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Rede 5G vai agilizar a gestão da construção de edifícios

Entre as atividades que devem ganhar com a velocidade e segurança da nova tecnologia estão planejamento e controle, gestão da qualidade e logística. Confira a seguir!

Publicado em: 04/01/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

foto de uma pessoa segurando uma espátula e uma tabua com argamassa líquida em cima
(Foto: Shutterstock)

A Internet 5G, tecnologia com maior alcance e velocidade, deverá trazer melhorias ao fluxo de comunicações e transferências de dados entre os agentes envolvidos.

Com a nova geração de redes móveis, as construtoras poderão ampliar o uso de ferramentas online para a gestão da construção dos edifícios em diferentes áreas de aplicação. Os benefícios vão desde o planejamento e controle, passando pela gestão da qualidade, captura do executado, sensoriamento, controle de fluxos e logística de canteiro de obras, entre outros.

"A construção civil adota processos que precisam ser melhorados"
Leonardo Manzione

Ele aponta para a gestão como o grande guarda-chuva, enquanto a tecnologia da informação é o motor, que propicia modelos mais eficazes de comunicação. Com isso, a implantação dessa e de outras tecnologias implicam mudanças culturais das empresas e dos profissionais. “Isso é o mais importante”, afirma.

Para o engenheiro Milton Bigucci, diretor Técnico da construtora MBigucci, a rede de alta velocidade é bem-vinda. “Sem ela, atividades como a conferência de materiais no tablet ou celular, por exemplo, demoram um pouco. Com o 5G será automático, o engenheiro poderá vistoriar e imediatamente vai cair na rede, facilitando a comunicação entre os membros da equipe”, avalia.

O BIM ganha com o 5G

De acordo com Manzione, a nova tecnologia vai imprimir velocidade à conexão entre os servidores de modelo BIM (ambientes comuns de dados) e os usuários. “Permitirá fluxo de trabalho em tempo real sem as latências atualmente existentes”, diz. Ele lembra que, durante a execução da obra, as atualizações decorrentes das alterações no projeto, como nas especificações ou mesmo em equipamentos, alcançam maior eficiência, porque são mais rápidas.

Bigucci concorda e constata as vantagens do 5G. “A integração entre os projetos ganha agilidade na etapa de execução, em situações em que os players precisam tomar decisões imediatas.” As dúvidas surgidas no canteiro podem ser solucionadas pelo celular, com a engenharia falando diretamente com o projetista, enviando arquivos pesados de fotos ou do projeto que utiliza o BIM.

"A integração entre os projetos ganha agilidade na etapa de execução, em situações em que os players precisam tomar decisões imediatas"
 Milton Bigucci Junior

Manzione não tem dúvida de que essa tecnologia veio para somar. “Quando a obra termina, a construtora tem um prédio virtual exatamente igual ao real, aliás, foco perseguido pela modelagem”. E tudo alinhado com a ISO 19650, norma que cuida da gestão da informação do BIM.

Leia também: O que é uma biblioteca BIM?

Gestão dos empreendimentos

Ao longo da vida útil da edificação, a gestão do ativo também ganha com o 5G por meio da implantação de dispositivos e sensores ao edifício, através da Internet das Coisas (IoT). Isso torna possível o monitoramento em tempo real do prédio pronto que foi modelado em BIM, conceito conhecido como gêmeo digital.

Os infindáveis relatórios cedem a vez ao controle online de tudo o que está acontecendo no edifício, como ar-condicionado, temperatura, abertura e fechamento de portas, luzes, reserva de sala, solicitação de manutenção. “É possível executar infinitas ações, inclusive monitorar o consumo de energia elétrica e água, desde que se tenha o modelo do edifício executado e o modelo BIM na nuvem”, acrescenta Manzione.

Equipamentos autônomos

O 5G garante velocidade e segurança na comunicação de máquinas e dispositivos operados através das redes móveis. É o caso das máquinas autônomas ou remotas, drones e dos pequenos robôs que inspecionam tubulações.

“A adoção desses equipamentos pelas construtoras, no entanto, vai depender de outros fatores, como mão de obra e custos. Mas, certamente, o 5G deverá impulsionar a expansão dessas tecnologias”, acredita Bigucci.

Isso vale para construtoras e incorporadoras que, atentas à transparência de seus processos, optam por transmitir o andamento das obras em tempo real. Manzione apenas observa que esse tipo de iniciativa envolve aspectos legais e de políticas estratégicas das empresas.

Leia também: Como utilizar o BIM em projeto estrutural?

Colaboração técnica

Leonardo Manzione – É doutor em Engenharia Civil e professor do MBA da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – POLI-USP em Planejamento do processo de projeto e de BIM da Universidade Tecnológica do Peru – UTEC. Tem 42 anos de experiência no mercado e 16 na academia. Foi o primeiro PhD em BIM no Brasil e autor do primeiro manual BIM (Santa Catarina). É autor do livro BIM e Inovação em Gestão de Projetos; membro da comissão que traduziu a ISO 19650 para a ABNT; coordenador da Norma ABNT sobre o CDE (PR 1015); pesquisador internacional em BIM, com diversos artigos publicados em congressos.
Milton Bigucci Junior – Engenheiro civil, formado pelo Instituto Mauá de Tecnologia, e advogado, pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Possui 37 anos de experiência no mercado. É diretor Técnico e de Energia Sustentável da Construtora e Incorporadora MBigucci, uma das mais tradicionais da Região do ABC com mais de 1 milhão de m² construídos. É também presidente da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC, que representa o Secovi/SP na Região do ABC paulista, além de ser membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP.