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Pintura eletrostática a pó ou líquida protege substratos contra corrosão

A técnica é empregada em materiais condutores de energia elétrica, como metais ferrosos e não ferrosos. Deve ser, preferencialmente, aplicada em ambiente industrial

Publicado em: 21/05/2019

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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A técnica de pintura eletrostática  consiste em pulverizar sobre a superfície a ser pintada a tinta atomizada através da pistola com tinta liquida ou a tinta a pó (Foto: Thanamat Somwan/ Shutterstock)

A pintura eletrostática, seja a pó ou líquida, é uma solução para tratar superfícies de esquadrias de alumínio, vigas e portões de aço. Mais do que promover resultados estéticos, esse processo de pintura busca proteger o substrato contra a corrosão ao longo do tempo. É recurso empregado também pelas montadoras na pintura de veículos e pela indústria de petróleo e gás na proteção de dutos enterrados, por exemplo.

O processo de pintura eletrostática é feito, preferencialmente, em ambiente industrial, dada a sua sofisticação. “Os polímeros da tinta pó e da líquida são carregados com carga elétrica. A tinta é depositada, por aspersão, sobre a superfície que está aterrada. Pela diferença de carga, ocorre a atração eletrostática”, explica o químico Antonio Carlos de Oliveira Sobrinho, diretor Técnico da Associação Brasileira de Tratamento de Superfície (ABTS). Em seguida, a peça é encaminhada para a estufa, onde a tinta pó irá fundir sobre a superfície e a líquida polimerizar/secar, de acordo com sua formulação.

Os polímeros da tinta pó e da líquida são carregados com carga elétrica. A tinta é depositada, por aspersão, sobre a superfície que está aterrada. Pela diferença de carga, ocorre a atração eletrostática
Antonio Carlos de Oliveira Sobrinho

Entre os materiais, apenas os condutores de energia elétrica podem ser tratados por esse processo, pois é a propriedade que permite criar o efeito eletrostático. “Estamos falando de todo tipo de metal – ferroso (aço) ou não ferroso (alumínio) ”, diz o especialista. Estruturas como vigas podem ser protegidas contra intempéries (corrosão) e ganhar destaque arquitetônico, pela beleza das suas cores. “O plástico, por exemplo, não tem carga passando por ele e, portanto, somente aceita a pintura eletrostática com o emprego de primers especiais condutivos, que devem ser aplicados por processo convencional”, complementa.

Tinta a pó ou líquida

Ambas as tintas podem ser aplicadas em situações semelhantes. Porém, o controle da cor é aspecto determinante para a escolha do tipo de tinta. Quando se necessita de cores específicas, sem variação, a mais indicada é a liquida, que permite ajustes de tonalidade depois de pronta, o que não ocorre com a pó. “A lataria dos automóveis é um exemplo de pintura eletrostática, sendo que praticamente todas as montadoras utilizam pintura de acabamento com a líquida, devido ao maior controle de cor”, comenta. Já entre as oficinas de funilaria, somente as grandes, como as concessionárias, têm cabine de pintura eletrostática.

As espessuras das camadas de tinta são fatores técnicos importantes. “Usualmente, a camada mínima de pó aplicada é de cerca 50 micras e, da líquida, a partir de 20 micras, de acordo com as normas técnicas”, ensina Sobrinho. Esses parâmetros são crescentes e respondem as especificações, levando em conta a resistência à corrosão exigida do metal – por exemplo, esquadria de alumínio instalada em obra no litoral pede camada de pintura mais robusta.

Para alcançar a espessura de pintura especificada pelo cliente, a indústria acrescenta diferentes quantidades de pó à superfície. “Mas há limites”, alerta. Se for acrescentado pó acima de 200 micras e dependendo da tinta, a camada pode se tornar muito frágil, de cura mais difícil e quebradiça depois de curada. “Qualquer flexibilização da superfície, a pintura vai craquelar. E, se precisar aparafusar a superfície pintada em outra, poderá acarretar falso torque”, diz.

