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Saiba como utilizar o drywall em diferentes situações de obra

Drywall pode ser empregado em diferentes estruturas, receber vedações e revestimentos variados, além de materiais acústicos. Combinação depende da necessidade da obra

Publicado em: 14/10/2011Atualizado em: 12/01/2024

Texto: Redação AECweb

Redação AECweb

Drywall, uma solução completa

Em chapas de gesso acartonado ou cimentícia, o drywall ganha mercado no Brasil por sua leveza, flexibilidade, resistência e desempenho acústico, além da fácil instalação, de alta produtividade e canteiro limpo. Porém, os profissionais têm ainda muito o que aprender sobre o sistema. O engenheiro Itio Iamamoto Junior, diretor Técnico da Engekons Engenharia e Consultoria, consultor técnico e projetista do sistema no Brasil e Estados Unidos, ensina que o primeiro passo é uma boa especificação técnica do projeto executivo de drywall, determinando se o uso será em paredes internas ou externas. A partir daí, há uma série de recomendações focadas nas relevâncias técnicas para as tipologias.

“Inicialmente, na fase de diretrizes de projeto executivo, as tipologias são as combinações dos elementos do drywall, constituídas das chapas, somadas a estrutura leve – normalmente em aço galvanizado tipo B, mas que pode variar quanto ao tamanho e espessura, de acordo com a função na aplicação; e do preenchimento interno, que pode ser com lã mineral ou outros materiais. A relevância técnica deve considerar, em ordem de importância, a resistência mecânica, corta-fogo, umidade; isolamento acústico; e elementos com compatibilizações com instalações a serem embutidas ou reforços”, explica.

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Segundo Itio Iamamoto, é preciso conhecer o índice de resistência mecânica necessário para determinar o sistema a ser utilizado. “Se tenho a edificação de uma fachada numa área de fortes ventos de 150 km/hora, qual a tipologia que devo usar? E se for a parede interna de um corredor de hospital onde vai bater a maca?”, indaga o engenheiro para dizer que existem parâmetros e tabelas para identificar o nível de impacto e que, em geral, o fabricante e empresas de projeto executivo de drywall fornecem uma tabela comparativa e informações que sugerem as corretas tipologias. “Mas, quando a obra é muito complexa, o ideal é buscar o apoio de um consultor especialista em drywall”, sugere. Afinal, a especificação da tipologia deve oferecer resistência mecânica a impactos ou à própria pressão de ventos, respeitando sempre a norma técnica específica para cada tipo de obra e interfaces.

Drywall, uma solução completa
Exemplos de ambientes com placas de drywall.

Outro aspecto de relevância técnica é a função corta-fogo, quando exigida pelo Corpo de Bombeiros, e sobre a qual há uma vasta legislação. “Numa fachada, quando se quer vedar o fogo de um andar para o outro, ou até mesmo internamente para isolar o fogo de um ambiente para o outro, em rotas de fuga, devem ser utilizadas tipologias já endossadas. A norma técnica exige chapas de 15 mm e não mais de 12,5 mm como antes, porque a vermiculita foi substituída pelo gesso – material mais econômico. Assim, o correto, hoje, é usar quatro chapas de drywall rosa (RF), sendo duas de cada lado, que asseguram a função corta fogo por até 120 minutos”, exemplifica, lembrando que essa opção é a mais solicitada em obras.

Considerando a incidência de chuva na fachada, a melhor opção é usar chapa cimentícia na face que sofre a exposição à água e, na interna, um drywall convencional. “É necessário fazer uma proteção pelicular para evitar a condensação, pois por mais que se impermeabilize a fachada, a troca de calor no evento de mudança de temperatura poderá danificar o drywall interno, que tem o gesso – altamente sensível à umidade direta - como o principal componente”, observa Iamamoto. A estrutura ideal para o uso externo deve ser sempre o sistema LSF – Light Steel Frame – estrutura leve em aço com espessura normalmente igual a 0,95 mm ou maior, ou seja, mais resistente. Internamente, fica dispensado esse sistema, pois a exigência de resistência mecânica é menor. “Hoje, já temos muitas edificações prediais, residenciais, galpões ou até mesmo grandes agências executadas totalmente em drywall, sem o uso da alvenaria, tudo em drywall LSF e drywall comum”, diz.

