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Pneus ganham componentes diferenciados, de acordo com aplicação

Fabricantes desenvolvem sistemas para reforçá-los em condições severas de trabalho

Publicado em: 12/02/2016Atualizado em: 17/02/2016

Texto: Redação PE

Redação PE

Pneus utilizados nos equipamentos de construção possuem diferenças que precisam ser levadas em conta, principalmente por causa das diferentes formas de depreciação. Caminhões, plataformas de trabalho aéreo, pás carregadeiras, retroescavadeiras e guindastes fazem trabalhos diferenciados que causam desgaste em maior ou menor grau de intensidade. Por essa razão, a indústria aplica componentes para reforçar esses pneus, conforme a necessidade.

De acordo com Fernando Peruzzo, coordenador de produtos e gerente de recapagem da Continental, pneus de caminhão que trabalham em terraplanagem e pedreiras são diferentes entre si. Os de terraplanagem são os chamados mistos, pois além do trabalho em campo, são, por muitas vezes, responsáveis por carregarem a terra para fora ou até mesmo para o próprio aterro. Nesse percurso, esses veículos rodam por terrenos de asfalto, concreto e ou paralelepípedos.

“Os caminhões de pedreiras normalmente usam pneus fora de estrada por aguentarem altas cargas em baixa velocidade”, explica Peruzzo. “Eles transitam dentro das pedreiras e não são submetidos a estradas pavimentadas”.

Além dos atritos gerados por pedras, minérios, dureza de terreno e vários tipos de materiais cortantes, por conta das condições do terreno esses pneus normalmente estão submetidos a escorregamentos, por isso o desenho da banda de rodagem é importante. “O alto torque dos equipamentos que trabalham nesse local é passado para os pneus. Com isso, há necessidade de compostos resistentes para que não ocorra arranques de blocos”, informa Fernando Peruzzo.

Componentes reforçam pneus na construção

Fernando destaca alguns componentes das linhas de pneus fornecidos pela Continental, como as cintas metálicas que dão à estrutura um formato de triângulo que aponta sempre para a direção de rotação. Isso garante a estabilidade do veículo, dissipa forças laterais e impactos, além de proporcionar mais robustez à carcaça.

“Além das cintas, temos a construção Stable Bead nos talões, tecnologia patenteada pela Continental que garante a resistência dos talões, para evitar quebras e perdas das carcaças. O linner com a tecnologia Air Keep garante a estanqueidade da carcaça, evitando que a umidade alcance a carcaça metálica, e a borracha da banda de rodagem tem propriedades que protegem contra o picotamento, problema comum nesse tipo de aplicação”, informa Peruzzo.

Recentemente, a Goodyear lançou a linha de pneus KMax para caminhões e ônibus, com os modelos KMax S, KMax D Traction e KMax Extreme. De acordo com a empresa, esse mercado chamado de “regional e regional severo” representa cerca de 40% do que é comercializado atualmente no segmento de pneus comerciais. O serviço regional é o realizado em vias pavimentadas e sinuosas com aclives e declives acentuados. Já o serviço regional severo é feito em vias e ruas pavimentadas com percursos sinuosos e manobras constantes, em que veículos trafegam com velocidade média baixa.

“O mercado atendido por essa linha de pneus equivale a R$ 3,1 bilhões por ano”, afirma Antonio Roncolati, diretor da unidade de pneus comerciais da Goodyear. “Em 2016, a previsão é de que corresponda a 3,5 milhões de unidades e até 2020, a expectativa é de crescimento de 4,7% ao ano”, completa.

De acordo com a Goodyear, o desenvolvimento da linha KMax envolveu testes de rodagem com 19 frotas de vários estados do Brasil, totalizando mais de 350 milhões de quilômetros rodados. O atributo principal da nova linha é a ênfase na maior quilometragem percorrida. Isso melhora a relação custo-benefício para frotas comerciais, uma das principais demandas do segmento.

As inovações empregadas na construção dos pneus incluem a tecnologia Intellimax, que engloba, entre outros atributos, o uso de novos compostos, bandas de rodagem com camada dupla e sulcos interligados para máxima quilometragem. A linha também conta com a tecnologia Duralife, que fornece maior resistência devido à combinação entre otimização da banda de rodagem, construção da carcaça com quatro cintas estabilizadoras de aço e monitoramento constante da produção dos pneus.

