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Qual o telhado ideal para a sua casa? Conheça seis tipos e faça a escolha certa

Aparente, curvo, embutido, com jardim... são muitas as opções de cobertura para residências e, antes de decidir por uma ou outra, analise fatores como custo, conforto térmico e conceito arquitetônico

Publicado em: 28/02/2018Atualizado em: 17/12/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Uma das primeiras etapas de um projeto residencial é justamente a definição do modelo de telhado mais adequado para aquela construção. Embora a maioria das residências brasileiras tenha telhados aparentes inclinados, existem diversos outros tipos de coberturas que atendem a exigências específicas, desde conforto até aparência. Por exemplo, em projetos que buscam uma linguagem mais contemporânea, arquitetos têm dado preferência a telhados embutidos. Quando a proposta é alojar um sótão na cobertura, o tipo mansarda é o mais indicado. Veja, a seguir, as características de seis diferentes tipos de telhado e escolha aquele que combina melhor com o estilo e as necessidades da sua casa.

O telhado aparente inclinado é o mais utilizado no país (crédito: Gustavo Frazao / Shutterstock)

TELHADO APARENTE INCLINADO

Composto por telhas simples sobre uma estrutura de madeira, o telhado aparente inclinado é o mais utilizado no Brasil. “Pode ser executado em uma ou mais águas cuja inclinação mínima (de 30% a 35%) deve seguir as especificações do modelo da telha: colonial, romana, francesa, americana ou portuguesa”, explica a arquiteta Carmem Ávila.

A quantidade de águas deve ser definida ainda no início da obra e não se trata apenas de uma questão estética. “É fundamental levarmos em consideração diversos aspectos: a construção é uma casa geminada? Para quais locais podemos direcionar a queda das águas pluviais? Queremos que as calhas fiquem no centro da construção ou no perímetro?”, pondera a arquiteta.

Segundo Bruno Bonesso Vitorino, arquiteto sócio do escritório DMDV, o próprio formato da edificação auxilia na definição da quantidade de águas do telhado. “Uma planta com o formato retangular pode ter como cobertura um telhado de uma, duas, três ou quatro águas, de acordo com o objetivo”, completa.

Uma planta com o formato retangular pode ter como cobertura um telhado de uma, duas, três ou quatro águas, de acordo com o objetivo
Bruno Bonesso Vitorino

A principal vantagem do telhado aparente é o escoamento de água. “As águas pluviais podem ser facilmente distribuídas, escoadas e lançadas para fora da construção, com ou sem o uso de um sistema de calhas aparentes ou beirais”, afirma Ávila. Outro ponto positivo é a sua ampla difusão, que torna muito mais fácil encontrar mão de obra para a construção, reforma ou manutenção.

Entre os pontos negativos, deve-se ressaltar a necessidade de uma grande estrutura para apoio das pequenas peças, sejam elas de cerâmica, concreto etc. Sua aplicação também é mais lenta, pois o processo de transporte e montagem requer maior cuidado. Se o projeto exige uma aparência mais moderna ou contemporânea, essa pode não ser a melhor escolha.

“A imagem de um telhado tradicional e aparente, em alguns casos, pode remeter a um conceito antigo e colonial que talvez seja inadequado para uma composição com caráter contemporâneo ou moderno”, menciona Ávila.

MANSARDA

Mais um telhado aparente bastante utilizado, o Mansarda é utilizado em construções que possuem sótãos ou outros ambientes na cobertura. “A partir do desenho de um telhado do tipo mansarda, podemos criar uma janela ou outra abertura, além de um espaço adicional, no andar da cobertura”, explica Ávila.

A maior vantagem do Mansarda é exatamente a ampliação do pé-direito útil. Porém, segundo a arquiteta, esse tipo de telhado exige maior investimento em relação à proteção térmica. “O isolamento térmico precisa ser executado a partir do uso de lã de rocha ou lã de vidro; caso contrário, o ambiente criado na altura da cobertura poderá ficar inadequado ao uso devido ao calor”, completa.

SALT

A imagem de um telhado tradicional e aparente, em alguns casos, pode remeter a um conceito antigo e colonial que talvez seja inadequado para uma composição com caráter contemporâneo ou moderno
Carmen Ávila

No estilo americano, esse telhado aparente possui um dos lados maior que o outro. Além de oferecer esse diferencial estético, a solução é indicada quando a edificação possui um pavimento a mais em um dos lados, como um mezanino sobre o pavimento mais baixo.

