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Tecnologias modulares viabilizam a execução de jardins verticais

Cada vez mais populares por seus benefícios ornamentais e ambientais, as paredes ajardinadas melhoram o microambiente das edificações e a qualidade do ar nos grandes centros

Publicado em: 01/04/2014Atualizado em: 08/04/2014

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Jardim verticalDivulgação: Green Wall Ceramic

As paredes ajardinadas são uma solução paisagística comumente associada a ambientes com limitações de espaço. Nos últimos anos, entretanto, elas ganharam status de tendência mundial quando se quer melhorar o microambiente das edificações e até a qualidade do ar nos grandes centros. Com cidades cada vez mais verticalizadas, a implantação de cobertura vegetal em muros, fachadas e paredes seria uma alternativa para adicionar beleza e frescor naturais à selva de pedra.

Em ambientes internos, onde há pouca disponibilidade de luz, é possível lançar mão da iluminação artificial, que emite raios ultravioleta e simula em parte a luz solar, ajudando as plantas a se desenvolverem

Das diversas vantagens relacionadas aos jardins verticais, o engenheiro agrônomo João Manuel Feijó, sócio da Ecotelhado, destaca o fato de serem capazes de auxiliar na filtragem e na aderência de materiais particulados (poluentes) presentes no ar, resultando em melhorias de ordem ambiental.

Benefícios térmicos e acústicos também entram na lista. “Principalmente em ambientes fechados, soluções em painéis verticais funcionam como um sistema de refrigeração natural. Estima-se que a diminuição da temperatura chegue a até três graus centígrados, o que pode trazer economia na conta de energia ao reduzir a necessidade do uso de aparelhos de ar-condicionado”, afirma Patrícia Maciel, diretora comercial da GreenWall Ceramic. Os jardins, acrescenta, funcionam como isolantes contra ruídos. “Estudos têm demonstrado que as folhas das plantas podem atenuar sons por meio de reflexão e absorção de energia acústica.”

SOLUÇÕES E CUIDADOS NA EXECUÇÃO

Jardim Vertical

Para a criação das paredes cobertas com vegetação são empregados geralmente sistemas constituídos por blocos cerâmicos ou blocos cimentícios e também aqueles que utilizam vasos plásticos pendurados em tela fixada diretamente na parede, informa o arquiteto e paisagista Bruno Carettoni.

Acompanhando a crescente popularidade dos jardins verticais, uma série de soluções tem sido apresentada ao mercado brasileiro (confira uma seleção no final desta reportagem). Os sistemas modulares, principalmente, ganham espaço por facilitarem a implantação da parede verde. Há opções em materiais variados, como concreto, cerâmica, fibras naturais e plástico reciclado. Painéis prontos são outra opção de instalação simplificada.

Independente do sistema escolhido, algumas condições devem ser respeitadas. A estrutura – parede, muro ou fachada – deve estar apta a receber o peso adicional, orienta Bruno Carettoni. É necessário ainda, lembra o arquiteto, que o local conte com ponto de água para irrigação e também canaleta ou estrutura similar para captação da água proveniente das regas. “As paredes devem sempre receber impermeabilização e depois uma pintura de preto fosco para que as plantas sejam o destaque no projeto”, explica.

IRRIGAÇÃO E ESCOLHA DAS ESPÉCIES

Principalmente em ambientes fechados, soluções em painéis verticais funcionam como um sistema de refrigeração natural. Estima-se que a diminuição da temperatura chegue a até três graus centígrados, o que pode trazer economia na conta de energia ao reduzir a necessidade do uso de aparelhos de ar-condicionado

Para o desenvolvimento das plantas, é imprescindível contar com um sistema de irrigação. Segundo João Manuel, da Ecotelhado, é largamente utilizada a irrigação por gotejamento totalmente automatizada por demandar menos cuidados. “Existem sistemas onde a água flui como uma cascata de um contêiner para outro facilitando bastante a manutenção”, comenta.

A escolha das espécies tem como base a análise das condições de iluminação e ventilação do local, explica Bruno Carettoni. “Em ambientes internos, onde há pouca disponibilidade de luz, é possível lançar mão da iluminação artificial, que emite raios ultravioleta e simula em parte a luz solar, ajudando as plantas a se desenvolverem”, revela o profissional.

Para João Manuel todas as plantas de médio e pequeno porte podem ser utilizadas de acordo com projeto paisagístico. Porém, ele pondera: “O paisagista deve ser hábil para acertar plantas de companhia que vão bem lado a lado e também de portes que não inibam o crescimento das outras. Plantas de maior luminosidade na parte de cima e plantas de sombra na parte inferior. Para ambientes externos com boa incidência de sol podemos usar asparguinhos, bulbine e diversas outras forrações”.

