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Quais os tipos de corte mais adequados para peças metálicas?

Laser, plasma, oxicorte e jato d'água... antes de escolher é preciso considerar o tipo de aço, a espessura e o volume do material, além da aplicação final da peça. Entenda

Publicado em: 30/05/2018Atualizado em: 24/10/2022

Texto: Samuel Carvalho

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Obra: O corte a plasma utiliza gás em alta temperatura (Foto: seabreezesky / shutterstock.com)

 

O aço sai das usinas com inúmeras finalidades e serve de base para a produção de pequenos parafusos a grandes estruturas metálicas. Independentemente do tamanho, todas as peças metálicas passam por um processo de corte até chegar ao seu formato final. Esse corte pode ser a laser, plasma, oxicorte ou com jato d’água. Conhecer as particularidades de cada um permite um projeto otimizado e com melhor custo-benefício.

TIPOS DE CORTE

Para definir o modelo de corte mais indicado para cada peça é preciso levar em consideração alguns detalhes, como o tipo de aço, a espessura e o volume do material, além da aplicação final da peça. Segundo o engenheiro de aplicação da Hypertherm, Felipe Maddi, o método mais utilizado é o plasma, que se mostra mais vantajoso em relação aos demais, em termos de velocidade, qualidade e consumo de energia. O corte a plasma atende às necessidades dos clientes na maioria dos casos. “Com as recentes atualizações dos equipamentos, esse procedimento permite criar formas antes impensáveis, como desenhos personalizados. Utilizamos este tipo de corte em cerca de 80% dos nossos trabalhos”, revela. Contudo, o plasma é recomendado apenas para metais e chapas de aço que tenham entre 11 mm e 25 mm de espessura.

O corte a plasma se mostra mais vantajoso em relação aos demais, em termos de velocidade, qualidade final e consumo de energia
Felipe Maddi

Por outro lado, o corte a laser com equipamentos modernos concorre com o plasma. Mas sua vantagem, no que diz respeito à velocidade, qualidade de corte e ao consumo de energia, só é saliente em metais e chapas de aço mais finos, que variam de 0,5 mm a 10 mm de espessura. Nos aços finos, o laser pode alcançar a precisão de 0,1 mm, além de cortar na velocidade de até 25 mm por minuto. “Em peças com espessura intermediária, é possível empregar o corte a laser ou plasma, garantindo bom custo-benefício e boa performance”, destaca Michel Prado, gerente de negócios e sócio da Prado Inox.

(...) Em peças com espessura intermediária, é possível empregar o corte a laser ou plasma, garantindo bom custo-benefício e boa performance
Michel Prado

Outro tipo de corte bastante usado em materiais metálicos é o oxicorte. O processo consiste em esquentar o metal à temperatura de ignição com uma chama de gás combustível e oxigênio. A reação química entre o oxigênio e o aço-carbono produz óxido de ferro (escória), que estoura a fenda devido à alta pressão dos gases. Esse processo é utilizado apenas para cortar metais ferrosos – com alto teor de ferro – e costuma ser recomendado para cortar chapas com mais de duas polegadas de espessura. Ele não é indicado para metais não ferrosos, como aço inoxidável e alumínio. “O oxicorte leva vantagem em peças com mais de duas polegadas e mais espessas, e em materiais que não exigem muita precisão no corte final”, informa Maddi “Ele é aplicado apenas no aço carbono. Nos aços não ferrosos, mesmo aqueles com mais de duas polegadas, são preferíveis o corte a plasma ou laser”, comenta.

Por fim, está o corte a jato d’água. Dentre os citados nesta matéria, esse é o processo menos aplicado. Isso porque é caro e lento em relação aos demais. Entretanto, sua vantagem está no acabamento final da peça. De acordo com Maddi, o custo de aquisição de uma máquina jato d’água é comparável com o processo a laser, e um pouco mais caro do que o plasma. Entretanto, o custo operacional dele é o maior de todos. “Mesmo em aço com espessuras altas, o corte a jato d’água tem acabamento excelente, o que não se consegue com nenhum outro processo. Como é caro, geralmente esse tipo de corte só é utilizado em algumas peças, em casos especiais”, esclarece Maddi.

A escolha do corte para o aço, normalmente é definida pelo engenheiro e pelo cliente, que está em busca de qualidade e rapidez, além do melhor custo-benefício. Geralmente, os engenheiros trabalham a partir dos conhecimentos obtidos na faculdade ou que adquiriram ao longo do tempo, mas a tecnologia está sempre aprimorando os métodos de trabalho. “Hoje, o corte a plasma é amplamente utilizado na indústria de construção de estruturas metálicas devido a sua versatilidade. As novas tecnologias permitem mais agilidade no trabalho dos profissionais, além de possibilitarem a criação de projetos mais complexos”, conclui Maddi.

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PRINCIPAIS APLICAÇÕES DE CADA CORTE

Laser – processo que concentra feixes de luz altamente focalizados, formando uma espécie de “lâmina” para realizar cortes específicos no aço. Dependendo da potência do laser, pode ser utilizado em materiais finos, como folha de papel, até em aço com mais 50 mm de espessura. Entretanto, no metal, o custo-benefício torna-se ideal em peças com espessura entre 0,5 mm e 10 mm.

Plasma – utiliza gás em alta temperatura para cortar qualquer material que conduza eletricidade. É adequado para materiais ferrosos ou não ferrosos e metais em qualquer estado – incluindo os oxidados, pintados ou raspados. Em geral, corta espessuras com bitolas de até duas polegadas (50,8 mm). Entretanto, as recentes atualizações tecnológicas possibilitam a perfuração a plasma em metais com 75 mm de espessura e corte em metais com 160 mm. No metal, seu custo-benefício é mais vantajoso em perfis e chapas de aço com espessura entre 10 mm e 25 mm.

Oxicorte – um jato de oxigênio puro é jogado na área de corte, provocando a formação de óxidos líquidos do metal. Essa reação é altamente exotérmica, gerando calor suficiente para romper o aço em duas partes. No metal, esse método leva vantagem em relação aos demais se o aço final não exigir acabamento refinado e também em peças com mais de 50 mm de espessura.

Jato D’água – tem uma característica única, pois corta o metal com um jato d´água. Pode, inclusive, perfurar qualquer tipo de material, metálicos ou não metálicos – a única exceção é o vidro temperado, que se rompe. O equipamento gera pressão na água, convertendo-a em velocidade supersônica, que pode superar quatro vezes a velocidade do som, além de adicionar material abrasivo – carbeto de silício, coríndon ou sílica. Essa combinação pode perfurar aços com até 300 mm de espessura, além de proporcionar cortes mais versáteis do que os demais processos.

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COLABORAÇÃO TÉCNICA

Felipe Maddi – engenheiro de aplicação da Hypertherm.

Michel Prado – gerente de negócios e sócio da Prado Inox.