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Obra combina técnicas não-destrutivas a escavação de valas a céu aberto

Infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto na Baixada Santista foi expandida com investimentos de R$ 88 milhões. Foram construídas redes coletoras, tubulações pressurizadas e oito estações de bombeamento

Publicado em: 18/06/2018

Texto: Juliana Nakamura


O investimento na coleta e tratamento de esgoto foi de mais de R$ 80 milhões (foto: divulgação Prefeitura de Bertioga)

A coleta e o tratamento de esgoto no litoral paulista foram ampliados com a inauguração, em abril de 2018, de mais uma etapa da expansão do sistema. As obras permitiram que o esgoto produzido em 8.900 imóveis passasse a ser encaminhado para tratamento, atendendo quase 33 mil moradores das cidades de Bertioga e Guarujá. Pelo impacto positivo na qualidade das praias, as benfeitorias também beneficiam os inúmeros turistas que visitam esses balneários todos os verões.

Com investimento superior a R$ 88 milhões, o projeto da Sabesp contemplou a construção de 60,5 quilômetros de redes coletoras, 2,5 quilômetros de tubulações pressurizadas (linhas de recalque), e oito estações de bombeamento de esgotos. As obras integram o programa Onda Limpa, criado em 2007 pelo Governo do Estado de São Paulo, e que prevê ações para elevar o acesso à rede de esgoto na Baixada Santista de 54% para 77%, com 100% de tratamento nas nove cidades que compõem a região.

Tivemos de realizar o ajuste geométrico do traçado da linha, em virtude de demandas externas, como o futuro projeto de ampliação do campus da USP Leste
Jackson Teixeira Eugênio

SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS COMBINADAS

Nas obras realizadas no litoral paulista, a maior parte das redes de coleta foi executada pelo tradicional método de vala a céu aberto (VCA), com tubulação de PVC. “O assentamento das tubulações contou com sistemas de escoramento das paredes das valas metálicos e em madeira, bem como com o rebaixamento do lençol freático com ponteiras filtrantes”, revela o engenheiro Kleber Castilho Polisel, superintendente da Sabesp na Baixada Santista.

Em trechos de maior profundidade, especialmente nas chegadas às estações de bombeamento de esgotos, optou-se pelo método não-destrutivo de furo direcional, que possibilita a menor ruptura possível da superfície. Já para instalação dos coletores tronco foi empregado o sistema de tubos cravados, que utiliza um martelo percussivo a partir de um shaft de entrada.

Ambas as técnicas têm como características proporcionar prazos de execução mais curtos, demandar menos volume de mão de obra, permitir a escavação em condições geológicas críticas, assegurar precisão da cravação e minimizar recalques superficiais. “Os métodos de tubos cravados e de furo direcional nos ajudaram a realizar uma obra mais rápida e segura, evitando possíveis danos aos imóveis próximos às obras”, resume Polisel.

A altura dos pilares foi definida de modo a garantir os gabaritos das vias e rodovias ultrapassadas pelo elevado, conjugados com os limites de rampa que os trens têm capacidade de vencer, de até 2%
Jackson Teixeira Eugênio

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Para viabilizar os trabalhos em diferentes bairros de Bertioga e do Guarujá, foram mobilizadas máquinas de grande porte, com destaque para retroescavadeiras, caminhões basculantes para movimentação de terra e guindastes acoplados tipo munck, além de equipamentos de rebaixamento de lençol freático para instalação ao longo das valas. “Para a construção dos coletores-tronco pelo método não-destrutivo contamos com equipamento completo para cravação da tubulação na cota de assentamento da tubulação, o que inclui macaco hidráulico, guincho e perfuratriz”, informa o superintendente da Sabesp. 

Já para a consolidação do solo no entorno dos poços de ataque do coletor-tronco e do poço principal das estações de bombeamento, as condições geológicas exigiram reforço com injeção de cimento pelo sistema jet grouting, especialmente indicado para solos fracos, moles e de baixa resistência. O engenheiro Kleber Polisel conta que somente após a consolidação do solo, foi possível iniciar a escavação das valas e revesti-las com concreto projetado.

 

Colaboração técnica

Jackson Teixeira Eugênio – Engenheiro-civil formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), é gerente de obras e rxpansão da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)