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Pisos de áreas comuns e externas de condomínios devem ser antiderrapantes

Além de manter o padrão visual das demais áreas do empreendimento, o material empregado nesses ambientes deve apresentar funcionalidade técnica. Confira dicas

Publicado em: 17/09/2019Atualizado em: 18/09/2019

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Nos ambientes externos, é fundamental optar por solução com elevada resistência às intempéries, pois a superfície estará constantemente exposta aos ciclos de sol e chuva (foto: PIXEL to the PEOPLE/shutterstock)

Especificar pisos para as áreas comuns e externas de condomínios demanda análise de diferentes particularidades. Além de criar unidade estética entre os materiais empregados nos variados ambientes, o arquiteto deve optar por soluções que garantam a segurança e o conforto dos frequentadores. Com dezenas de opções disponíveis no mercado, o profissional deve indicar a mais pertinente a cada situação.

Não há receita pronta para a combinação de produtos. Cabe ao arquiteto especificar um tipo de piso para as áreas externas que esteja de acordo com os utilizados na piscina e playground
Caio Pelisson

“Não há receita pronta para a combinação de produtos. Cabe ao arquiteto especificar um tipo de piso para as áreas externas que esteja de acordo com os utilizados na piscina e playground”, comenta o arquiteto Caio Pelisson, titular do escritório de Arquitetura & Design Caio Pelisson. Esse tipo de cuidado evita que os corredores de acesso ao interior do condomínio fiquem completamente destoantes dos espaços de lazer.

Especificando pisos para áreas comuns e externas

De acordo com Pelisson, a especificação dos pisos em condomínios deve considerar três áreas distintas: comuns, externas e garagens, sendo que o material indicado para um caso não será o mesmo utilizado nos demais. Entretanto, algumas propriedades se repetem em todas as situações. Por exemplo, independentemente do local, a solução empregada tem que ser antiderrapante. “Essa é a principal premissa”, destaca.

Para as áreas comuns, como o saguão de entrada ou hall do elevador, a escolha do produto precisa respeitar a sensibilidade visual das pessoas. Assim, superfícies muito brilhantes e que refletem a luz não são recomendadas, pois acabam causando desconforto em determinados grupos de pessoas. “Além disso, as opções mais claras tendem a sujar com maior facilidade, ainda mais considerando o alto tráfego nesses ambientes”, afirma o arquiteto Flavio Cunha Machado, diretor do escritório SET Arquitetura e Construções.

Os rodapés também pedem atenção no projeto das áreas comuns. “É interessante especificá-los com altura maior do que a convencional para proteger a parede contra choques de carrinhos de compras ou demais objetos. Outro cuidado é executá-los com materiais de alta resistência, como pedras”, diz Pelisson. Os tipos de pisos mais empregados atualmente nas áreas comuns são porcelanato, mármore, granito, entre outros.

Nos ambientes externos, é fundamental optar por solução com elevada resistência às intempéries, pois a superfície estará constantemente exposta aos ciclos de sol e chuva. Para evitar a criação de poças durante os períodos de precipitação, o projeto dos pisos tem que estar devidamente integrado ao de drenagem. “É fundamental prever o caimento adequado para que a água seja encaminhada para as grelhas”, exemplifica Machado.

Existem produtos para as áreas externas que podem auxiliar no escoamento dos volumes pluviais, como é o caso dos bloquetes de concreto intertravados. Material indicado pela prefeitura de São Paulo para execução de calçadas, a solução permite que a água seja absorvida e encaminhada diretamente aos lençóis freáticos. Esse tipo de piso é considerado sustentável justamente por evitar a impermeabilização do solo.

O paisagismo é outra variável que interfere diretamente na escolha dos pisos para as áreas externas. “Uma cor muito clara ao lado de área com terra não é indicada”, fala Pelisson. Além dos blocos intertravados, podem ser especificadas pedras naturais ou fulget. “A cerâmica também começa a ganhar espaço, porque a indústria vem desenvolvendo opções antiderrapantes e resistentes”, complementa Pelisson.

Por fim, nas garagens, o mais comum são os pisos industriais de concreto com algum tipo de acabamento, como a tinta epóxi. A estrutura alia a alta resistência do concreto para suportar as elevadas cargas dos automóveis com a proteção da camada protetora, que evita, por exemplo, o ataque do óleo ou gasolina, provenientes de vazamentos nos veículos. “Além do epóxi, alternativa de revestimento é o verniz impermeabilizante”, diz Pelisson.

Apesar de o cinza ser a cor mais utilizada nas garagens, os produtos que fazem o revestimento da superfície permitem que outras tonalidades sejam empregadas. No entanto, no caso de o arquiteto optar por cores diferentes, é preciso cuidado para que a tonalidade do piso não dificulte a visualização das linhas que demarcam o espaço das vagas. “Existem regras de cores que devem ser atendidas para evitar possíveis conflitos”, ressalta Pelisson.

Em qualquer que seja o projeto, é preciso sempre considerar todos os possíveis agentes externos
Flavio Cunha Machado

Agentes externos

Mesmo tomando todos os cuidados durante a etapa de projeto, imprevistos podem surgir após a instalação. “Alguns pisos antiderrapantes, dependendo do local onde estão, podem perder essa característica”, indica Machado. Essa situação pode ocorrer, por exemplo, perto de vegetação, devido à queda de flores, folhas ou até mesmo frutos. A sujeira acaba criando camada escorregadia caso a superfície não seja constantemente limpa.

“Em um edifício, foi instalado piso antiderrapante bastante caro. No entanto, as pessoas estavam tendo problemas e o material foi levado para análise. A verificação constatou que o problema era causado por aqueles coquinhos que caem de certas árvores. Eles criavam um tipo de óleo que deixava o caminho escorregadio. Por isso, em qualquer que seja o projeto, é preciso sempre considerar todos os possíveis agentes externos”, finaliza Machado.

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Colaboração técnica

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Caio Pelisson — Formou-se em 1999 como técnico de construção civil pela Universidade de Campinas (Unicamp) e como arquiteto, em 2005, pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). É pós-graduado em Design de Interiores pela Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas (Metrocamp). Titular do escritório de Arquitetura & Design Caio Pelisson, é autor de mais de mil projetos e atende a clientes de todo o Brasil.
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Flavio Cunha Machado — Com mais de 25 anos de experiência, iniciou sua vivência profissional aos 13 anos, em um escritório de arquitetura, período em que ingressou no curso de Edificações, na Escola Técnica Oswaldo Cruz Paes Leme. Ele chegou a manusear prancheta, caneta nanquim, papel vegetal e réguas normógrafo – detalhe que acredita ser um diferencial com relação a uma visão de escala e proporção. No comando do escritório SET Arquitetura e Construções, desenvolve projetos e executa obras nos segmentos corporativo, comercial, residencial, predial, interiores e hoteleiro.