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Saiba como garantir a segurança do sistema de aquecimento a gás

Instalação em ambiente com ventilação permanente e escolha de equipamentos adequados, como válvulas termostáticas e controladores de pressão, são ações fundamentais. Veja outras

Publicado em: 13/03/2018Atualizado em: 26/03/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Os sistemas de aquecimento de água a gás ainda encontram resistência por serem considerados perigosos (crédito: shutterstock.com / Ksander)

Apesar do alto custo de instalação, o sistema de aquecimento de água a gás proporciona economia ao longo de sua vida útil, que é, em média, de 15 anos. A solução tende a apresentar melhores resultados em relação aos equipamentos elétricos quando presente em edificações com quantidade elevada de ocupantes. Além das vantagens financeiras, há ainda ganhos no conforto com a maior vazão do chuveiro no momento do banho.

Mesmo com os diferentes benefícios oferecidos, a solução sofre algum preconceito devido às dúvidas sobre segurança. Mas o temor não se justifica, pois os sistemas modernos contam com dispositivos que evitam o vazamento de gás ou a ocorrência de qualquer tipo de acidente. “A maior preocupação deve ser com os aparelhos, pois a tubulação não oferece risco”, comenta o engenheiro Ederson Fanti, titular da EFPE Projetos e Engenharia.

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CUIDADOS DE PROJETO

A segurança do sistema de aquecimento de água a gás começa com os devidos cuidados na fase de projeto. O profissional responsável precisa, por exemplo, prever que os equipamentos sejam instalados em ambiente com ventilação permanente, que evitará o acúmulo de gás em caso de vazamentos. “Há, ainda, a fumaça gerada no maquinário, que pode escapar para dentro da edificação e causar morte por intoxicação de CO2”, diz o especialista.

É também nesta etapa que o projetista analisa as características do empreendimento, a fim de determinar qual solução terá o melhor desempenho. Entre as opções está o sistema de aquecimento central ou a instalação de equipamentos individuais, no caso de edifício com muitos apartamentos. “Outros levantamentos importantes são a quantidade de pontos e o nível de vazão ideal”, afirma Fanti.

A maior preocupação deve ser com os aparelhos, pois a tubulação não oferece risco
Ederson Fanti

ELEMENTOS DE SEGURANÇA

O sistema tem, entre seus componentes, equipamentos eletrônicos que são responsáveis por regular a vazão e a queima do gás, além de identificar possíveis vazamentos. Já entre os elementos mais importantes para garantir a segurança estão as válvulas termostáticas e os controladores de pressão. “Os termostatos regulam e limitam as temperaturas da rede de distribuição, evitando superaquecimentos que danificam a instalação”, explica o engenheiro.

Já as válvulas de controle de pressão e os limitadores são responsáveis por regular a força no interior do sistema. “Instalações de água quente apresentam variações de pressão por conta da expansão térmica. Se não houver um sistema de alívio, a tubulação pode romper”, comenta o especialista. Outro elemento importante é o dispositivo de recirculação, que mantém a água em movimento para equalizar sua temperatura, evitando queimaduras aos usuários.

Alguns sistemas mais modernos, nomeados digitais, apresentam dispositivos eletrônicos que fazem diagnóstico constante das instalações. Em caso de problemas, o usuário é avisado por alguma mensagem exibida no display. Com isso, o morador pode entrar em contato com a assistência técnica e informar qual o código de erro, sendo que, muitas vezes, é possível que o próprio usuário resolva a situação com as orientações passadas por telefone.

ALIMENTAÇÃO, COMBUSTÃO E VAZAMENTOS

A alimentação do sistema não apresenta grandes riscos quando são usadas válvulas de sobrepressão ou de alívio, que absorvem e liberam eventuais picos de pressão. Neste ponto da instalação também é possível inserir algum elemento de detecção de vazamentos. “No entanto, o uso das válvulas de alívio e do sistema de detecção de vazamento não é obrigatório no Brasil”, destaca Fanti.

