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Tinta antibacteriana, com ou sem textura...veja novas opções

Além dos tipos citados, tem tinta com ou sem cheiro, de secagem rápida e até “tintas inteligentes”, que se adequam a luminosidade ou temperatura do ambiente

Publicado em: 22/10/2014Atualizado em: 13/12/2019

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Redação AECweb / e-Construmarket

Tintas

O setor de tintas se renova a cada ano, oferecendo ao mercado soluções agregadas de diferentes tecnologias. Atualmente, a busca de multifuncionalidade nos produtos é tendência nas indústrias, explica Gisele Bonfim, gerente Técnica e de Assuntos Ambientais da Abrafati – Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas. “Isso significa desenvolver tintas que incorporem novos recursos e desempenhem funções adicionais às de proteção das superfícies. É o caso, por exemplo, das tintas antibacterianas, das com fragrância ou das magnetizadas, assim como dos produtos criados para utilizações e ambientes específicos”.

A principal novidade são as chamadas tintas inteligentes – smart coatings –, que reagem a diferentes situações e estímulos, contribuindo para adequação da luminosidade ou temperatura do ambiente
Gisele Bonfim

A profissional destaca outras características sofisticadas, como as tintas com secagem rápida, as que têm fácil aplicação e as com pouco odor. “No campo da tecnologia, a principal novidade são as chamadas tintas inteligentes – smart coatings –, que reagem a diferentes situações e estímulos, contribuindo para a adequação da luminosidade ou temperatura do ambiente. Inovação que também ganha força é a utilização dos recursos da nanotecnologia para conferir propriedades adicionais ou incrementar os atributos das tintas”, exemplifica.

Com o intuito de aumentar a qualidade das tintas disponíveis no mercado, a Abrafati investiu na normatização dos produtos, induzindo as empresas a se prepararem para melhor atender ao público consumidor. “Com isso, atualmente, as tintas são divididas entre as linhas Premium, Standard e Econômica, com o diferencial, entre essas classificações, de maior ou menor resistência do produto. A informação sobre a categoria da tinta deve estar estampada de maneira bem visível em sua embalagem”, ressalta José Humberto de Souza, gerente de Assistência Técnica da Sherwin-Williams.

No quesito sustentabilidade, o mercado também tem avançado nos últimos anos. “De maneira geral, as características das tintas são cada vez mais ambientalmente amigáveis. Hoje, quase 90% dos produtos para uso imobiliário são à base de água, o que diminui o uso de solventes orgânicos e traz ganhos por reduzir a emissão de VOCs – compostos orgânicos voláteis”, informa Gisele.

ESPECIFICAÇÃO

As características das tintas são cada vez mais ambientalmente amigáveis. Hoje, quase 90% dos produtos para uso imobiliário são à base de água, o que diminui o uso de solventes orgânicos e traz ganhos por reduzir a emissão de VOCs – compostos orgânicos voláteis
Gisele Bonfim

A especificação da tinta mais adequada para cada ambiente tem de levar em conta o local e a superfície onde será aplicada. “Além desses aspectos, é importante verificar se o produto atende às especificações mínimas determinadas pelas normas técnicas brasileiras. Após essa avaliação, escolhe-se o tipo de acabamento e a cor”, destaca Gisele. As tintas indicadas para uso externo são as Premium e Standard, que também podem ser aplicadas em ambientes internos. “Não é recomendado o uso da linha Econômica na parte externa da edificação, porque a pequena quantidade de resina existente no produto oferece resistência baixa contra raios ultravioleta. Algumas empresas dispõem de técnicos para visitar as obras e indicar qual é o produto mais indicado para cada situação”, completa Humberto.

Item que também merece atenção é o cálculo correto da quantidade de tinta a ser utilizada. “Comprar a menos significa ter de interromper o trabalho por falta de material. Já adquirir mais do que o necessário fará com que haja sobras, gerando custo mais elevado por metro quadrado”, destaca Gisele, que recomenda alguns cuidados para o armazenamento: “As latas em uso devem ser fechadas para evitar que ressequem ou estraguem. Como fator de economia, deve-se buscar o aproveitamento, em outra obra, de eventuais tintas que sobrem”, recomenda.

