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Veja dicas para garantir a execução perfeita do concreto branco

Execução da solução pede cuidados que vão desde a escolha dos componentes até a impermeabilização pós-concretagem para garantir a cor branca, que faz destacar a estrutura arquitetônica

Publicado em: 18/04/2018Atualizado em: 24/04/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Apesar de parecida com o concreto convencional, a execução do concreto branco exige cuidados especiais (crédito: shutterstock.com / John GK)

Fabricado a partir do cimento branco, o concreto branco é indicado tanto para aplicações estruturais quanto não estruturais, mas principalmente quando se deseja agregar valor estético às construções. “A solução também apresenta as características de durabilidade e desempenho mecânico dos concretos convencionais de coloração cinza”, comenta Arnaldo Forti Battagin, gerente de Tecnologia da ABCP.

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MATERIAIS

Os compostos utilizados na fabricação do concreto branco são: cimento branco, agregados graúdos e miúdos, água e aditivos químicos. Apesar de os materiais serem bastante semelhantes aos do concreto convencional, deve-se atentar às suas características para garantir a coloração branca.

“A seleção dos agregados é crucial para atingir esse objetivo, sendo que os agregados graúdos devem ser claros o suficiente para evitar áreas de ‘sombras’ que possam vir a causar manchamentos. Já os agregados miúdos devem apresentar proporção maior de finos, e o traço deve ser um pouco mais rico em cimento para garantia da homogeneidade da cor; em geral, no mínimo, 350kg de cimento por m³ de concreto” explica Battagin, que lembra que o cimento deve obedecer à norma ABNT NBR 12989 – Especificação para cimento Portland branco.

É indicado tanto para aplicações estruturais quanto não estruturais, mas principalmente quando se deseja agregar valor estético
Arnaldo Forti Battagin

PREPARAÇÃO

Existem alguns cuidados necessários para se tomar antes da execução do concreto. Segundo Battagin, é ideal lavar os agregados graúdos, que devem ser, preferencialmente, calcários calcíticos e dolomíticos, pois levam vantagem sobre os demais tipos petrográficos de rochas, por não interferirem na cor final. A areia, utilizada como agregado miúdo, também deve ser lavada e apresentar fração fina e coloração branca ou amarelada, para não ocasionar machas no cimento. Em alguns casos, é necessário britar agregados graúdos calcários ou quartzitos para utilização como agregado miúdo, substituindo a areia e garantindo a brancura desejada.

EXECUÇÃO

“O processo é o mesmo do concreto convencional, exceto que se deve ter uma atenção extra para garantia da coloração branca”, ressalta Battagin. As fôrmas que receberão a concretagem necessitam de um revestimento especial, de fórmica ou compensado de alta qualidade, e devem ser reutilizadas, no máximo, duas vezes.

“Embora esse procedimento conduza a um aumento de custo, a superfície final resultante fica com qualidade tão boa que evita retrabalhos, remendos ou necessidade de revestimentos ou pintura, dispensando outros acabamentos”, declara Battagin. A montagem das fôrmas deve passar por um controle rigoroso de qualidade, para evitar o vazamento de natas, o que pode comprometer a superfície do concreto.

Para garantir fluidez ao concreto branco, é essencial usar aditivos redutores de água, com destaque para os superplastificantes à base de policarboxilatos. “Outros aditivos como carboxilatos melamínicos que são usados no concreto convencional também podem ser usados, mas os à base de naftaleno sulfonado, de coloração escura e que não têm influência negativa no concreto convencional devem ser evitados no concreto branco”, recomenda Battagin.

O processo é o mesmo do concreto convencional, exceto que se deve ter uma atenção extra para garantia da coloração branca
Arnaldo Forti Battagin

Por conter mais traços finos, há riscos de existir retração do concreto e, por consequência, fissuração. Por isso, a concretagem deve ser feita em temperaturas abaixo de 30 °C, sem ventos e insolação. Recomenda-se também a desforma precoce do concreto. “A desforma prematura, quando possível, deve ser praticada, pois evita o manchamento do concreto pelas fôrmas” recomenda Battagin.

Com o concreto mais jovem, no entanto, é necessário tomar maior cuidado em relação à preservação das arestas e controle de fissuração, como manter perfis de proteção na região para evitar o deslocamento.