Se a legislação nacional negligencia a presença de determinados elementos de segurança no sistema, a mesma passividade não acontece com os riscos de combustão. As normas brasileiras são bastante claras ao determinarem que os equipamentos têm que estar em ambientes arejados. “Com isso, dentro de um sistema bem projetado, o risco de combustão é mínimo. Afinal, para que haja uma explosão, o gás precisa estar confinado”, ressalta o engenheiro.

Mesmo incorporando todos os elementos de segurança, é impossível garantir que o sistema estará constantemente imune aos vazamentos. “A melhor maneira de eliminar os riscos mais graves é com a ventilação permanente e fixa”, destaca o especialista. Assim que o usuário detecta que algo de errado acontece com o sistema, o ideal é informar rapidamente a empresa responsável e solicitar a manutenção.

Instalações de água quente apresentam variações de pressão por conta da expansão térmica. Se não houver um sistema de alívio, a tubulação pode romper
Ederson Fanti

MANUTENÇÃO

A manutenção corretiva do sistema precisa ser realizada por profissional capacitado. Em nenhuma hipótese o ocupante da edificação deve tentar solucionar por conta própria qualquer problema verificado no equipamento de aquecimento, pois, além dos riscos de danificar os aparelhos, há também o perigo de causar acidentes graves, como explosões ou intoxicações.

“O ideal é que sejam realizadas inspeções periódicas a cada seis meses. No entanto, essa não é uma exigência das normas técnicas”, explica Fanti. No procedimento preventivo, é preciso verificar a existência de vazamentos, testar o funcionamento dos aquecedores e procurar por possíveis obstruções nos sistemas de ventilação. Também é recomendável averiguar o estado dos dutos da chaminé, pressão, bicos de entrada do gás e da água e queimadores.

SEGURANÇA NO CONSUMO DE ÁGUA QUENTE

Uma das principais desvantagens do sistema de aquecimento a gás é que o primeiro jato da torneira ou chuveiro sai com temperatura baixa e vai esquentando aos poucos. Para evitar o desperdício, o ideal é coletar essa água e utilizá-la em outras atividades. A presença de termostatos na instalação garante a regulagem da temperatura da água, evitando que o usuário sofra qualquer tipo de queimadura.

Uma prática bastante comum no país é abrir tanto a torneira de água fria quanto a que fornece água quente a fim de encontrar a temperatura ideal. No entanto, esse procedimento acaba resultando em um aumento no consumo do gás. O ideal é sempre utilizar o termostato do equipamento para realizar esse tipo de controle.

NORMAS TÉCNICAS

A ABNT NBR 15575 — Edificações Habitacionais determina que a vida útil mínima das instalações hidrossanitárias deve ser de 20 anos. Além disso, o texto apresenta determinações sobre a manutenção e aborda a separação física das tubulações de água fria potável e não potável, em consonância com as tendências atuais de reúso.

Já para especificação e execução do sistema, é indispensável sempre seguir as recomendações da ABNT NBR 7198 — Projeto e execução de instalações prediais de água quente. “O ideal é que o documento seja aproveitado em conjunto com a ABNT NBR 8130 — Aquecedor de água a gás tipo instantâneo — Requisitos e métodos de ensaio”, finaliza Fanti.

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Colaboração técnica

Ederson Ismael Baiardi Fanti – Engenheiro civil pela Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas. É proprietário da EFPE Projetos e Engenharia e da EFCT – Cursos e Treinamentos. Especialista em desenvolvimento, gerenciamento e coordenação de projetos de instalações prediais hidráulicas, combate a incêndio e projetos de saneamento básico englobando redes públicas de água, esgoto e drenagem urbana. Foi responsável pela coordenação e elaboração de centenas de projetos de instalações prediais hidráulicas de edifícios residenciais e comerciais. Ministra cursos presenciais para as áreas de saneamento e instalações prediais desde 2012 em associações e escolas especializadas, e também na modalidade EAD para profissionais de engenharia, arquitetura e construção civil.