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Projeto de hidráulica deve facilitar manutenções posteriores

Estratégias como previsão de shafts, uso de tubulações flexíveis e padronização de componentes racionalizam as instalações hidráulicas. Saiba como

Publicado em: 10/12/2019Atualizado em: 14/10/2022

Texto: Juliana Nakamura

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De modo geral, os projetos de hidráulica não incluem um cálculo específico para a vida útil das tubulações e outros dispositivos empregados (foto: Corepics VOF/ Shutterstock)

Em instalações hidráulicas prediais, a realização de intervenções para manutenção preventiva ou corretiva quase sempre é sinal de transtorno para os usuários, sobretudo pela necessidade de quebra de revestimentos.

Mas o projetista de instalações hidráulicas pode minimizar essa dor de cabeça com soluções de projeto racionais. “O profissional não deve perder de vista que as instalações serão utilizadas por várias pessoas durante muitos anos e que, antes de tudo, é para elas que são projetadas e executadas”, comenta o engenheiro Helio Narchi, professor da disciplina Instalações Hidráulicas no curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia. Ele ressalta que "os sistemas de água fria, água quente e esgotos sanitários são utilizados continuamente. É se se esperar, portanto, que eles possam apresentar problemas operacionais resultantes desta utilização e do desgaste dos materiais ao longo dos anos".

O profissional não deve perder de vista que as instalações serão utilizadas por várias pessoas durante muitos anos e que, antes de tudo, é para elas que são projetadas e executadas
Helio Narchi

Uma série de ocorrências podem exigir manutenção em instalações hidráulicas, como os vazamentos em sistemas de água fria ou quente, que estão permanentemente pressurizados. Também não são surpreendentes as quebras de bombas ou de aquecedores, construídos para uma dada vida útil.

No caso dos sistemas de esgotos, além do desgaste dos materiais, há a depreciação causada algumas vezes pelos próprios usuários, por não fazerem uso adequado. “Os sistemas de drenagem, compostos por calhas, canaleta, ralos e tubos, embora não solicitados continuamente, também podem se transformar em fontes de problemas, em geral descobertos nas épocas de chuva, justamente quando deveriam estar funcionando mais perfeitamente”, diz Narchi.

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COMO O PROJETO DE HIDRÁULICA PODE FACILITAR A MANUTENÇÃO?

Os sistemas de drenagem, compostos por calhas, canaleta, ralos e tubos, embora não solicitados continuamente, também podem se transformar em fontes de problemas, em geral descobertos nas épocas de chuva, justamente quando deveriam estar funcionando mais perfeitamente
Helio Narchi

O professor do Instituto Mauá lista uma série de ações adotadas em projeto que podem minimizar transtornos durante as manutenções em instalações:

• Prever número suficiente de registros, propiciando independência entre as instalações de água fria e quente de diferentes ambientes;
• Prever uma coluna de distribuição para cada conjunto de apartamentos de mesmo final;
• Localizar as tubulações e seus componentes em shafts e empregar dispositivos como “carenagens” e “chassis”, que facilitam o acesso às instalações, reduzindo a necessidade de quebrar a alvenaria;
• Padronizar por tipo e localização as caixas de esgotos e as caixas de drenagem, de modo a facilitar sua localização e identificação nos trabalhos de limpeza e desobstrução por sólidos;
• Privilegiar o uso de canaletas de piso com grelhas em vez de ralos com tubos nos sistemas de drenagem. Isso facilita a visualização da necessidade de limpeza das mesmas;
• Prever acesso seguro e adequado a reservatórios e estações de bombeamento;
• Estabelecer nos memoriais descritivos procedimentos claros e completos de manutenção dos sistemas projetados e que farão parte do manual de manutenção do condomínio a ser elaborado pela construtora.
• Uso de tubulações flexíveis. O uso de sistemas como o PEX pode reduzir as possibilidades de ocorrência de vazamentos e favorecer as manutenções em função do uso de shafts. O PEX é um material plástico fabricado em polietileno reticulado, cujas uniões são feitas através de conexões metálicas, resistentes a altas pressões e temperaturas, e que tem como característica marcante a flexibilidade. Por ser maleável, permite utilizar menos conexões, tais como joelhos e cotovelos.
• Adoção de kits hidráulicos. Nesse caso, a principal vantagem está no fato de eles serem montados e testados em fábrica, reduzindo as possibilidades de vazamentos decorrentes da má execução de tarefas ou de uso de material de má qualidade na obra.

VIDA ÚTIL DAS TUBULAÇÕES

De modo geral, os projetos de hidráulica não incluem um cálculo específico para a vida útil das tubulações e outros dispositivos empregados. Adotam-se como referências as especificações dos fabricantes e as disposições legais pertinentes.

De acordo com a ABNT NBR 15.575, que trata do desempenho de edificações habitacionais, a vida útil esperada para  as instalações hidrossanitárias é de, no mínimo, vinte anos. “Mas a vida útil está associada a vários fatores, entre os quais os processos de manutenção das instalações. Por isso, devem-se observar os requisitos da manutenção predial estabelecidos pela ABNT NBR 5674:2012 - Manutenção de edificações - Procedimentos”, diz Narchi.

Com relação às inspeções periódicas em instalações prediais, é razoável considerar, segundo Narchi:

• Verificação semestral de todas as tubulações, coletivas e individuais, por ocasião dos trabalhos de limpeza de reservatórios;
• Inspeção e testes de funcionamento, em especial nas colunas, quando de término de reparos ou substituição de trechos, em reformas no edifício;
• Inspeção semanal de caixas de gordura;
• Inspeção mensal de todas as caixas de passagem de esgotos;
• Inspeção semanal de calhas, ralos, tubos e caixas de drenagem em épocas de chuva;
• Manutenção de bombas, aquecedores, equipamentos de piscinas e saunas, entre outros, segundo programas específicos estabelecidos com as empresas responsáveis por esses trabalhos.

Colaboração técnica

Helio Narchi - Engenheiro civil, mestre em engenharia hidráulica, responsável pela disciplina Instalações Hidráulicas no curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia. É consultor nas áreas de hidráulica, saneamento e meio ambiente.