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Processo de oxicorte deve ser realizado por profissional treinado

Antes de manusear o maçarico de corte e realizar cortes precisos, operador tem que passar por treinamento técnico que envolve tanto atividades práticas quanto teóricas. Saiba mais a seguir

Publicado em: 25/11/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Oxicorte
O procedimento de oxicorte é muito versátil (Foto: Jatuporn Chainiramitkul/Shutterstock)
A técnica é bastante empregada na indústria, principalmente, em atividades que envolvem grandes espessuras
Thiago Silveira Silva

O avanço tecnológico no setor de metais criou inovadoras maneiras de cortes, como o plasma e o laser. No entanto, mesmo com as novidades, o procedimento de oxicorte continua sendo considerado um dos mais importantes e utilizados. “A técnica é bastante empregada na indústria, principalmente, em atividades que envolvem grandes espessuras”, conta Thiago Silveira Silva, instrutor de Formação Profissional na escola Senai Nadir Dias de Figueiredo.

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Comparado com outras opções disponíveis no mercado, o oxicorte é alternativa econômica, que exige menores investimentos para aquisição. A mais utilizada é o maçarico de corte manual. “Há ainda os maçaricos de corte mecanizados utilizados em mesas de corte CNC (Controle Numérico Computadorizado), muito comuns na indústria”, diz Silva.

No processo do oxicorte, o metal é aquecido pelo maçarico até atingir sua temperatura de ignição. Depois de quente, o equipamento direciona um jato de oxigênio com alta pureza no local, para oxidar o metal e realizar a separação. “Os cortes ocorrem por meio de reações químicas, geradas por diferentes gases, como o acetileno, o propano e o gás liquefeito de petróleo (GLP)”, afirma Silva.

O procedimento é utilizado na preparação de chanfros de peças a serem soldadas, no corte de materiais para obtenção da dimensão final, ou divisão de sucatas em partes menores para serem processadas. “No entanto, o maçarico específico de corte não deve ser empregado na soldagem”, informa Silva, explicando que o equipamento habilitado para as duas operações é o maçarico combinado. “Desde que nele seja instalada uma extensão”, completa.

Outra vantagem do oxicorte é sua versatilidade. Como dispensa a necessidade de energia elétrica, pode ser realizado em qualquer lugar, inclusive no próprio canteiro. “Existem modelos de unidades móveis que são facilmente deslocadas, permitindo, inclusive, alcançar locais de difícil acesso”, destaca o especialista. No entanto, para obter resultado satisfatório, são indispensáveis certos cuidados com o maquinário e a preparação dos operados.

CUIDADOS NO MANUSEIO

Para operar o maçarico de corte manual o profissional tem que ser submetido a um treinamento que se divide em duas etapas: teórica e prática. Na primeira fase, são abordados em sala de aula aspectos técnicos do processo de oxicombustível e oxicorte; segurança e higiene aplicadas à soldagem e corte; tipos de gases e insumos empregados na atividade; e normas técnicas vigentes.

Já na parte prática, o aluno aprende a manusear o maçarico de corte; realizar a regulagem das pressões de trabalho; acender e ajustar a chama; técnicas de corte; além de conhecer as maneiras corretas para execução de furos, cortes retos e chanfros. “Essa etapa se desenvolve em dois momentos, sendo que no primeiro o instrutor faz a demonstração e, na sequência, o aprendiz realiza a operação em questão”, explica o especialista.

No manuseio do maçarico de corte o operador tem que se proteger de queimaduras que podem ser causadas pela própria chama ou pelo metal líquido resultante da atividade. Na lista de equipamentos de proteção individual (EPIs) estão perneiras, aventais tipo barbeiro (ou avental para maçariqueiro), mangotes e luvas. “Todos devem ser em raspa de couro”, afirma Silva. A touca em tecido e os óculos de proteção com filtro N°4 também são obrigatórios, de acordo com a Norma Regulamentadora NR 18, que define condições de trabalho em alta temperatura, visando a segurança na operação de processos de soldagem e corte que utilizam maçaricos.

COMO OPERAR O MAÇARICO DE CORTE

O primeiro passo na utilização do maçarico de corte é a seleção do bico do equipamento conforme a espessura do material a ser cortado
Thiago Silveira Silva

Antes de iniciar o trabalho, é importante garantir que as luvas utilizadas pelo profissional estejam limpas e sem a presença de óleo ou graxa. Essa simples verificação tem o potencial de prevenir diferentes acidentes. “O primeiro passo na utilização do maçarico de corte é a seleção do bico do equipamento conforme a espessura do material a ser cortado”, informa Silva, indicando que a escolha deve ser feita com o auxílio de tabelas fornecidas pelos fabricantes.

Na sequência, deve ser realizada a regulagem da pressão dinâmica nos reguladores. O nível ideal também faz parte das tabelas técnicas. No momento de acender a chama, primeiramente deve ser aberta a válvula de oxigênio do maçarico e, somente depois, a de acetileno. Um acendedor é empregado para a ignição do fogo. “Depois disso, o operador vai ajustando as válvulas até que consiga atingir uma chama neutra”, comenta o professor.

Para realizar o corte, o maçarico é aproximado a uma das extremidades da peça, em uma distância que varia entre 2 e 4 mm. Quando o material atinge tonalidade avermelhada, o equipamento deve ser afastado para a borda da chapa e é acionada a válvula de oxigênio. “Com o início do corte, é preciso avançar realizando movimento firme e constante, pois a variação da velocidade pode interromper o trabalho ou interferir na qualidade”, adverte Silva.

REALIZANDO UM CORTE PRECISO

Uma dica importante para realização de cortes precisos é prever com antecedência espaços de sangria — necessários para a entrada da chama na peça. “É interessante levar esse valor em consideração já no momento de definir o tamanho inicial do material”, recomenda o profissional. Cortes com formato côncavo ou com ondulações podem ser indicativos de que o procedimento foi executado com pressão ou velocidade inadequadas.

Também é recomendada a verificação do estado do metal antes de iniciar o oxicorte, usando um medidor de nível para aferir se ele está sobre uma superfície nivelada. Outro cuidado que deve ser levado em consideração é evitar o aquecimento exagerado da peça. “Para isso, basta manter a correta distância entre o bico de corte e o material, além de imprimir constante velocidade de corte”, finaliza Silva.

Colaboração técnica

Thiago Silveira Silva
Thiago Silveira Silva — Graduado em Tecnologia em Processos Metalúrgicos pelo Senai Nadir Dias de Figueiredo. É instrutor de Formação Profissional II na mesma escola, lecionando nos cursos de Aprendizagem Industrial, Técnico e Formação Inicial e Continuada, todos voltados para a área da soldagem. Atua na preparação de alunos para competições estaduais e nacionais voltadas a soldagem. Foi competidor na Olimpíada do Conhecimento, na modalidade de soldagem, obtendo os resultados de Campeão Estadual em 2005 e Nacional em 2006.