Desempenho dos pneus radiais em obras e na lavoura

A radialização dos pneus tem sido uma das principais alternativas para aumentar a produtividade, reduzir custos operacionais e proteger os solos das propriedades onde se desenvolve o agronegócio. De acordo com a Michelin, o pneu radial tem ampla superfície de contato, importante para melhor distribuição da carga ao tocar o solo. Com isso, há melhor capacidade de tração, redução do desgaste do pneu no campo, resistência abrasiva e ao aquecimento que desgastam o pneu na estrada.

“A radialização dos pneus agrícolas é importante porque vem para otimizar o funcionamento das máquinas. Isso traz benefícios econômicos para o país”, enfatiza Daniel Gatto, do Condomínio Irmãos Gatto, produtor de soja, milho e pés de algodão em Barreiras (BA).

Marcio Ideriha, produtor de hortaliças de Sorocaba (SP) que também utiliza pneus radiais da marca Michelin, vem computando bons resultados. “Enquanto os pneus diagonais comuns trabalham cerca de 1.800 horas, os radiais trabalham até acima de 4.000 horas, sem problema algum, em terrenos mais difíceis. Já a compactação do solo é menor porque sua área de contato é maior e a distribuição de peso é muito melhor que a de um pneu diagonal”, explica o produtor.

Ideriha também destaca que o operador é a primeira pessoa a perceber a diferença, principalmente, em momentos de manobras e na chuva. “É extremamente penoso, por exemplo, fazer ré com um trator, numa área molhada ou inclinada. Com os pneus radiais ficou muito mais fácil realizar manobras”, afirma.

A Pirelli também conta com modelos projetados para agredir menos o meio ambiente, com ganho de rendimento horário, como a linha radial agrícola PHP que possui características como capacidade de tração, redução de emissão de CO², economia de combustível, menor compactação do solo e melhor dirigibilidade.

A camada de borracha mais larga entre a banda de rodagem e a carcaça e os novos compostos especialmente desenvolvidos para aumentar a vida útil do pneu oferecem resistência a cortes e lacerações durante o plantio e a colheita. O produto também apresenta uma banda de rodagem projetada para expulsar a terra acumulada no pneu.

“Esses produtos foram desenvolvidos com materiais que diminuem o impacto no meio ambiente e compostos capazes de aumentar a vida útil”, conta Alexandre Stucchi, gerente de marketing da Pirelli. “Para caminhões pesados, como os que transportam a produção agrícola passando tanto por estradas sem pavimentação quanto pavimentadas, os pneus da linha FG:01 são mais indicados, por incorporarem tecnologias mais recentes”, explica Stucchi.

Picotamento na banda de rodagem ainda é problema

Embora os pneus se adaptem às diferentes circunstâncias de trabalho, as principais queixas dos usuários de equipamentos são relacionadas aos picotamentos na banda de rodagem, que chegam até as cintas. “Trata-se de um dos maiores problemas que precisa ser solucionado pela indústria de pneus”, explica Fernando Peruzzo, da Continental.

Contudo, ele alerta sobre um grave descuido dos usuários de equipamentos durante o trabalho: a baixa pressão. “É a maior vilã para a vida útil dos pneus, por causar superaquecimento das cintas, sobrecarga nos talões e degradação do linner”, ressalta.

De acordo com Peruzzo, o corpo técnico da Continental recomenda sempre uma montagem com o uso das ferramentas e lubrificantes adequados, além de calibragem constante (feita semanalmente, de preferência) e alinhamento correto.

 

Colaboraram para esta matéria

 

Alexandre Stucchi - Gerente de marketing da Pirelli

Fernando Peruzzo - Coordenador de produtos e gerente de recapagem da Continental

Antonio Roncolati - Diretor da unidade de pneus comerciais da Goodyear

Daniel Gatto - do Condomínio Irmãos Gatto

Marcio Ideriha - Produtor de hortaliças de Sorocaba (SP)