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Saiba evitar a depreciação acelerada de bombas e autobetoneiras

A limpeza diária e outros procedimentos eliminam resíduos de concreto, evitando mau funcionamento e paradas repentinas

Publicado em: 24/10/2016Atualizado em: 19/01/2017

Texto: Redação PE


Pátio de autobetoneiras (Divulgação/ Supermix)

Cada tipo de equipamento utilizado em concretagem deve receber um tratamento específico na manutenção. Mas, com procedimentos diários de limpeza, é possível evitar os entupimentos de bombas e a depreciação acelerada do tambor das autobetoneiras. A rotina de cuidados mantém os intervalos de manutenção regulares e previne a interrupção do trabalho.

COMO OPERAR A LIMPEZA

Orlando Cesar do Rego Junior, mecânico de bombas da Concresul Britagem, explica que, quando os equipamentos de bombeamento de concreto terminam o trabalho no canteiro de obras, eles devem ter o interior da tubulação lavado. O operador utiliza, para isso, a “bola”, uma espuma de alta densidade bombeada por água que desliza por dentro da lança e retira os resíduos. “Ao retornar para a empresa, é feita uma lavagem completa, e a água dos compartimentos que resfriam as manchetas precisa ser trocada”, recomenda.

Ele explica, ainda, que o acúmulo de resíduos de concreto grudado no interior dos tambores das autobetoneiras, por sua vez, pode ser retirado por um pequeno rompedor, utilizado especificamente para isso.

Em geral, o concreto que sobra no tambor da autobetoneira é misturado com água aditivada, para não endurecer. “Esse resíduo permanece até o próximo expediente, quando o tambor é novamente carregado com concreto fresco e o residual continua com a textura preservada, em condições adequadas para ser misturado”, diz.

CUIDADO COM A SECAGEM RÁPIDA DO CONCRETO

Antes de começar o uso diário das bombas, é necessário dar uma primeira bombeada com a ‘nata’, uma espécie de fluido feito com água e cimento que forma uma membrana para revestir o interior da tubulação e facilitar o deslizamento do concreto. Isso porque alguns tipos de concreto secam em 30 minutos.

O gerente de manutenção da Supermix, Alexandre Andrade, reforça que é preciso estar atento à secagem rápida do concreto para evitar problemas na hora do bombeamento. “A tendência é que seque rápido em dias quentes, devido ao consumo elevado de cimento. Deve-se levar em conta, também, a demora no transporte. Se o concreto endurecer na hora do bombeamento, a equipe precisa desmontar a tubulação para limpar”, informa Andrade.

A secagem de concreto nas paredes internas dos tambores das betoneiras pode gerar perdas de produtividade e a depreciação rápida do equipamento. O peso morto do concreto grudado provoca um descompasso no giro do tambor, que acelera e perde a força, podendo causar choque nas engrenagens do redutor e posterior quebra. “Um metro cúbico de concreto pesa em média 2400 kg. Imagine o que meio metro cúbico pode fazer se ficar preso na parede interna da betoneira”, compara Andrade.

CHECK LIST E PEÇAS

Os especialistas observam alguns pontos peculiares a cada equipamento. Por exemplo, o giro do anel de corte das bombas impacta no melhor aproveitamento da peça e evita o desgaste irregular. “É como fazer o rodízio de pneus para equalizar o desgaste. Avaliamos sempre a durabilidade e o desgaste de cada um dos tubos, que também devem passar por um rodízio”, explica Andrade.

O profissional conta que fez o cálculo percentual do preço pago em toda a tubulação de bombeio de uma lança pelo tempo total de uso e que a sua conclusão foi de que compensa adquirir peças originais, embora sejam mais caras. “Isso também se aplica a outras peças, como anel de corte, placa-óculos, mancheta, cilindro de transporte temperado e cromado. Tivemos um cilindro de transporte que bombeou mais de 206 mil m³ de concreto, mas só chegamos a essa quantidade trocando a mancheta a cada 5 mil m³”, expõe Andrade.

FACAS E TAMBORES DAS AUTOBETONEIRAS

O gerente de manutenção da Supermix chama a atenção para o desgaste das facas internas e dos tambores das autobetoneiras. “Para evitar rápida depreciação, instalamos vergalhões que protegem a superfície das facas e otimizam sua vida útil. Aos poucos, esses vergalhões vão sendo substituídos”.

Ainda de acordo com Andrade, as facas internas são trocadas, em média, com 12 a 14 mil m³ de concreto transportado, mas o desgaste do tambor também precisa ser levado em conta. “A faca declina conforme se desgasta e leva mais tempo para fazer a mistura e a rotação do concreto, e isso pode ser observado visualmente. Quando chega entre 26 a 28 mil m³ de concreto transportado, o tambor estará muito fino e sem resistência ao peso do concreto. Portanto, nesse prazo, o tambor deve ser retirado do caminhão e encaminhado para reforma. Na ocasião, o veículo também passa por alguns reparos na cabine, no chassi e em outras partes depreciadas”, arremata o especialista.

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COLABORAÇÃO TÉCNICA

  • Alexandre Andrade, gerente de manutenção da Supermix
  • Orlando Cesar do Rego Junior, mecânico de bombas da Concresul Britagem