Já em áreas molhadas, como o box de banheiro, além da tipologia da estruturação ser mais rígida para resistir a um eventual impacto mais forte que pode gerar micro-fissuras no revestimento, a chapa de drywall tem que ser a RU - impermeabilizada para evitar a penetração de umidade no gesso. “Aí há uma importante diferença entre a chapa RU, resistente a umidade, e a chapa cimentícia, que é à prova de umidade direta e água, podendo ficar anos dentro da água que não deteriora. É normal observarmos em algumas obras que, por falta de conhecimento, treinamento e capacitação técnica em drywall, se instale placa RU externamente ou sem impermeabilização: chega um momento em que ela vai destacar o cartão com fungos e, depois, apodrecer”, avisa o consultor.

Na sequência das relevâncias técnicas, entra o isolamento acústico. “O projeto ou relatório de acústica desenvolvido por um consultor especializado nesse tema, resultará em tipologia nem sempre compatível com as demais exigências técnicas. O profissional de acústica, por falta de conhecimento em engenharia do sistema drywall, especifica sem considerar as exigências mecânicas, corta fogo e umidade”, observa. É possível, no entanto, ter uma parede drywall com todos esses elementos contemplados num único projeto, com ótimo isolamento acústico. “Benefícios que muitas vezes a alvenaria não tem”, diz.

 

O isolamento acústico não exige, necessariamente, o uso de mantas internas entre as placas. Itio Iamamoto cita a fórmula M1 + Mola + M2 e explica: “M1 é um lado da parede que representa massa, no caso, quantidade de chapas de drywall. Mola representa a cavidade interna, o vazio, e M2 o outro lado da parede”, explica. Em sala de cinema – ambiente que exige ótimo isolamento acústico – ele utilizou em vários projetos três chapas de um lado da parede e duas do outro. “Por uma questão de combinação de massas, seis chapas não dão um resultado acústico tão bom quanto duas e três, com cavidade de 25 cm a 30 cm, ou maior. A introdução de lã de rocha e lã de vidro cumpre uma boa função e, mesmo em ambientes hospitalares e de saúde, são aceitos pela Anvisa. Quando se trata de outros materiais para o preenchimento da cavidade, é preciso ter um laudo de desempenho e endosso dos órgãos”, comenta.

 

Para atingir níveis ainda maiores de isolamento acústico nas paredes de drywall, é possível colar uma fita emborrachada – semelhante ao neoprene – nas vigas e montantes em todo o perímetro de vedação que faz contato com áreas sólidas, denominada ‘banda acústica’. “Isso evita a transferência do som de baixa freqüência”, acrescenta. A entrada em vigor da NBR 15575 – Norma de Desempenho das Edificações de até 05 Pavimentos –, no início do próximo ano, deverá levar a construção civil a uma adesão ainda maior ao sistema drywall, em função das exigências de isolamento acústico que fará. “O drywall tem função múltipla. Hoje, os estúdios de gravações e similares são todos feitos com esse sistema. Afinal, o drywall é leve, prático, arquitetônicamente flexível, resulta numa obra mais limpa, permite treinar a mão de obra mais facilmente e consegue chegar a níveis altíssimos de isolamento acústico, através de combinações de tipologias e número de chapas, aumentando a cavidade, como se fosse montar um sanduíche”, afirma.

O drywall recebe qualquer tipo de revestimento, com alguns cuidados como o uso de argamassa flexível específica para o material; não encostar as chapas no piso; em área molhada usar mastique – ou seja, material não condutor de umidade por capilaridade – e cola específica para fórmica, sem diluição, para evitar ondulações. “O segredo do revestimento do drywall é o bom tratamento das juntas e preparo”, diz o consultor.

Drywall, uma solução completa
Itio Iamamoto Júnior, diretor técnico da Engekons Engenharia e Consultoria.

Itio Iamamoto conclui, dizendo que “não basta ter um bom projeto executivo elaborado por especialistas, mas é fundamental a mudança na gestão da obra, ou seja, o operacional tem que se modernizar com linguagem simples e objetiva na contratação e na execução na obra”.

Redação AECweb


Itio Iamamoto Junior é engenheiro civil formado nos Estados Unidos, onde cursou também Administração de Empresas. No Brasil, fez pós graduação em Marketing. Entre 1986 a 1997, estudou e trabalhou na produção, projetos e desenvolvimentos do drywall no Canadá e EUA. Desde 1998, desenvolve projetos, produtos, treinamentos, vídeos, procedimentos, compatibilizações e instruções para o drywall no Brasil. Acumula a experiência de consultoria e projeto em mais de 37 milhões de m²  de obras em drywall drywall no Brasil e exterior. Vídeos produzidos para INPAR – “ Introdução ao Drywall” e “ A Nova Casa” – sobre manutenção no drywall. Criou e desenvolveu o site www.portaldrywall.com.br .