galvanização por imersão a quente não altera as propriedades mecânicas do aço. O fundamento, segundo Góes, está na temperatura de fusão do aço carbono/ferro fundido, que fica entre 1450-1680 °C e a temperatura de fusão do zinco em 419,50 °C. “A cuba de zinco de galvanização por imersão a quente trabalha em uma temperatura de 450 °C, não atingindo as temperaturas de fusão do aço carbono/ferro fundido”, fala.

O concreto com o vergalhão galvanizado pode ser utilizado em todo tipo de obra. “Claro que vai se destacar em obras instaladas em ambientes de alta corrosividade”, ressalta. As barras de aço tratadas podem ser utilizadas, também, em situações em que ficarão expostas à atmosfera, pois vão continuar com a proteção contra a corrosão.

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Colaboração técnica

 
Ricardo Suplicy Goes  –É Engenheiro Mecânico pela Universidade Paulista (UNIP), pós-graduado em Projetos Automotivos pela FEI/SP (1992) e MBA em Gestão Empresarial pela FGV (2007). Atuou na empresa Mercedes-Benz do Brasil nas áreas da Engenharia Experimental e Marketing. É gerente-executivo do Instituto da Cadeia do Zinco (ICZ), desde 2010, onde atua no desenvolvimento de mercado do metal zinco, suas ligas e usuários do zinco em seus produtos para os associados.
LinkedIn: Ricardo Suplicy Goes