Uma das maiores desvantagens está na execução. Mais trabalhosa, ela apresenta um desafio para a equipe de montagem. “Especialmente quando executado sob uma laje de concreto inclinada, pode trazer maior dificuldade para execução no canteiro de obras. Isto porque a massa de concreto vai precisar de um traço mais ‘forte’, a fim de evitar o escoamento durante a aplicação”, explica Ávila.

TELHADO EMBUTIDO

Um dos mais utilizados nos novos projetos, o telhado embutido também possibilita diversas variações estéticas. Oculto na fachada da construção, ele confere um conceito mais moderno e contemporâneo à edificação. Ávila diz que a execução deste tipo de telhado pode ser feita com lajes impermeabilizadas com manta asfáltica ou até mesmo telhas com menor inclinação que devem ficar envoltas por um prolongamento da parede, chamado de platibanda.

Se a escolha for pela laje plana impermeabilizada, essa solução também pode configurar uma área de terraço descoberto a ser utilizada. A arquiteta Karina Korn ressalta que, ao utilizar essa solução, o uso do madeiramento é reduzido, gerando economia. Se a telha escolhida for metálica, sua aplicação é ainda mais rápida, pois requer menor quantidade de telhas e elas são facilmente instaladas.

Entretanto, se a estanqueidade da calha e a impermeabilização da laje não forem adequadas, poderão ocorrer infiltrações, colocando em risco até mesmo a estrutura. “Vale lembrar que calhas embutidas necessitam de limpeza periódica, especialmente numa região de muitas árvores, para evitar entupimentos que podem causar um vazamento de água repentino no espaço interno da construção”, finaliza Korn.

Vale lembrar que calhas embutidas necessitam de limpeza periódica, especialmente numa região de muitas árvores, para evitar entupimentos que podem causar um vazamento de água repentino no espaço interno da construção
Karina Korn

TELHADO CURVO

Com um apelo visual marcante, os telhados curvos são bastante utilizados como contraponto na composição de um projeto com diversas superfícies retas. “Ele pode ser feito a partir de uma modelagem em concreto aparente ou mesmo com telhas metálicas calandradas sob medida”, conta Ávila. Se não for utilizado com forro interno, ainda garante destaque ao ambiente interno.

O maior benefício dessa de solução é a estética. É visto como um diferencial na composição da fachada e também no interior, podendo agregar uma sensação de amplitude, se bem provido de iluminação natural. Entretanto, o custo do telhado curvo é mais elevado. “Esse modelo de cobertura pede profissionais competentes para fazer a estrutura que pode ser madeira ou treliça metálica, evidenciando a forma curvada”, ressalta Korn.

Seja de concreto ou metálico, esse tipo de telhado é feito sob medida de acordo com cada projeto, o que pode aumentar o custo final da obra.

TELHADO VERDE

O telhado verde nada mais é do que um jardim na cobertura da edificação. Após uma camada de vedação, as vegetações são aplicadas sobre a cobertura, criando um ambiente agradável e que auxilia na proteção térmica do ambiente interno. Sustentável, essa solução é, usualmente, executada sobre uma laje totalmente impermeabilizada, com drenos e tratada para este fim.

O isolamento térmico e a sustentabilidade são as principais marcas dos telhados verdes. Korn ressalta que os telhados verdes absorvem até 90% mais calor do que os telhados tradicionais. A melhora na qualidade do ar e no visual da cobertura também merece destaque. Entretanto, as dificuldades estão na manutenção ou mesmo nas patologias que podem ser ocasionadas, como infiltrações decorrentes de impermeabilização inadequada ou mal planejamento da irrigação.

INCLINAÇÃO

O fator decisivo para a definição da inclinação do telhado é a escolha da telha. Cada telha exige uma inclinação específica e por isso é essencial a validação com os fabricantes para evitar uma aplicação errada que possa ocasionar problemas futuros.

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Colaboração técnica

Carmem Ávila – formada em 1996 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, trabalhou durante alguns anos como colaboradora em diversos escritórios (Heloisa Maia Campos, ATP Arquitetura, Brasil Arquitetura e Futurebrand entre outros) onde solidificou sua formação até iniciar carreira própria em 2004.
Karina Korn – formada pela Universidade Mackenzie em Arquitetura e Urbanismo no ano de 1995, trabalhou em diversos escritórios até que, em 1994, abriu seu próprio escritório. Desde então, vem exercendo a profissão de arquiteta e designer de interiores
Bruno Bonesso Vitorino – graduado em Arquitetura e Urbanismo com especialização e mestrado na área de História da Arquitetura, com ênfase em Patrimônio Arquitetônico. Atualmente é sócio do escritório DMDV arquitetos.