CARTELA DE CORES

Segundo Gisele, cerca de 60% do total do volume de tintas produzido no Brasil são na cor branca. O uso de outras tonalidades cresce ao longo dos últimos anos, tanto em fachadas quanto no interior de imóveis. “Atualmente, a oferta de cores é maior em função da utilização de máquinas tintométricas nas revendas. Elas produzem ampla gama de cores e tonalidades na hora, evitando estoques de produtos prontos nas lojas. Possibilitam também a fiel reprodução de determinada cor para uma compra posterior”, indica.

 

TINTAS X SUPERFÍCIES

A pintura não pode ser feita em dias chuvosos ou com ventos fortes, pois essas condições favorecem o surgimento de impurezas. Também é desaconselhável pintar quando a temperatura está muito baixa (≤10ºC) ou muito alta (≥40ºC), ou ainda quando a umidade relativa do ar está acima de 90%
Gisele Bonfim

Para cada tipo de superfície, há o produto mais indicado. Em paredes de alvenaria, por exemplo, o recomendado são as tintas látex acrílicas, tintas látex PVA, tintas vinil-acrílicas e texturas. “Nesse caso, existem ainda tintas para aplicações em superfícies específicas, como as de banheiros ou de imóveis no litoral, que possuem características únicas”, afirma Gisele. Já para as madeiras, é sempre recomendado o uso de vernizes, stains, esmaltes ou tintas a óleo. Elas evitam rachaduras e trincas, além de proteger de envelhecimento precoce, desbotamento e deterioração, repelindo a água e combatendo a formação de fungos. “Madeiras em áreas externas, expostas à ação do sol, da chuva e maresia, devem receber atenção especial, com vernizes com filtro solar e esmaltes Premium”, destaca.

No caso de metais, os produtos indicados são os esmaltes e a tinta a óleo, tanto para o interior quanto para o exterior dos imóveis. “Há, ainda, as tintas epóxi, boas opções para pisos, especialmente em locais de grande circulação, por apresentarem excelentes propriedades físicas, mecânicas e químicas. Essa solução é indicada para áreas internas, pois a ação dos raios solares é danosa a esses produtos. Recentemente, alguns fabricantes lançaram tintas epóxi à base de água, portanto, são monocomponentes. Seu desempenho garante maior durabilidade que as tintas látex, mas aquém das epóxis bicomponentes à base de solvente”, ressalta Gisele. O mercado disponibiliza, ainda, diversos complementos à linha de tintas imobiliárias, como massas niveladoras, fundos, seladores e outros.

APLICAÇÃO

Para obter o resultado esperado com a pintura, é importante adequar todo o sistema antes de iniciar os trabalhos. “O primeiro passo é deixar a superfície limpa, coesa e sem infiltrações, características que interferem no resultado final. A tinta não consegue entregar suas características de bom acabamento se a superfície não for preparada”, adverte Humberto. Antes de aplicar o produto, é importante definir se o resultado esperado é uma superfície lisa, rugosa ou texturizada. “Para cada efeito visual há produtos e técnicas específicos”, detalha.

Algumas precauções simples evitam problemas. “A pintura não pode ser feita em dias chuvosos ou com ventos fortes, pois essas condições favorecem o surgimento de impurezas. Também é desaconselhável pintar quando a temperatura está muito baixa (≤10ºC) ou muito alta (≥40ºC), ou ainda quando a umidade relativa do ar está acima de 90%”, recomenda Gisele.

