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Tenda volta a crescer, sinalização positiva para 2024

Entrevista com Luiz Mauricio de Garcia Paula, diretor Financeiro da Tenda

Publicado em: 07/02/2024Atualizado em: 18/03/2024

Texto: Hosana Pedroso

Foto: Adobe Stock

Foto: Adobe Stock

Os resultados do terceiro trimestre de 2023 da construtora Tenda e a recriação do programa Minha Casa Minha Vida pelo governo federal começam a refletir no financeiro da companhia. É o que conta Luiz Maurício de Garcia Paula, diretor Financeiro (CFO) da Tenda, em entrevista ao portal AECweb. Ele fala, ainda, sobre os sinais de estabilização da economia brasileira e sobre o papel das novas tecnologias construtivas. “Elas abrem muitas oportunidades não só sob a ótica de otimização de custos, com redução no tempo de execução, mas também sob a ótica ambiental observada na redução de desperdícios, e social, ao tornar os produtos mais acessíveis.” A seguir, confira entrevista completa!

AECweb – Depois do freio de arrumação adotado em 2022, a Tenda alcançou o ponto de equilíbrio financeiro desejado?

Luiz Mauricio de Garcia Paula – Estamos no caminho. Nosso ciclo é longo e as safras de rentabilidade prejudicadas transitaram no nosso resultado nesses últimos três anos. Por outro lado, os resultados do terceiro trimestre de 2023 apontam que 2024 é o ano em que as safras novas, que já apresentam rentabilidades adequadas, ganham mais relevância e isso começa a refletir nos nossos financeiros.

AECweb – Quais foram esses números?

Garcia – O terceiro trimestre registrou receita líquida de R$ 783,3 milhões, representando alta de 37,3% na base de comparação anual, e +10,7% em relação ao trimestre anterior. Foram 15 novos empreendimentos lançados no consolidado, movimentando R$ 880,6 milhões – um crescimento de 134,1% em relação ao mesmo trimestre de 2022, sendo R$ 195,5 mil o preço médio por unidade no período.

AECweb – Quais os fatores políticos e econômicos de um país determinantes para a atração de investimentos de fundos imobiliários internacionais?

Garcia – Os investidores da Tenda normalmente são aqueles que investem em ações, e a atração de fundos internacionais depende de diversos fatores, mas o que predomina na análise, independentemente do perfil do investidor, é a expectativa dos resultados futuros.

AECweb – No caso do Brasil, o cenário aponta para maior estabilidade?

Garcia – Sim, a acomodação do câmbio, inflação controlada e a melhora do risco Brasil frente o mundo são sinalizações positivas de estabilização.

AECweb – A ainda elevada taxa de juros prejudica o principal negócio da Tenda, a habitação popular vinculada ao Minha Casa Minha Vida?

Garcia – Impacta mais o segmento médio/alto. No nosso negócio o impacto se dá principalmente no nosso próprio custo de capital. Quanto aos nossos clientes, o MCMV tem regras específicas, com taxas de juros atrativas, que nada sofrem com as variações de mercado atuais.

Nós acreditamos fortemente que todas as pessoas merecem ter o seu lugar no mundo. É isso que nos motiva e que nos faz desafiar o impossível todos os dias
Luiz Mauricio de Garcia Paula 

AECweb – As novas regras do programa tornaram o MCMV mais seguro para os construtores e os compradores?

Garcia – As novas regras o tornaram principalmente mais sustentável e atrativo, especialmente pelo aumento no teto de subsídio que passou de R$ 47,5 mil para R$ 55mil, redução das taxas de juros para as famílias de menor renda e aumento no teto de preço de venda.

AECweb – Quais os produtos imobiliários e percentuais de cada um na produção da empresa?

Garcia – Operamos principalmente na faixa 1 e 2 do programa MCMV. Temos uma única tipologia de apartamento, com dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro, em prédios de quatro até 18 pavimentos.

AECweb – Por que a opção pela faixa 1 do MCMV?

Garcia – Nosso posicionamento estratégico é operar em mercados em que temos um diferencial competitivo em preço. A abordagem industrial está em nosso DNA, somos obcecados por otimização de custos e isso é o que nos permite ofertar alguns dos produtos mais acessíveis do mercado. Nós acreditamos fortemente que todas as pessoas merecem ter o seu lugar no mundo. É isso que nos motiva e que nos faz desafiar o impossível todos os dias.

AECweb – É fato que as margens dos negócios imobiliários no mercado e, também, para a Tenda se reduziram nos últimos anos?

Garcia – Sim, o setor sofreu no pós-pandemia. Como o ciclo é longo, as vendas que realizamos durante a pandemia foram construídas nesses últimos anos, tendo os custos fortemente impactados com a disparada no preço de alguns insumos, como aço e cimento, entre outros.

Nossa jornada de industrialização começou em 2013 quando adotamos para 100% de nossas obras o método construtivo que utiliza fôrmas de alumínio. Esse método permite industrializar boa parte da cadeia construtiva com obras mais rápidas e limpas
Luiz Mauricio de Garcia Paula 


AECweb – Até que ponto o desenvolvimento de tecnologias construtivas colabora para a qualidade da obra e, ao mesmo tempo, aumento das margens?

Garcia – Novas tecnologias construtivas buscam traduzir conceitos da engenharia de produção (fabril) para engenharia civil. Elas abrem muitas oportunidades não só sob a ótica de otimização de custos, com redução no tempo de execução, mas também sob a ótica ambiental observada na redução de desperdícios, e social, ao tornar os produtos mais acessíveis.

AECweb – A construção industrializada chegou às obras de empreendimentos do sistema de habitação de interesse social?

Garcia – Sim, especialmente para Tenda. Nossa jornada de industrialização começou em 2013 quando adotamos para 100% de nossas obras o método construtivo que utiliza fôrmas de alumínio. Esse método permite industrializar boa parte da cadeia construtiva com obras mais rápidas e limpas.

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Colaboração técnica

Luiz Mauricio de Garcia Paula  – É graduado em economia pelo IBMEC com mestrado em Administração de Empresas pelo IAG/PUC-RJ e pós-graduação pela Fundação Dom Cabral. É membro dos comitês de Investimentos e Ética da Companhia. Atuou como analista responsável pelo setor de construção civil em gestoras de recursos como Velt e Apex Capital, e Bradesco BBI. Foi reconhecido por cinco anos consecutivos como melhor analista/time cobrindo setor de Real Estate no Brasil. Teve passagem por empresas como Ipiranga, Claro, Aracruz (atualmente Suzano) e Gafisa.