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Por que planejar a montagem das estruturas metálicas é tão importante?

Construtoras e montadoras que não cumprem o planejamento inicial expõem as construções a múltiplos riscos. Recomendações vão do armazenamento à montagem

Publicado em: 12/12/2018

Texto: Samuel Carvalho

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As dimensões da estrutura são determinantes para a escolha dos equipamentos necessários para sua montagem (foto: shutterstock/zhengzaishuru)

A construção civil representa cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIP) brasileiro e emprega mais de 2 milhões de pessoas. Com tantos profissionais trabalhando, as obras surgem a todo vapor espalhadas pelo país. Mas antes mesmo de uma construção sair do papel, existe um plano de montagem detalhado, formulado por engenheiros especialistas das construtoras, que norteia os demais trabalhadores desde a montagem da estrutura até a conclusão das obras. O não cumprimento das recomendações iniciais pode gerar futuros improvisos e, consequentemente, afetar o desempenho do projeto, além de acarretar manutenções corretivas no decorrer da vida útil do empreendimento.

Para normatizar os procedimentos, o Comitê Brasileiro da Construção Civil, em conjunto com a Comissão de Estudo de Estrutura em Aço, elaborou a norma técnica NBR 8800. O documento traz as especificações sobre todas as fases da edificação em estrutura de aço – a principal base estrutural das construções no Brasil. “Para situações ou soluções construtivas não cobertas por esta resolução, o responsável técnico pelo projeto deve usar um procedimento aceito pela comunidade técnico-científica, acompanhado de estudos para manter o nível de segurança previsto por esta”, especifica a norma NBR 8800. Buscando cumprir os procedimentos adotados, muitas empresas se especializaram apenas na montagem das estruturas.

“Não é novidade que uma base sólida e bem edificada é pré-requisito para todas as demais etapas da construção. Nossas recomendações de atenção começam anteriormente às especificações do papel, ainda com a avaliação do clima, pois umidades excessivas podem desenvolver ferrugem e corroer o ferro com mais facilidade. E, além disso, a variação de temperatura ambiente também pode desencadear o fenômeno de dilatação térmica na estrutura. Por isso, é importante avaliar esses detalhes”, esclarece Adriano Bernardino, sócio-diretor da Start Edificações.

Uma dica importante é o local de armazenamento das peças que compõem a estrutura. Esse detalhe faz toda a diferença para manter os materiais em segurança, de modo que não interfiram no desenvolvimento da obra e, também, que fiquem posicionados de maneira estratégica para o fácil manuseio. Assim, a instalação é montada como um quebra-cabeça
Adriano Bernardino

Após analisar o clima, os materiais aplicados e o terreno, o canteiro de obras está pronto para receber a estrutura propriamente dita. A montagem necessita de mão de obra especializada e cuidados essenciais, mas é uma fase que, dependendo da complexidade do projeto, tende a ser rápida, pois é previamente planejada por sofisticados softwares. “Uma dica importante é o local de armazenamento das peças que compõem a estrutura. Esse detalhe faz toda a diferença para manter os materiais em segurança, de modo que não interfiram no desenvolvimento da obra e, também, que fiquem posicionados de maneira estratégica para o fácil manuseio. Assim, a instalação é montada como um quebra-cabeça”, diz Bernardino.

PLANEJAMENTO DE MONTAGEM

A montagem das estruturas necessita de maquinários, equipamentos e equipe técnica para realizar os trabalhos necessários. De acordo com Adriano Bernardino, o tamanho da estrutura metálica é determinante para a escolha do equipamento necessário. Os mais utilizados nas obras são as gruas, guindastes e balancins, que são responsáveis pelo içamento vertical das peças até a posição final. Uma escolha ideal leva em consideração a resistência do solo para suportar o peso da máquina, o raio de operação do equipamento com segurança, altura máxima que a estrutura vai subir para ser fixada e carga máxima que o maquinário suporta”, explica.

A fixação das partes da estrutura é feita com encaixe, por meio de parafusos e processos de soldagem. “Quando necessário, os profissionais de montagem devem realizar ensaios e testes ainda em solo e, deste modo, verificar a qualidade do serviço que será aplicado na estrutura final. Também recomendamos a conferência de todas as informações do processo de soldagem como, por exemplo, configurações das juntas, especificação e espessura do material base e temperaturas mínimas e máximas”, destaca Adriano Bernardino.

De acordo com Mickael Cueff, engenheiro de materiais, graduado pela USP e engenheiro químico pela ENSCL (Ecole Nationale Supérieure de Chimie de Lille, na França), cada edificação tem uma sequência descrita no plano de montagem para facilitar a elaboração do projeto e oferecer segurança ao empreendimento e aos profissionais. “Após a adequação do solo, nos galpões ionados, por exemplo, é sempre importante começar as fundações pela base, que pode ser de aço ou de concreto e aço. Após a fixação das bases, vem a montagem do eixo sólido, que se torna o esqueleto da estrutura. Essa sequência de trabalho permite reforçar a posição da estrutura, sem agregar peso além do necessário. Em seguida vem a montagem das travas duras, que permite fixar a estrutura já no formato final. Para finalizar esse tipo de projeto, é necessária a fixação dos contraventamentos, que fornecem a flexibilidade necessária e controlam a força exercida na estrutura. Após essa sequência, é realizado o fechamento com as lonas, primeiramente do teto e por fim das laterais”, explica.

Uma estrutura danificada pelo processo de montagem, ou com corrosão excessiva, criará uma fraqueza na estrutura como um todo e vai expor o empreendimento ao risco de colapso
Mickael Cueff

Assim como a norma NBR 8800, o engenheiro de materiais também chama a atenção para o torque exercido sobre os parafusos. O aperto não deve exceder o indicado para cada tipo de parafuso nem ultrapassar o limite especificado para as ligações das peças, estipulado pela certificação de qualidade. De acordo com Cueff, as construtoras e montadoras de estruturas que não cumprem o planejamento inicial expõem as construções a múltiplos riscos. “Uma estrutura danificada pelo processo de montagem, ou com corrosão excessiva, criará uma fraqueza na estrutura como um todo e vai expor o empreendimento ao risco de colapso”, ressalta.

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Colaboração técnica

Adriano Bernardino – técnico em soldagens e sócio-diretor da Start Edificações.
Mickael Cueff – Designer de interiores formada pela Escola Panamericana de Arte. Está há 25 anos à frente do escritório Barbara & Purchio, atendendo a projetos residenciais de luxo, comerciais, lançamentos decorados, mostras e vitrines.