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Quer acertar na escolha da esquadria? Confira informações e dicas

Com custo que varia entre 10 e 15% do valor total da obra, produto tem qualidade cercada por normas técnicas e funções relevantes para o bem-estar dos moradores

Publicado em: 28/09/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Como escolher esquadrias
Cada ambiente pede um tipo específico de esquadria (Foto: sevasaves1/Shutterstock)

Entre as várias tipologias de esquadrias, destacam-se as de correr com persiana integrada que liberam a totalidade do vão, de abrir, maxim-ar, guilhotina e camarão. A escolha para cada ambiente deve considerar, principalmente, as necessidades do morador e a contribuição do produto à iluminação e à ventilação natural. Além da estética, quesitos igualmente importantes são a praticidade de uso, facilidade de manuseio, limpeza e manutenção a longo prazo.

Janelas e portas são protagonistas na transição dos moradores entre os ambientes internos e externos. Por meio delas é possível controlar a entrada de luz, o fluxo da ventilação natural, a acústica e a contemplação da paisagem
Audrey Dias

“Janelas e portas são protagonistas na transição dos moradores entre os ambientes internos e externos. Por meio delas é possível controlar a entrada de luz, o fluxo da ventilação natural, a acústica e a contemplação da paisagem”, diz a arquiteta Audrey Dias, sócia-diretora do Grupo Aluparts – consultoria em fachadas, esquadrias e vidros.

Os produtos disponíveis no mercado apresentam uma infinidade de materiais, tipologias, sistemas, acessórios e funcionalidades. O melhor deles é aquele que atende aos requisitos de segurança, habitabilidade e sustentabilidade, previstos na norma de Desempenho ABNT NBR 15575.

“A seleção deve considerar as dimensões do ambiente e a atenção a requisitos como conforto acústico, térmico e privacidade, juntamente com as demandas do projeto arquitetônico, como estética e segurança”, recomenda. Quando corretamente aplicadas, as esquadrias ressaltam o projeto, trazem conforto, funcionalidade, charme e sofisticação aos ambientes, além de valorizar o imóvel.

Esquadrias especiais
Esquadrias de alumínio padronizadas

Tipologias para cada ambiente

Mais do que em qualquer outro cômodo da casa, as áreas sociais, como as salas, pedem a máxima abertura de vãos com amplos caixilhos. “Portas de correr com recolhimento de todas as folhas para o mesmo lado e trilho embutido no piso são as opções mais recomendadas. Elas auxiliam na integração entre os ambientes, iluminação e ventilação permanentes”, orienta Dias.

Muitas vezes, os dormitórios são usados não só para descanso, mas também para estudo ou trabalho. Por isso, devem receber esquadrias com tipologias e acessórios para controle da iluminação e ventilação natural. “Dormir em um local escuro e fresco é importante para o cérebro e o bem-estar. Aqui recomendamos sempre soluções amplas e com persianas integradas, que asseguram 100% de iluminação, podendo ser inclusive automatizadas”, fala.

Na cozinha, as janelas de correr são alternativas perfeitas para garantir a abertura de até 50% do vão, além de proporcionar condições ideais de iluminação, limpeza e manutenção. No caso dos banheiros, em geral as esquadrias são discretas e menores, em razão da privacidade. Preferencialmente são instaladas na região do box e recebem vidros foscos. Entre as tipologias, a mais usual é a janela maxim-ar, que permite excelente ventilação, fácil limpeza e boa iluminação.

A arquiteta destaca que há uma cultura de negligência com os ambientes destinados aos serviços e aos empregados. “Não compartilhamos desse pensamento. Entendemos que essas dependências e seus caixilhos devem acompanhar o mesmo padrão de qualidade adotado no restante da casa. É, inclusive, uma maneira de garantir harmonia arquitetônica e, em custos, o aproveitamento dos materiais”, diz.

Vale lembrar que a ABNT NBR 10821-4 2017 estabelece requisitos para a passagem de luz. “Isso significa que ambientes de permanência prolongada, como salas e dormitórios, devem ter aberturas para a iluminação com áreas que atendam à legislação específica”, frisa Dias, referindo-se aos códigos de obras municipais que estipulam a proporcionalidade da área dos vãos em relação à área total do ambiente. Quando não houver, devem ser adotados os valores indicados em norma.

Home theater e home office

Os elementos que garantem o isolamento acústico dos ambientes são laje, forro, paredes, esquadrias e portas internas. “Portanto, as esquadrias colaboram de maneira significativa, mas não são as únicas responsáveis”, ressalta.

