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Tubos de polietileno: como comprar, especificar e instalar

Indicada em projetos que vão dos residenciais à mineração, solução tem entre seus diferenciais a alta resistência, flexibilidade, estanqueidade e necessidade reduzida de manutenção. Saiba mais

Publicado em: 18/02/2021Atualizado em: 14/12/2022

Texto: Hosana Pedroso

tubos pead
Com longa vida útil e resistente à abrasão, os tubos PEAD possuem uso versátil (foto: shutterstock/Stock image)

Aliando resistência e flexibilidade, os tubos de polietileno de alta densidade (PEAD) estão presentes em projetos variados. Seus benefícios são aproveitados em instalações de água, esgoto e gás, além de redes de telecomunicações, sistemas de combate a incêndios, plantas industriais e na mineração. Tamanha versatilidade se justifica, entre outros fatores, pela resistência à abrasão e longa vida útil.

“Comparando com outros produtos disponíveis no mercado, os tubos de polietileno oferecem uma série de vantagens”, afirma Adriano Meirelles Cunha, presidente da Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas (ABPE). Um desses diferenciais é a estanqueidade da instalação, garantida por meio de um sistema de soldagem em campo — método de junção diferente do tradicional ponta e bolsa, suscetível a vazamentos.

Comparando com outros produtos disponíveis no mercado, os tubos de polietileno oferecem uma série de vantagens
Adriano Meirelles Cunha

O tubo PEAD também não sofre de um problema encontrado frequentemente em instalações mais antigas, a incrustação das paredes interiores. “Esse efeito vai reduzindo a vazão conforme diminui o diâmetro interno das peças afetadas”, explica Meirelles, informando que o produto é atóxico e leve, além de ser maleável, o que permite boa acomodação no solo. “Também merece destaque sua alta resistência à corrosão”, completa.

Especificação

Os tubos são compostos de polietileno PE 80 ou PE 100. “O segundo seria substituto do primeiro, embora ainda convivam no mercado”, diz Meirelles. O PE 80 costuma ser usado em ramais prediais de água, onde há o desejo por um material mais flexível. Porém, comparando a resistência de ambos, o PE 100 é 25% superior. “Isso permite a produção de tubos com paredes mais finas, menor peso e maior diâmetro interno, melhorando assim a vazão”, diz.

Durante a etapa de especificação, é importante definir como serão realizadas as conexões, que variam de acordo com o diâmetro do tubo. “Podem ser do tipo soldável, pelo método de eletrofusão (para diâmetros de 20 mm a 1200 mm) ou de termofusão (63 mm a 2000 mm). Também é possível executá-las mecanicamente, por compressão, para peças que vão de 20 mm a 110 mm”, detalha o profissional.

De acordo com o especialista, dificilmente existem situações em que a utilização do tubo PEAD deve ser evitada. “O que pode acontecer é outra solução ter melhor desempenho para determinado cenário específico, algo que ocorre com qualquer outro produto”, comenta.

Como comprar

Os tubos de polietileno são produzidos no Brasil com diâmetros que variam de 20 mm a 1600 mm. O produto é comercializado em bobinas de até 2 mil metros e barras que chegam a 18 metros. Como as peças são extensas, possibilitam a redução da quantidade de soldas na instalação e também permitem que a obra seja executada de maneira mais rápida – o que auxilia diretamente na diminuição de custos.

Instalação e manutenção

A execução do sistema com tubos PEAD demanda mão de obra qualificada para a soldagem. “O trabalho deve respeitar as diretrizes da norma DVS - 2207”, destaca Meirelles. O produto de cor preta pode ficar exposto ao sol, diferentemente da maioria das tubulações produzidas a partir de outros materiais. Mesmo nessa situação, o tubo não demanda ações constantes de manutenção preventiva, como a pintura.

“Sistemas com tubulação em polietileno têm como característica o baixíssimo índice de manutenção, seja pelas suas características físicas, como a flexibilidade, seja pelo sistema de união soldado”, informa Meirelles. Ele comenta que países com áreas sujeitas a terremotos têm adotado a solução em suas redes de distribuição de gás combustível e água, justamente por essas propriedades.

Sistemas com tubulação em polietileno têm como característica o baixíssimo índice de manutenção, seja pelas suas características físicas, como a flexibilidade, seja pelo sistema de união soldado
Adriano Meirelles Cunha

Intervenções corretivas nas instalações geralmente são motivadas por fatores como a má fabricação das peças, erros na execução ou problemas causados por terceiros, como máquinas de escavação. “Com vida útil superior a 50 anos, os reparos acontecem basicamente por conta dessas ações externas ou por erros de operação de linhas. Logo, as manutenções nos sistemas em PEAD são em menor volume se comparadas com tubos de outros materiais”, diz Meirelles.

Qualidade

As normas em vigor para fabricação de tubos definem parâmetros de medidas, tolerâncias métricas, aspectos físicos do produto acabado, características físicas/químicas da matéria-prima, testes laboratoriais de qualidade, tipo de resina utilizada, entre outros. “No que diz respeito à resina, os consumidores solicitam a produção de tubos baseada, basicamente, em duas normas: uma NBR e outra ISO”, explica o especialista.

A ABNT NBR 15561 — Tubulação de polietileno PE 80 e PE 100 para transporte de água e esgoto sob pressão — estabelece que sejam utilizadas somente resinas 100% virgem, procedentes de petroquímicas. A norma proíbe a mistura de resina, mesmo que virgem; mistura de resina de lotes diferentes; ou ainda, qualquer outra mistura de resina, carga e aditivos. Tanto para a produção de tubos quanto de suas conexões.

“A grande maioria dos clientes consulta essa norma para nortear suas compras. É o caso de distribuidoras de água ou gás, construtoras e indústrias”, enumera Meirelles. Já a ISO 4427 é muito semelhante à NBR, com exceção das restrições ao uso de material 100% virgem e à mistura de resina. “Ela permite que os fabricantes reinsiram em suas produções o polietileno reprocessado e oriundo de sua própria linha produtiva. Isso desde que ele seja originado da extrusão de matéria-prima virgem proveniente de petroquímica”, detalha.

É comum que as empresas do setor de mineração adotem a norma ISO em seus projetos. “Além disso, existem também normas mais específicas e que costumam ser até mais exigentes do que a própria NBR. É o caso das diretrizes seguidas por empresas como a Comgás e Sabesp (concessionárias de água e gás do estado de São Paulo, respectivamente). No site da ABPE, é possível encontrar todas essas normas detalhadas”, conclui Meirelles.

Colaboração técnica

Adriano Meirelles Cunha – formado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), em 1986, ocupa atualmente o cargo de presidente da Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas (ABPE). É diretor vice-presidente comercial da FGS Brasil, empresa onde foi o responsável pela montagem da atual estrutura comercial. Iniciou sua carreira no mercado de saneamento com tubos de aço em 1989, e no período de 2001 a 2011 foi Diretor da Brastubo, onde conseguiu expandir o mercado brasileiro de PEAD quando a sua utilização no país ainda era pouco divulgada. Durante a crise hídrica de São Paulo, entre 2014 e 2015, planejou e executou obras de captação do volume morto (Cantareira) e do manejo de águas do Rio Grande, além de muitos outros projetos.