PÓS CONCRETAGEM

A primeira proteção deve ser feita logo após a desforma, aplicando uma proteção (que irá cobrir a superfície) para evitar o contato do concreto com a sujeira, que pode ocasionar manchas. Além disso, essa cobertura permitirá perda de umidade.

De acordo com Battagin, processos que são normalmente descartados em estruturas tradicionais ajudam a preservar o valor estético e a aumentar a vida útil da estrutura no concreto branco. “Produtos à base de silanos e siloxanos ou, ainda, silicatos, podem ser aplicados para impermeabilizar os poros superficiais e reduzir a possibilidade de acúmulo de sujeira. A cor do concreto branco não é alterada com esse procedimento, que reduz a absorção capilar do concreto e aumenta a resistência à penetração de água”, conclui.

COR

Além das precauções já mencionadas para manter uma coloração branca e homogênea, é necessário tomar cuidado com a vibração entre as camadas, pois, além de evitar manchas, garantem fácil liberação do ar aprisionado e redução na formação de bolhas de ar e poros superficiais no concreto.

“Vale lembrar que o uso de cimento branco no concreto responde muito melhor e é mais versátil no uso de pigmentos das mais diferentes tonalidades pela vividez de cores que ele proporciona e, é claro, tomar todas as precauções para assegurar uma obra de qualidade, durável e com valor estético”, afirma Battagin.

Água x cimento

A relação entre água e cimento também define a tonalidade, resistência e durabilidade do concreto. Quanto mais água na solução, mais branco o cimento ficará e, consequentemente, menor será a sua resistência. “Deve haver, entretanto, um compromisso de equilíbrio para garantir a resistência e a durabilidade, que trabalham inversamente à coloração. Ou seja, quanto mais baixa a relação água/cimento, maior a resistência e a durabilidade e mais escuro o cimento, com outros parâmetros mantidos constantes”, explica Batagin.

+ água - cimento = + branco - resistente | - água + cimento = - branco + resistente

CUIDADOS

Há, ainda, outros cuidados necessários para garantir a execução correta da solução. São eles:

• Evitar o uso de desmoldantes, pois podem ocasionar manchas no concreto.

• Realizar adensamento e vibração nas aplicações com armaduras de alta densidade. Por isso é recomendado o uso de concreto autoadensável, pois ele apresenta grande resistência à segregação, fluidez e ainda garante a eliminação de macrodefeitos, como bolhas de ar e falhas de concretagem.

• Evitar ferrugem das armaduras, protegendo-as com pinturas do tipo epóxi, a base de zinco ou então galvanizadas. Além de prevenir a corrosão, essas pinturas evitam que a oxidação (que normalmente acomete estruturas deixadas expostas à umidade no canteiro de obras) provoque manchas de escorrimento no concreto durante a execução da estrutura.

• Em caso de concreto usinado, deve-se solicitar para que não seja usado aditivo à base de naftaleno sulfonado, pois pode escurecer o concreto.

Fotocatalítico

Também conhecido por concreto ou cimento autolimpante e antipoluição, o concreto branco fotocatalítico à base de óxido de titânio absorve gases poluentes nos grandes centros urbanos e mantém a estrutura de concreto aparente branco sempre com aparência de nova.

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Cimento branco: diferentes tipos e aplicações

Colaboração técnica

battagin
Arnaldo Forti Battagin – Geólogo pelo Instituto de Geociências da USP (1974) e Gerente dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland. Especialista nas áreas de tecnologia de cimento e concreto, durabilidade e sustentabilidade do concreto, técnicas experimentais e gestão da qualidade. Representante da ABCP em comissões de estudos de normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Autor e co-autor de mais de 100 trabalhos técnico-científicos publicados em revistas nacionais e internacionais e anais de congressos. Autor de capítulos de vários livros sobre tecnologia do concreto. Prêmios de reconhecimento pela Associação Brasileira de Cerâmica, Associação Brasileira de Cimento Portland, Federação Interamericana de Cimento, FICEM e Instituto Brasileiro do Concreto. Membro pela ABCP, do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON) e suplente do Conselho Deliberativo da ABNT. Atual Gerente de Tecnologia da ABCP.