Considerando esse princípio, a arquiteta indica caixilhos e vidros acústicos para o home theater. Como o ambiente demanda pouca luz, podem ser empregadas esquadrias menores, que auxiliem no controle da entrada da iluminação natural. “A estratégia aumenta a visibilidade da tela e torna o ambiente mais aconchegante e adequado à sua finalidade”, diz, lembrando que, caso o cômodo tenha grandes aberturas, as cortinas blackout são a melhor solução.

A preocupação com o ruído que invade o ambiente de quem trabalha em casa é um desafio à parte, que implica controlar os sons internos e externos. “Para a redução dos ruídos externos, o ideal é analisar se é preciso substituir as esquadrias existentes. Às vezes, a solução está apenas numa boa e eficiente manutenção, com a verificação da vedação perimetral, eliminação de frestas e substituição de componentes de vedação, como gaxetas e escovas. Ou, ainda, investir em esquadrias acústicas, que auxiliam na absorção sonora”, destaca.

No litoral

Para obras no litoral, os materiais mais adequados são alumínio, madeira ou PVC. A arquiteta adverte que, mesmo o alumínio sendo um material altamente resistente à corrosão, o tratamento da superfície é indispensável – seja por meio da pintura eletrostática ou da anodização. “É uma carga extra de proteção, garantindo mais resistência e durabilidade, além de embelezar e ressaltar o design das esquadrias”, diz.

A madeira também é largamente usada, pois confere um aspecto rústico e aconchegante à casa de praia. Mas, ao usar caixilhos em madeira, as dobradiças devem ser de aço inox, pois as de ferro são corroídas pela maresia. Se forem esquadrias de madeira pintadas, é preciso aplicar prime de proteção antes da pintura. “Optar pela madeira vai demandar maior cuidado na manutenção a longo prazo”, adverte Dias.

O PVC também é um material versátil, resistente à oxidação e conta com uma excelente performance térmica e acústica. Porém, aquelas estruturadas com perfis de aço se tornam inviáveis no litoral.

“À beira-mar, a opção menos recomendada são as antigas portas e janelas de ferro. Apesar de tradicionais, estruturalmente resistentes e com custo mais acessível, elas têm menor capacidade de se manterem intactas diante da maresia”, fala, acrescentando que são mais pesadas e exigem manutenção com maior frequência, como proteção contra ferrugem, pintura de acabamento e regulagens de dobradiças e acessórios.

Normas técnicas

O padrão mínimo dos perfis que compõem os caixilhos deve atender à norma, além, é claro, da resistência mecânica, conforme dimensões e locais onde serão aplicados
Audrey Dias

As esquadrias e seus vidros têm peso financeiro importante nas obras, com custos que variam entre 10 e 15% do valor total da edificação. Por outro lado, sua qualidade é protegida por normas técnicas, a começar pela ABNT NBR 10821 que determina requisitos quanto à permeabilidade ao ar, estanqueidade à água, resistência a cargas de vento e ao uso. “O padrão mínimo dos perfis que compõem os caixilhos deve atender à norma, além, é claro, da resistência mecânica, conforme dimensões e locais onde serão aplicados”, reforça.

A norma de Desempenho ABNT NBR 15575 também se ocupa do atendimento a níveis mínimos obrigatórios para conforto térmico e lumínico. “Para isso, são definidas metodologias de simulação da performance desses quesitos, a fim de ajustar aspectos da construção ainda em etapa de projeto, assim como os níveis mínimos de conforto de iluminação natural e artificial nos ambientes”, ressalta Dias.

Os vidros merecem atenção redobrada, até mesmo pelo risco de acidentes fatais. A ABNT NBR 7199 prevê que os vidros instalados abaixo da cota de 1,10 m em relação ao piso, em qualquer pavimento, devem ser de segurança (laminado, temperado ou aramado). “Caso a esquadria tenha uma travessa horizontal, é possível compor com dois tipos de vidro, sendo a parte de baixo sempre de segurança. As janelas que dão para o exterior, acima de 1,50 m, devem contar com peitoril fixo”, destaca Audrey Dias.

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Colaboração técnica

Audrey Dias
Audrey Dias – É arquiteta formada pela Faculdade de Artes Alcântara Machado (2005), com MBA em Business. Sócia-diretora do Grupo Aluparts, que atua há 30 anos como consultores especializados em projeto de fachadas, esquadrias de alumínio, vidros e revestimentos em ACM. E, também, na identificação e recuperação de patologias das fachadas envidraçadas, com foco na melhoria do desempenho, estanqueidade, segurança e atendimento às normas técnicas.