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Saiba especificar materiais adequados para casas de praia

Escolha criteriosa evita oxidação e outros problemas decorrentes da maresia e alta umidade

Publicado em: 17/08/2016Atualizado em: 09/11/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Foto: Nelson Kon, Projeto: Casa na Praia Preta – Nitsche Arquitetos

Ter casa na praia é o sonho de muitos brasileiros. Porém, uma preocupação comum é com a manutenção da edificação e os gastos que ela pode trazer. Contudo, segundo o engenheiro Sylvio Ferreira Junior, sócio-proprietário da construtora Tabaporã, especializada no segmento, manter um imóvel no litoral não necessariamente implica altos custos com conservação.

“Grande parte dos problemas acontece quando os materiais usados na obra não são adequados ou têm baixa qualidade. Tentar economizar na construção ou reforma pode, isso sim, acarretar prejuízos futuros”, afirma.

PATOLOGIAS E SOLUÇÕES

As principais patologias e problemas que acometem as construções litorâneas são a oxidação de metais, acelerada pela maresia, e a degradação de outros materiais provocada por características climáticas da região. A alta incidência do sol e a forte umidade causada pela proximidade da Mata Atlântica são responsáveis por danos aos elementos fabricados a partir da madeira, que precisa ser protegida com a aplicação de vernizes.

“O ar úmido colabora com a proliferação de fungos em diferentes superfícies. Porém, se o material atende às normas técnicas e se sua aplicação foi adequada, os microrganismos não causam problemas mais sérios”, destaca o profissional.

Grande parte dos problemas acontece quando os materiais usados na obra não são adequados ou têm baixa qualidade
Sylvio Ferreira Junior

Quando os microrganismos se proliferam em alguma superfície, a resolução do problema começa com a identificação da fonte de umidade. O passo seguinte é limpar a área afetada e, se necessário, refazer o revestimento. Existem no mercado produtos que reduzem a absorção da umidade nos poros dos materiais e também aqueles com a adição de fungicidas, capazes de agir sobre o metabolismo dos fungos e conter seu crescimento.

Prever no projeto arquitetônico soluções que permitam a ventilação cruzada é ação que diminui a incidência do mofo. Nas casas de veraneio que ficam fechadas por longos períodos, a instalação de janelas basculantes colabora com a circulação do ar e previne o aparecimento de fungos. “As esquadrias devem ser, preferencialmente, de alumínio ou PVC. As metálicas e as de madeira podem ser utilizadas, desde que recebam a pintura adequada”, destaca Ferreira.

Aço inoxidável, alumínio ou latão são as matérias-primas mais indicadas para elementos metálicos de acabamento e demais ferragens, como dobradiças e trincos.

As grades em ferro comum devem receber pintura adequada, com fundo protetor. “Caso contrário, em menos de um ano irão enferrujar, e a manutenção consistirá em nova aplicação das soluções de proteção”, exemplifica o engenheiro. Para recuperação de metais, é necessário lixar a peça oxidada e aplicar zarcão ou outros produtos à base de ácidos que, após a aplicação, promovem uma reação química que devolve o aspecto original da peça.

ESTRUTURAS E FACHADAS

Para a estrutura da edificação, os materiais mais indicados são o concreto armado, os blocos de concreto ou os blocos cerâmicos. No caso do concreto armado, as normas técnicas detalham as características que devem ser especificadas a fim de garantir maior durabilidade, como cobrimento da armadura e a relação água/cimento.

Em casas de praia, não existe um material que seja contraindicado. Todos os produtos podem ser aproveitados, desde que recebam a proteção adequada
Sylvio Ferreira Junior

O revestimento externo precisa considerar o efeito da umidade e da maresia. A cerâmica garante proteção natural, já as tintas devem ser acrílicas e as argamassas precisam conter aditivos que as tornem impermeáveis.

Solução simples e de baixo custo para aumentar a durabilidade e melhorar a aparência da fachada, seja pintada ou revestida, é aplicar produtos hidrofugantes – líquidos incolores que têm a propriedade de repelir água. “Em casas de praia, não existe um material que seja contraindicado. Todos os produtos podem ser aproveitados, desde que recebam a proteção adequada”, ressalta o profissional.

FREQUÊNCIA DAS MANUTENÇÕES

A frequência de realização das manutenções é bastante variável, dependendo essencialmente dos cuidados tomados na especificação e aplicação de cada material. “A pintura externa de muros e paredes pode durar de seis meses a quatro anos, em função do tipo de tinta que foi empregado”, exemplifica Ferreira.

CASAS NA CIDADE, CAMPO OU PRAIA

A região onde se constrói tem influência direta sobre os tipos de manutenções necessárias. Em grandes centros urbanos, existe a concentração de indústrias e automóveis que liberam monóxido de carbono e outros agentes agressivos na atmosfera. Em contato com o concreto armado, esse ar poluído pode danificar sua armadura, sendo recomendável atenção redobrada com essas estruturas.

Já na zona rural, a madeira ocupa lugar de destaque nas construções e precisa ser submetida ao tratamento correto para evitar ataques de fungos ou insetos. Renovar essa proteção periodicamente, com a aplicação de produtos como vernizes ou stains impregnantes, é fundamental para garantir a durabilidade do material.

Por fim, na praia, para reduzir a necessidade de manutenções, é importante escolher materiais que suportem bem a ação da maresia e da umidade, como exposto anteriormente.

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Colaboração técnica

Sylvio Ferreira Junior – Engenheiro civil e administrador de empresas. É sócio-proprietário da construtora Tabaporã, que há 23 anos executa projetos de imóveis residenciais em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo.