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Projetos luminotécnicos de edifícios históricos devem harmonizar com a cidade

As fachadas desse tipo de edificação devem oferecer uma presença urbana coerente com a cidade e seus moradores. O uso de cores é polêmico, e a tendência é empregá-las em datas pontuais

Publicado em: 25/06/2021Atualizado em: 25/04/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Palácio Anchieta
Não existem regras para a decisão do lighting designer sobre usar ou não uma iluminação colorida (Foto: Rivaldi Souza/Shutterstock)

O desenvolvimento de projetos de iluminação para edifício histórico começa pelo respeito ao patrimônio. “E a melhor forma de respeitar o patrimônio é conhecê-lo”, destaca o engenheiro e lighting designer Plinio Godoy, diretor Técnico da CityLights e autor do livro “Iluminação Urbana”. Nele, o profissional apresenta o “Processo Projetual Técnico – Artístico”, processo de caráter multidisciplinar que desenvolveu, abrangendo desde as áreas de humanas, passando pelo urbanismo e finalizando com as definições executivas de luminotécnica e elétrica.

É preciso considerar não somente o bem a ser iluminado, mas todo o contexto histórico, memória para a cidade e seus cidadãos, tornando a convivência do resultado proveitosa e valorosa para as pessoas, para quem desenvolvemos nosso trabalho
Plinio Godoy

A premissa desse tipo de projeto de iluminação é desenvolvida junto aos órgãos responsáveis pelo Patrimônio Histórico, quer municipal, estadual ou federal. Envolve a construção, intervenções civis, instalações e abordagem dos resultados luminotécnicos. “Quando a manutenção fica sob a responsabilidade de departamentos de iluminação pública, são considerados o tipo de material a ser utilizado, qualidade e garantias”, diz Godoy.

É prioridade do projeto estabelecer uma presença urbana coerente e harmoniosa com a cidade. “É preciso considerar não somente o bem a ser iluminado, mas todo o contexto histórico, memória para a cidade e seus cidadãos, tornando a convivência do resultado proveitosa e valorosa para as pessoas, para quem desenvolvemos nosso trabalho”, comenta.

Iluminação colorida

Não há regras para a decisão do lighting designer sobre usar ou não uma iluminação colorida. “Cor é um elemento bastante importante de ser analisado, pois pode gerar muita controvérsia, uma vez que nunca é uma unanimidade”, observa. Para ele, algumas cidades entendem de uma maneira mais fácil, outras de maneira mais restrita, porém, sempre há uma convivência com a cor.

“As campanhas internacionais que utilizam as cores como forma de comunicação social facilitaram estas decisões, fazendo com que a tecnologia disponível possa ser utilizada de forma não constante, mas pontualmente em datas específicas”, explica. Para evitar que o uso de cores esconda os atributos do bem histórico, o ideal é valorizá-lo de maneira natural. “A cor pode pedir ‘licença’ poética em certos momentos, participando do contexto urbano relacionado ao edifício e atendendo às expectativas da população para aquele momento”, afirma. A tecnologia disponível permite mudar a solução com o tempo, programando LEDs RGBW ou RGBA para projetarem luzes multicoloridas.

Escolha dos equipamentos

Godoy recomenda que os projetistas de iluminação busquem as soluções disponíveis nas empresas estabelecidas no país. “Isso nos dá a confiança da garantia do equipamento e de que há uma empresa que será responsável pelo sistema e seu funcionamento adequado”, justifica. O passo seguinte é associar as necessidades fotométricas do projeto com o equipamento e seus resultados luminotécnicos. “E por este relacionamento tão íntimo, não há espaço para similaridades, e sim equivalências”, adverte.

Fazemos nossas escolhas visando a segurança do projeto e do contratante. Temos responsabilidade não somente com o resultado, porém com o resultado ao longo do tempo
Plinio Godoy

Por último, algumas avaliações dos equipamentos são essenciais. Entram no check list a análise das características técnicas, sua estanqueidade, forma de instalação e materiais com que são produzidos. “Fazemos nossas escolhas visando a segurança do projeto e do contratante. Temos responsabilidade não somente com o resultado, porém com o resultado ao longo do tempo”, pontua.

A manutenção é fundamental neste processo, pois não é raro um projeto implementado estar absolutamente depreciado por falta de cuidados. “Assim, na entrega da instalação, sugerimos a contratação de um plano de manutenção anual, com revisões e substituições previstas no CAPEX (investimento em bens de capital) e OPEX (despesas operacionais) apresentados. E, principalmente, se o projeto foi patrocinado por alguma lei de incentivo cultural, fazendo com que a manutenção esteja inserida no valor patrocinado pelo período do contrato”, conclui Godoy.

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Colaboração técnica

Rafael Siais Furtado
Plinio Godoy – É Engenheiro Elétrico formado pela Escola de Engenharia do Instituto Mauá de Tecnologia – IMT – (1987). Lighting Designer, atuando no mercado desde 1983, especializado no desenvolvimento de projetos indoor e outdoor e projetos de iluminação urbana; valorização de edifícios e obras de patrimônio histórico e planos diretores de Iluminação para cidades; inserção das cidades no mundo digital e trazendo o futuro para o plano de investimentos do presente. Atuou em empresas de referência internacional e, em 2014, assumiu a direção Técnica da CityLights, escritório especializado no desenvolvimento de projetos de iluminação urbana, destaque arquitetônico e planos mestres de iluminação pública e project management. Desde 2003 atua como senior lighting designer no escritório Godoy Luminotecnia, voltado para a iluminação arquitetural. É proprietário da Lienco Smart Solutions, empresa especializada no desenvolvimento de soluções no campo da iluminação e controles digitais.