Em suma, enquanto a pintura líquida permite melhor uniformidade nas cores, o seu rendimento por metro quadrado é menor. Assim que é aspergida, ela adere à superfície
Antonio Carlos de Oliveira Sobrinho

“Em suma, enquanto a pintura líquida permite melhor uniformidade nas cores, o seu rendimento por metro quadrado é menor. Assim que é aspergida, ela adere à superfície”, diz, explicando que a tinta em pó permite camadas mais espessas e um rendimento que mais se aproxima de 100%. A razão é simples: o pó que não ficou aderido à peça pode ser recuperado, filtrado e utilizado novamente.

Processo industrial

De acordo com o especialista, o ambiente industrial é o mais adequado para a pintura eletrostática. Em primeiro lugar, porque evita a emissão de solventes e particulados de tinta no meio ambiente. Depois, por se tratar de ambiente controlado, são mínimos os riscos de contaminação da película pintada.

“Hoje, muitas normas europeias têm exigido a redução de compostos orgânicos voláteis (VOCs). O pó da pintura eletrostática é praticamente isento de VOC, porque é pó e só será fundido na estufa. A tinta líquida, por sua vez, tem uma quantidade grande de solvente que, na estufa, evapora. Isto exige que a indústria tenha um pós-queimador e filtros para evitar a contaminação do ar. Assim, a tinta em pó é mais amigável ao meio ambiente”, ressalta.

Há casos relatados de equipamentos de pintura eletrostática feitos de maneira artesanal, o que é um perigo, pois são suscetíveis a acidentes e incêndio. As indústrias de tratamento de superfície utilizam equipamentos projetados especificamente para esta finalidade, que têm o seu isolamento elétrico bem desenhado. Ainda assim, quando não é feita manutenção, pode provocar um incêndio.

“É um erro acreditar que uma linha de pintura eletrostática a pó, diferentemente da líquida, nunca vai incendiar porque não tem solvente. Qualquer faísca pode levar o pó à combustão – é o mesmo princípio que leva um talco, mediante chama, a pegar fogo e disseminar para as demais partículas rapidamente”, destaca.

Aplicação

A técnica de aplicação consiste em pulverizar sobre a superfície a ser pintada a tinta atomizada através da pistola com tinta liquida ou a tinta a pó. “A aplicação eletrostática garante uma melhor uniformidade de camada de tinta quando comparada à aplicação convencional”, acrescenta Sobrinho.

Para ambos os processos, liquido ou pó, é aconselhável que o operador esteja adequadamente aterrado, pois a tendência de ser vítima de choque elétrico é grande. “O calçado desse profissional tem bico de plástico, ao contrário de quem trabalha em usinagem, por exemplo, que usa calçado com bico de aço”, orienta. É essencial, ainda, que o operador faça uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s) regulamentados para a finalidade, de acordo com as leis de segurança ocupacional e as melhores práticas.

“O processo de pintura eletrostática, tanto para a líquida quanto em pó, exige um tanque de tinta, pistolas eletrostáticas e também uma linha abastecedora de ar, devidamente filtrado e isento de água. Vale ressaltar que, no caso da tinta líquida, os tanques devem possuir agitadores para garantir a homogeneidade da tinta”, explica.

Para ambas, as pistolas devem ser específicas para eletrostática, acompanhada de central elétrica que irá fornecer energia para os eletrodos das pistolas, os quais irão carregar eletricamente a tinta para a aplicação. De acordo com o especialista, existem parâmetros bastante específicos de energia elétrica para o processo da pintura eletrostática, referentes a fatores como voltagem e amperagem.

Na fase de uso de produtos, a manutenção da pintura eletrostática é feita através de polimento, que consome a camada de tinta que oxidou com a ação do tempo e se tornou opaca. “É preciso, no entanto, utilizar cera suave, que consuma o mínimo possível da camada de tinta, mas renove o brilho”, ensina.

Normas técnicas

As normas técnicas que regulam a aplicação da pintura eletrostática variam conforme o mercado a que o produto se destina – construção civil, automobilístico, linha branca e petróleo e gás.

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Colaboração técnica

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Antonio Carlos de Oliveira Sobrinho – Graduado em Ciências (Química) e Administração de empresas, com especialização em Marketing e Finanças. É Master Practitioner em Programação Neurolingüística. Atua há mais de 30 anos na indústria automobilística, na área de tratamento de superfície.