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Terceirizar a execução de fachadas requer uma série de procedimentos

Serviço especializado é, em geral, executado por empreiteiras contratadas. Para seleção, negociação e contratação bem-sucedidas é preciso reunir o máximo de informações sobre o projeto, a obra e a empresa

Publicado em: 17/08/2018Atualizado em: 22/08/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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O ideal é contratar empresas com boas referências (Tricky_Shark / shutterstock)

A contratação de mão de obra terceirizada para execução de fachadas, especialmente quando se trata de revestimentos cerâmicos ou com argamassa, exige procedimentos prévios para garantir a qualidade e o prazo. Para o engenheiro Leandro Francischetti, gerente de desenvolvimento tecnológico, assistência técnica e suprimentos da construtora Tarjab, a análise varia de acordo com a forma como cada empresa trabalha. “Esse serviço exige grande especialização e treinamento. Para atuar com mão de obra própria, as construtoras precisam ter um fluxo relativamente constante de obras, o que nem sempre acontece. Por isso, várias empresas optam por terceirizar o serviço”, diz.

Esse serviço [execução de fachada] exige grande especialização e treinamento. Para atuar com mão de obra própria, as construtoras precisam ter um fluxo relativamente constante de obras, o que nem sempre acontece. Por isso, várias empresas optam por terceirizar o serviço
Leandro Francischetti

A contratação de uma empreiteira é a solução ideal, de acordo com a engenheira Sheila Silva Santos, do departamento técnico da construtora MBigucci. “Utilizamos o grande volume de serviço que temos a nosso favor, para oferecer preços competitivos e reduzir custos”, revela, acrescentando que outra vantagem é o fato de a empreiteira contratada dar garantia para eventuais manutenções. Além disso, empresas especializadas no serviço também auxiliam na gestão da obra.

SELEÇÃO DA EMPREITEIRA

O processo de contratação da empreiteira para execução de fachadas começa pelas informações do projeto executivo da edificação. “É essencial ter detalhes dos elementos da fachada e dos métodos construtivos para compô-los – o que pode estar presente no projeto ou ser conseguido por meio de consultorias e procedimentos específicos”, aponta Fransischetti. “Todos os materiais de acabamento da fachada devem ser definidos e compatibilizados com as condições de aplicação – por exemplo, a argamassa para o revestimento será ‘batida’ na obra ou industrializada? A aplicação será manual ou por projeção? –, porque todas essas informações influenciam no escopo e nos preços”, ele completa.

É importante verificar no histórico de obras [da empreiteira] como foi o prazo de execução, o índice de manutenção e aproveitamento dos materiais, o controle dos equipamentos locados e a qualidade do serviço
Sheila Silva Santos

O próximo passo é selecionar as empreiteiras. Santos recomenda buscar empresas que tenham boas referências no mercado da construção civil. “É importante verificar no seu histórico de obras como foi o prazo de execução, o índice de manutenção e aproveitamento dos materiais, o controle dos equipamentos locados e a qualidade do serviço”, diz. É importante verificar a documentação da empreiteira e visitar algumas obras que ela tenha realizado, o que permite conhecer seus métodos de trabalho. “Em relação aos materiais, é essencial apurar adequadamente a quantidade a ser usada para que a medição do serviço seja feita da melhor forma”, orienta a engenheira.

Fachadas costumam ser associadas a uma grande responsabilidade técnica. “É preciso selecionar muito bem os parceiros, para não ter problemas depois”, adverte Francischetti. Santos entende que a melhor forma de pesquisar empresas no mercado é através de contatos que trabalham em construtoras e de pesquisas na internet ou em mídias segmentadas.

CONCORRÊNCIA SAUDÁVEL

Para que haja concorrência saudável entre os fornecedores, o ideal é contar com, no mínimo, três empreiteiras. Santos reafirma que a apuração das informações sempre deve levar em consideração a qualidade dos serviços prestados, o índice de manutenção, o prazo de execução e o custo do serviço. Já Francischetti destaca a importância da equalização das cotações enviadas. “O procedimento assegura que as propostas contemplam o mesmo tipo de serviço e os mesmos cuidados com qualidade, garantia e atendimento às normas cabíveis, incluindo o treinamento dos funcionários”, declara.

A engenheira da MBigucci sustenta que empreiteiras que executam o serviço dentro do prazo e com qualidade evitam retrabalho por falha na execução, desperdício de materiais ou balancim parado por falta de mão de obra. “Para que tudo funcione corretamente, contamos com uma equipe que fiscaliza constantemente a qualidade dos serviços e avalia a produtividade dos fachadeiros para que o cronograma da obra seja sempre respeitado”, conta.

Francischetti realça a necessidade de acompanhar de perto e com frequência a execução da fachada. “Esperar o prazo estar prestes a terminar ou o serviço ser concluído para verificar a obra é uma receita com grandes chances de dar errado”, alerta, acrescentando que se forem identificados desvios de qualidade ou descumprimento de prazo, é necessário tomar ações corretivas imediatamente para não comprometer o cronograma da obra e mitigar os riscos de patologias futuras. Para Santos, esse acompanhamento deve incluir reuniões semanais entre a equipe que gerencia a obra e o empreiteiro, para estabelecer metas e ajustar o que for preciso.

NEGOCIAÇÃO E CONTRATO

O gerente da Tarjab resume o que deve ser considerado na negociação com a empresa terceirizada: todos os projetos da fachada, a especificação dos materiais, o cronograma real, os equipamentos que serão utilizados, a logística do canteiro, entre outros dados.

No contrato, devem constar todas as informações que forem negociadas com o fornecedor, incluindo exigências de qualidade, controle do prazo, garantias, condições de pagamento e questões fiscais, trabalhistas e normativas relevantes. “É importante lembrar que o que for colocado no contrato deve ser, de fato, compreendido e aceito por ambas as partes. Com isso, a execução dos serviços será tranquila, sem a necessidade de a construtora recorrer, a todo momento, ao que está escrito para resolver situações que podem surgir na obra”, ressalta Fransischetti.

O estabelecimento do prazo de execução e a identificação da equipe são essenciais para evitar atraso e balancim parado, que normalmente é alugado.

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Colaboração técnica

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Leandro Francischetti – Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica de São Paulo (Poli-USP). Atua, desde 2011, no desenvolvimento tecnológico da Construtora Tarjab, onde gerencia os departamentos de desenvolvimento tecnológico, assistência técnica e suprimentos.
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Sheila Silva Santos – Formada em Engenharia Civil e pós-graduada em Gestão de Contrato pela Faculdade Anhanguera, possui dez anos de experiência em obras. Fez diversos cursos nas áreas de custos e orçamentos e desde 2011 integra o departamento técnico da MBigucci. Também é engenheira de controle, auditando contratações de materiais e mão de obra.