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Saiba como contratar serviços de demolição

Regularização da empresa, equipamentos em pleno estado de conservação e boas práticas na gestão de resíduos são critérios a serem adotados na seleção de demolidoras. Entenda

Publicado em: 30/10/2019Atualizado em: 08/11/2019

Texto: Juliana Nakamura

demolição de estruturas
O número de viagens que o demolidor realizará impacta diretamente nos custos do serviço (foto: Peter Grosch/shutterstock)

Serviços de demolição são atividades críticas em uma obra. Primeiro porque são destrutivas, envolvendo riscos e transtornos à vizinhança. Além disso, a demolição acontece em um estágio inicial da construção, para preparar o terreno para implantação do canteiro. Qualquer atraso nessa etapa significa começar a empreitada já com problemas.

A empresa precisa ter todos os seus funcionários devidamente registrados e trabalhar com transportadores licenciados. Os seus equipamentos precisam estar em dia para atender ao prazo exigido na contratação
Tiago Alves

Por tudo isso, remover estruturas existentes de um lote requer a contratação criteriosa de uma empresa especializada. Essa seleção não pode prescindir de cuidados, como conferir a regularização da prestadora junto aos organismos de classe. “A empresa precisa ter todos os seus funcionários devidamente registrados e trabalhar com transportadores licenciados. Os seus equipamentos precisam estar em dia para atender ao prazo exigido na contratação”, lista o engenheiro Tiago Alves, coordenador de serviços extra-muros da Construtora Trisul.

Alves lembra que as construtoras são responsáveis solidárias pelos funcionários da contratada dentro da obra. “Isso significa que devem fiscalizar sua atuação e conferir se todos estão trabalhando em conformidade com as leis e as normas de segurança”, destaca.

ORÇAMENTO DE DEMOLIÇÃO

A tomada de preços para contratar serviços de demolição deve ser realizada a partir de dados equalizados. Normalmente as partes combinam preços globais para execução dos serviços. Mas, além do custo, a proposta deve trazer o tempo necessário para a realização dos trabalhos e a data de início. O contratante, por sua vez, deve indicar se a demolição será integral até o nível do piso e quem ficará responsável pela remoção e destinação dos resíduos.

Um fator que impacta bastante os custos é o número de viagens que o demolidor terá de realizar para a destinação adequada dos resíduos da demolição.

Para definir a metodologia e a especificação das máquinas, duas informações imprescindíveis são: o volume de concreto a ser removido e o prazo para conclusão do trabalho
Fábio Bruno Pinto

“Para definir a metodologia e a especificação das máquinas, duas informações imprescindíveis são: o volume de concreto a ser removido e o prazo para conclusão do trabalho”, diz o engenheiro Fábio Bruno Pinto, diretor operacional da Fábio Bruno Construções. As características do local também influenciam a definição dos equipamentos. “Há casos em que o canteiro não permite o uso de uma escavadeira de grande porte. Nessas situações, a saída é recorrer a uma máquina menor e/ou alongar o prazo de realização do serviço”, comenta Bruno.

TÉCNICAS DE DEMOLIÇÃO

As características da estrutura, o prazo, e o objetivo final (construção ou retrofit) definem o método de demolição mais adequado. Indicada para remoção de pequenas construções, a demolição convencional utiliza métodos percussivos para a retirar concreto, alvenaria e revestimentos.

Condições mais complexas, como a necessidade de preservar parte das estruturas existentes ou vizinhança sensível a ruídos, podem exigir a adoção de demolição controlada realizada com processos de corte e perfuração, como:

• Perfuração diamantada – É realizada com equipamento elétrico ou hidráulico ao qual se acopla a serra copo.
• Perfuração percussiva – Utiliza equipamentos manuais retropercussivos com brocas de metal duro. É indicada para realização de furos de pequenos diâmetros e profundidades.
• Corte de pisos e lajes – Utiliza serras sobre rodas impulsionadas por motores a combustão ou elétricos.
• Corte de paredes – Realiza o corte retilíneo de aberturas e rasgos em paredes verticais e inclinadas com serra circular.
• Serras portáteis – Usadas para fazer pequenas aberturas, rasgos e cortes em paredes finas (5 cm a 10 cm de espessura). São indicadas para serviços em locais confinados ou de difícil acesso.

DEMOLIÇÃO POR IMPLOSÃO

Quando é necessário demolir construções de médio e grande porte, o uso de explosivos pode ser a melhor opção. Esse tipo de técnica normalmente utiliza explosivos gelatinosos e temporizadores não elétricos para a implosão de pontos específicos da estrutura, fazendo com que ela entre em colapso generalizado.

Embora essa técnica proporcione agilidade e baixo custo, em comparação com a demolição mecânica, a demolição com explosivos requer uma avaliação de riscos extremamente cuidadosa para minimizar problemas com a projeção de materiais, a vibração do terreno e a geração de ruídos e gases prejudiciais à saúde.

GESTÃO DE RESÍDUOS

Seja qual for a técnica de demolição utilizada, a destinação dos resíduos é um aspecto que demanda cada vez mais atenção das construtoras, sobretudo daquelas que buscam certificações ambientais. A Trisul, por exemplo, impõe como condição para contratação de demolidoras a comprovação de que pelo menos 80% dos resíduos de demolição serão encaminhados para reaproveitamento. Os resíduos de construção e demolição (RCD) podem ser empregados como agregado em obras de construção civil em concretos sem função estrutural e em obras de pavimentação, por exemplo.

Tiago Alves destaca duas boas práticas para as construtoras relacionadas a serviços de demolição. A primeira é, sempre que possível, instalar no próprio canteiro equipamentos de britagem para uma segregação mais fina dos resíduos. Isso racionaliza o transporte para as usinas de beneficiamento.

O engenheiro destaca, ainda, a importância de comunicar aos vizinhos que a demolição causará ruídos, mas durante um intervalo de tempo determinado. “Essa é uma oportunidade para a construtora se colocar à disposição dos vizinhos caso eles tenham alguma reclamação e iniciar um bom relacionamento”, conclui Alves.

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Colaboração técnica

Tiago Alves – Engenheiro civil, é coordenador de serviços extramuros da Construtora Trisul.
Fábio Bruno Pinto – Engenheiro de minas pela Universidade Federal de Minas Gerais, é diretor operacional da Fábio Bruno Construções, empresa especializada em demolições.