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Plano de concretagem deve contar com minucioso estudo logístico

Para garantir a qualidade da estrutura, planejamento precisa detalhar todo o conjunto de medidas a serem tomadas antes do lançamento do concreto. Saiba mais

Publicado em: 17/09/2019

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

caminhoes-betoneiras
O planejamento da concretagem deve avaliar também a quantidade de caminhões betoneiras que estarão na obra (Foto: MOLPIX/shutterstock)

O sucesso de uma obra com estrutura de concreto moldado in loco depende, fundamentalmente, de uma boa concretagem. Isso não é possível sem que haja um planejamento consistente que, mais do que listar as atividades a serem realizadas, ofereça solução para uma série de imprevistos que podem ocorrer.

Adequado ao tipo e porte da obra, o plano de concretagem tem como objetivo garantir economia, qualidade e previsibilidade. “Este planejamento é imprescindível para subsidiar as tomadas de decisões antes e durante o lançamento do concreto, garantindo a qualidade da estrutura, elevando a produtividade dessa atividade e reduzindo os custos”, comenta Rafael Agostinho da Silva, gerente de obras na Trisul.

Este planejamento é imprescindível para subsidiar as tomadas de decisões antes e durante o lançamento do concreto, garantindo a qualidade da estrutura, elevando a produtividade dessa atividade e reduzindo os custos
Rafael Agostinho da Silva

Concreto convencional dosado em central
Concreto bombeável dosado em central

O QUE CONTEMPLA UM PLANO DE CONCRETAGEM?

“Logística de fornecimento, espaço físico para descarga, equipamentos e dimensionamento das equipes são alguns dos pontos que devem ser definidos no plano de concretagem”, explica Luiz Felipe Alves de Campos, engenheiro que trabalha para a construtora MBigucci. Ele conta que é nesse estudo que são definidos o cronograma da concretagem, a quantidade de caminhões-betoneira e de bombas, a distribuição das equipes de execução e de fiscalização, bem como o estoque de matéria-prima e a sequência de carregamento.

A confecção do plano tem início com a análise do projeto estrutural, incluindo as características do concreto e das fôrmas, as dimensões da estrutura e o detalhamento de armaduras. O estudo deve estar em sintonia plena com o planejamento da obra e com as características do terreno.

De acordo com o manual da Abesc (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem do Brasil), o planejamento deve prever interrupções nos pontos de descontinuidade das fôrmas. Outra recomendação é que o plano garanta a disponibilidade de um número suficiente de pontos de energia para abastecer os equipamentos elétricos.

ASPECTOS CRÍTICOS

Um dos maiores desafios durante a elaboração de um plano de concretagem é evitar que haja gargalos logísticos ao longo de todo o processo, desde o recebimento do material no canteiro. Por isso, é tão importante que haja equipamentos suficientes para o transporte de concreto dentro da obra, sejam carrinhos, dumpers, bombas, esteiras, guinchos etc.

Logística de fornecimento, espaço físico para descarga, equipamentos e dimensionamento das equipes são alguns dos pontos que devem ser definidos no plano de concretagem
Luiz Felipe Alves de Campos

O atendimento a normas como a ABNT NBR 7212: 2012 – Execução de concreto dosado em central – Procedimento também impõe pressões sobre o planejamento. O texto determina um tempo máximo para o transporte e para a descarga do concreto usinado. “Daí um dos primeiros pontos analisados no plano de concretagem ser a distância entre a usina e o canteiro, para que o tempo de trajeto não seja excessivamente longo”, destaca Campos.

A limitação de espaço e de acessos aos terrenos urbanos é outro complicador na hora de planejar a concretagem. “É preciso, por exemplo, garantir que haja local para estacionamento da bomba e da betoneira, principalmente em lugares de restrição, que exigem solicitação prévia ao departamento de trânsito”, comenta Campos.

O engenheiro lista seis equívocos comuns durante esse processo e que devem ser evitados. São eles:
• Não prever espaço para moldador do laboratório de controle tecnológico
• Não planejar o trajeto por onde passará a tubulação da bomba de concreto
• Negligenciar o local para lava rodas
• Não antever ponto para destinação dos resíduos de concretagem
• Não garantir que os equipamentos utilizados tenham reservas em caso de um problema mecânico
• Não se atentar para os equipamentos de proteção individual e coletiva

No dia a dia de uma obra, há uma série de situações que podem exigir a alteração, ou mesmo a suspensão, do plano de concretagem. Entre elas, as mais comuns são problemas climáticos, como chuvas intensas e calor excessivo, e interrupções logísticas, como greves e bloqueios de vias. Nessas situações, o construtor deve ter jogo de cintura para remanejar recursos. Também nesses momentos dispor de um bom plano de concretagem é uma estratégia interessante, que permite ao construtor antecipar-se aos problemas, minimizando transtornos.

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Colaboração técnica

Luiz-Felipe-Alves-de-Campos
Luiz Felipe Alves de Campos – Engenheiro civil formado pela Unicamp. É sócio da Wall Engenharia, empresa que presta serviços para a construtora MBigucci há sete anos.
Rafael Agostinho da Silva – Engenheiro civil formado na UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba) com especialização em Sistemas de Gestão de Qualidade. É gerente de obras na construtora Trisul.