MANUTENÇÃO

Atualmente, as tintas são divididas entre as linhas Premium, Standard e Econômica, com o diferencial, entre essas classificações, de maior ou menor resistência do produto. A informação sobre a categoria da tinta deve estar estampada de maneira bem visível em sua embalagem
José Humberto de Souza

Muitas vezes, problemas construtivos são responsáveis pelas deformidades na pintura. “Microfissuras que surgem nas superfícies construídas em local próximo de avenidas com intenso tráfego de automóveis podem ser evitadas. Basta usar produtos específicos que apresentam maior percentual de resina e conseguem se retrair para acompanhar a movimentação do concreto”, exemplifica Humberto. Para evitar bolhas e descascamentos, a análise prévia da superfície é fundamental. “A pintura precisa começar a ser definida no momento da construção do baldrame, que deve ser impermeabilizado para evitar problemas após a aplicação da tinta”, completa.

Já o descascamento pode ser um reflexo da falta de manutenção. “Uma tinta exposta na parede há dez anos já perdeu suas características de resistência e começa a esfarelar. Para evitar essa patologia, pode ser usado fundo preparador de superfície, que, quando aplicado, aglutina as partículas soltas e evita descascamentos futuros”, recomenda Humberto. No caso de surgirem bolhas na pintura, o primeiro passo é entender o porquê desse fenômeno. “O cenário deve ser estudado, verificando se é uma tubulação furada, irregularidades de calha, encosta do muro, entre outros. As bolhas são um alerta de que naquela superfície há algo errado, pois nenhuma tinta cria bolha sozinha. Após entender e eliminar a causa, é só raspar a superfície e prepará-la para receber uma nova pintura”, indica.

QUALIDADE

Ao longo dos últimos anos, a partir da implantação do Programa Setorial da Qualidade – Tintas Imobiliárias, foram publicadas mais de duas dezenas de normas referentes ao tema, algumas delas revisadas posteriormente. “Uma das mais importantes é a ABNT NBR 15079, primeira norma oficial de especificação técnica de tintas imobiliárias aprovada no Brasil, em 2004. Essa norma tem importância capital por abranger as tintas látex, que representam a maior parte do volume de produtos para construção civil produzida no Brasil. A norma estabelece requisitos mínimos de qualidade que as tintas devem atender de acordo com os três diferentes níveis de classificação”, detalha Gisele.

Outras três normas merecem destaque, por serem de especificação. Uma para massas niveladoras (ABNT NBR 15348:2006), outra para esmaltes brilhantes/tinta óleo (ABNT NBR 15494:2010) e mais uma para vernizes brilhantes à base de solvente para uso interior (ABNT NBR 16211:2013).

É BOM SABER

As tintas com características especiais, como secagem rápida ou sem cheiro, nem sempre são as mais caras. “Quando se agrega nova propriedade a um produto, qualquer que seja ele, é esperado aumento de valor, mas isso nem sempre ocorre. Em termos de resultados, pode-se dizer que aquilo que é prometido pelas tintas consegue ser atingido, porém é preciso estar atento às empresas e sua credibilidade. Indústrias qualificadas pelo Programa Setorial da Qualidade assumem o compromisso de só fabricar produtos com qualidade”, finaliza Gisele.

Colaboraram para esta matéria

José Humberto de Souza
José Humberto de Souza – José Humberto de Souza é graduado em Química pela Fundação Santo André. Atua no mercado de tintas há 28 anos, sendo 8 anos em Laboratório de Controle de Qualidade e 20 em Assistência Técnica de Produtos e Sistema Tintométrico. Atua na Sherwin-Williams como Gerente de Assistência Técnica e está à frente da Academia do Pintor, promovendo treinamento técnico e capacitação de profissionais.
Gisele Bonfim
Gisele Bonfim – Química formada pela Universidade de São Paulo, com longa experiência na indústria de tintas. Atualmente, ocupa o cargo de gerente Técnica e de Assuntos Ambientais da Abrafati – Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas. Coordena o Programa Setorial da Qualidade – Tintas Imobiliárias e é também chefe de secretaria do CB-164 – Comitê Brasileiro de Tintas da ABNT.