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Paredes de concreto: norma técnica é atualizada após dez anos de sua publicação

Em consulta nacional, ABNT NBR 16.055 incorpora novos conceitos e inclui o uso de concreto reforçado com fibras

Publicado em: 28/09/2022

Texto: Juliana Nakamura

foto de um canteiro de obras
(Foto: Embraed/Divulgação)

As paredes de concreto consistem em uma solução construtiva que responde à necessidade de se produzir empreendimentos que tenham algum grau de repetitividade, com racionalidade, agilidade e custo competitivo. Utilizado principalmente na construção de condomínios habitacionais e edifícios residenciais, esse sistema tem como principal característica o fato de estrutura e vedação serem formadas por um único elemento moldado in loco em fôrmas que podem ser metálicas ou de plástico (EPS e PVC).

Nos últimos anos, essa técnica ganhou relevância, impulsionada pela demanda criada por programas de habitação de interesse social, como o Minha Casa Minha Vida e o Casa Verde e Amarela. Também contribuiu para a difusão do método construtivo a publicação da ABNT NBR 16.055/2012: Parede de concreto moldada no local para a construção de edificações — Requisitos e procedimentos.

Passada uma década da publicação da primeira edição da norma, o referencial técnico foi submetido a um processo de revisão e está, no momento, em consulta nacional. “A utilização mais ampla das paredes de concreto exigia a atualização da norma, assim como havia a necessidade de incorporar conceitos relativos ao controle da retração, novos materiais, análise técnica de projeto etc.”, explica o engenheiro Marcelo Rios, coordenador da Comissão de Estudo de Paredes de Concreto (ABNT/CE-002:123.005).

PRINCIPAIS MUDANÇAS

A nova versão da ABNT NBR 16.055 vai estabelecer os requisitos básicos das paredes de concreto moldadas in loco, com moldes removíveis e armaduras distribuídas em toda a parede.

Abrangendo as áreas de projeto, execução e controle de qualidade, o texto se aplicará às paredes submetidas à carga axial, com ou sem flexão, concretadas com todos os elementos que farão parte da construção final, incluindo detalhes de fachada, armaduras distribuídas e localizadas, instalações elétricas e hidráulicas embutidas e elementos estruturais solidarizados.

Entre as inovações mais importantes trazidas pelo trabalho de revisão destaca-se a utilização de concreto reforçado com fibras em edifícios simplificados, ou seja, aqueles com até cinco pavimentos e lajes de vão livre principal de, máximo, de 4 m. Essa solução traz maior celeridade à execução das paredes de concreto, reduzindo a mão de obra empregada e, consequentemente, os custos.

“Outras novidades são a definição de responsabilidades de projetista e tecnologista do concreto, a análise técnica de projeto (ATP), a inclusão de dimensionamento alternativo e a possibilidade de uso de tela centrada até 18 cm de espessura (antes era apenas 15 cm)”, cita Marcelo Rios.

PAREDES DE CONCRETO EM EDIFÍCIOS ALTOS

Na visão do coordenador da comissão de revisão da norma, o mercado de paredes de concreto vem se consolidando à medida que se viabilizam empreendimentos com menor grau de repetição. Outro impulsionador para o uso desse sistema é a necessidade de verticalização nos centros urbanos, onde os terrenos são mais caros e escassos.

“A revisão da norma acompanha esse espectro mais abrangente do mercado”, diz Rios, lembrando que há dez anos, mesmo sem qualquer limitação normativa, a maioria dos empreendimentos com paredes de concreto compreendia prédios baixos, até cinco pavimentos. “Hoje, a ocupação nas grandes cidades exige prédios mais altos. Com a revisão, mesmo com espessuras de paredes de até 18 cm, a norma não obrigará mais o emprego de telas duplas, cuja produtividade cai bastante”, explica o projetista de estruturas.

A revisão da ABNT NBR 16.055 deve ajudar a derrubar o mito de que paredes de concreto só servem para projetos de edifícios baixos. Um marco que ilustra a evolução no uso dessa tecnologia no Brasil é a construção, em andamento, do Aurora Exclusive Home, em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Trata-se de uma torre residencial de alto padrão com 50 pavimentos e 160 metros de altura, construída com paredes de concreto moldadas em fôrmas de alumínio.

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Colaboração técnica

Marcelo Rios – Engenheiro civil com mestrado em edifícios altos pela USP, é diretor na Geotest Projetos e Consultoria e da Geotest Cursos e Treinamentos. Coordenador da comissão de revisão da norma de paredes de concreto (ABNT NBR 16.055), é projetista de estruturas de concreto armado com mais de 130 empreendimentos concebidos com paredes de concreto.