SOLUÇÕES DISPONÍVEIS NO MERCADO

Modulares em plástico reciclado

Modulares em plástico reciclado

A Ecotelhado oferece três sistemas para implantação de jardins verticais: espiral de ervas, canguru e brise vegetal. O primeiro é constituído por módulos plásticos no formato de folhas que se dispõem na vertical como uma coluna, formando torres que se comunicam pelo pseudocaule por onde passam água e nutrientes. Não requer impermeabilização ou mão de obra qualificada, garante a fabricante. A irrigação é feita a partir do reservatório de base, dispensando instalação hidráulica. www.ecotelhado.com.br

Nichos em plástico reciclado

Nicho em plástico reciclado

A tecnologia WallGreen envolve nichos sequenciais que são montados vertical ou horizontalmente e, posteriormente, fixados na parede impermeabilizada. O sistema de irrigação é instalado simultaneamente a cada linha de módulos, sendo controlado por painel eletrônico. Segundo a empresa, a tecnologia é compatível com qualquer tipo estrutura (alvenaria, madeira, pedra etc) e pode ser usada também para montar uma divisória de ambientes. www.wallgreen.com.br

Módulos cerâmicos

Módulos cerâmicos

A estrutura em módulos cerâmicos contínuos do Greenwall Ceramic permite o enraizamento horizontal e o crescimento livre das plantas, assegura a fabricante. O produto foi desenvolvido para aplicação em paredes pré-existentes e pode receber diversos acabamentos. Disponível para aplicação em ambientes internos e externos, permitindo o cultivo de espécies aromáticas, flores exóticas, temperos para cozinha, horta etc. Peças na dimensão de 29 cm X 25 cm X 19 cm (LXAXP). Funcionamento da irrigação por gotejamento automático. www.greenwallceramic.com.br

Módulos de concreto

Módulos de concreto

A Neorexdisponibiliza dois tipos de módulos para a criação de jardins verticais: uma jardineira retangular contígua e uma jardineira em zigue-zague. Os produtos podem ser utilizados de duas formas: para construção de um muro solidário, encostado ao muro pré-existente, ou um muro divisório comum, onde não exista outra estrutura. De acordo com a empresa as vantagens dos jardins em blocos de concreto estão ligadas à solidez e durabilidade, além de eficiência na drenagem da água das regas. www.neorex.com.br

Módulos em fibra

Módulos em fibra

O Favo Verde, da Fibratom, é uma solução modular feita em fibra de coco prensada de alta densidade. Para instalação, informa o fabricante, é necessário fazer quatro furos por módulo na parede e depois fixar os ganchos que acompanham o produto. O tamanho padrão é 50 cm X 50 cm X 17 cm (LXAXP). Pode ser usado em taludes, muros, paredes de casas e varandas de edifícios. A irrigação pode ser manual ou automática por gotejamento. Disponível nas lojas de construção e jardinagem a partir de julho de 2014. www.favoverde.com.br

Painel em fibra

Painel em fibra

Da Coquim, o painel vertical em fibra de coco pode ser instalado sem mão de obra especializada: a fixação necessita de bucha, parafuso e arruela. A placa padrão tem dimensão de 1 m X 1 m e aceita de oito a 13 vasos de 23 cm de raio e 16 cm de altura. Dependendo da necessidade do projeto é possível fazer placas com cortes específicos, garante a empresa. O tipo de irrigação adotado é por bicos de gotejamento, mas também aceita outros sistemas. www.coquim.com.br

Colaboraram para esta matéria

João Manuel Linck Feijó – Engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é atualmente diretor da Ecotelhado. Preside a Associação de Telhados Verdes Brasil (ATVBRASIL) e é o representante brasileiro na WGIN - World Green Infrastructure Network. Desenvolveu os sistemas de infraestrutura verde da Ecotelhado, é incentivador da infraestrutura verde urbana como instrumento eficaz do aumento da biodiversidade. Atua como palestrante desde 2005 em grandes eventos no Brasil e no exterior, destacando palestras no Canadá, México, Colômbia, Montevidéu, Peru e França. Foi vencedor, em 2013, do Concurso Reslient Cities, Cities Alive, San Francisco, EUA, com o Sistema Integrado Ecoesgoto.
Bruno Carettoni – É formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Belas Artes de São Paulo, tendo aprimorado seus conhecimentos em Barcelona ao participar de projetos de arquitetura urbanística, comerciais, de reformas de interiores vinculados ao escritório Ferran Arquitetura. Retornou ao Brasil em 2004 e iniciou sua pesquisa em paisagismo sustentável e na busca de tecnologias de construções ecológicas. Atualmente desenvolve projetos e obras na área de arquitetura ecológica, paisagismo sustentável e reflorestamento, buscando minimizar os grandes impactos gerados pelo homem.
Patrícia Maciel Maia – Empresária, diretora comercial da marca GreenWall Ceramic.