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Novas tecnologias permitem controlar e melhorar a qualidade do ar interior

Soluções para monitoramento e purificação do ar tornaram-se mais simples e acessíveis, tanto em edifícios novos, quanto em construções antigas

Publicado em: 07/04/2022

Texto: Juliana Nakamura

foto de um aparelho de purificação do ar, e, ao fundo, uma mulher lê um livro ao lado de uma criança
A principais alternativas da indústria na qualificação do ar giram em torno do controle de temperatura, umidade, índice de CO₂ e teor de compostos orgânicos voláteis e de particulados (Foto: Suti Stock Photo/Shutterstock)

Entre as várias transformações proporcionadas pela pandemia de Covid 19, uma das mais marcantes foi a maior atenção com a qualidade do ar interior. Embora esse tema seja de enorme importância, ainda mais quando consideramos que as pessoas passam a maior parte de seu tempo em espaços fechados, a qualidade do ar interno muitas vezes é negligenciada, gerando uma série de problemas de saúde.

Mas isso vem mudando, seja por pressão das certificações de sustentabilidade, que já incorporam a qualidade do ar em suas especificações, seja por ações regulatórias governamentais.

Acompanhando esse movimento, a indústria tem desenvolvido alternativas para controlar as variáveis mais importantes para a obtenção de um ar de boa qualidade. Estamos falando, principalmente, de temperatura, umidade, índice de CO₂ e teor de compostos orgânicos voláteis e de particulados.

Sensoreamento para controle da qualidade do ar 

“A tecnologia para monitoramento da qualidade do ar interno (QAI) vem acelerando sua evolução com o avanço da microeletrônica que viabiliza em dispositivos cada vez menores”, comenta Arthur Aikawa, CEO da Omni-Electronica Brasil e membro do Departamento de Qualidade do Ar Interno da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento).

Segundo ele, além de custos muito mais acessíveis, estas infraestruturas operam online viabilizando uma gestão mais eficiente e o compartilhamento dos dados de maneira transparente com os ocupantes.

“Atualmente, estes dispositivos são multissensoriais e custam 1/20 de uma instrumentação tradicional. Com eles, podemos monitorar mais ambientes com intervalos de tempo menores, em geral, cinco minutos”, continua Aikawa, explicando que a implementação de uma rede de monitoramento online é extremamente simples. Os dispositivos mais sofisticados utilizam redes sem fio. Basta energizá-los na tomada e os dados passam a aparecer na plataforma online.

Ele ressalta, contudo, que uma das vantagens desse tipo de infraestrutura é justamente o aproveitamento dos dados para controle do sistema de climatização sob demanda. “Edifícios com sistemas descentralizados ou sem uma interface de controle não permitem essa automação que pode resultar em economia no consumo de energia na faixa de 20%. Ainda assim, esses empreendimentos podem usufruir de outros benefícios, como uma gestão da qualidade do ar interno facilitada e maior valor intangível para o empreendimento”, analisa Arthur Aikawa.

Tecnologias de purificação

Algumas estratégias, muitas delas de simples execução, são capazes de melhorar a melhoria da qualidade do ar interno. Uma delas é a diluição do ar contaminado através da renovação e circulação do ar no ambiente. Para a purificação, as soluções se baseiam em três tecnologias principais: 

  • Ionização radiante catalítica (IRC) através do insuflamento constante de peróxido de hidrogênio ionizado pelo sistema de ar-condicionado;
  • Lâmpadas UV germicidas para inativação de fungos, vírus e bactérias nas superfícies das serpentinas do sistema de ar-condicionado;
  • Geradores de ozônio para uso em locais desocupados que tiveram contaminação.

“As tecnologias para purificação de ar proporcionam um aumento importante da biossegurança dos espaços condicionados, sem implicar em aumento significativo no consumo de energia”, afirma Manoel Gameiro, diretor nacional de vendas da Ecoquest e, também membro da Abrava. “Além disso, elas podem ser aplicadas em qualquer tipo de edifício, existentes ou novos, comercial ou hospitalar”, continua ele.

uma pessoa aproxima um aparelho que mede a qualidade do ar de uma saída de ar condicionado
Algumas estratégias de melhoria e purificação consistem na diluição da atmosfera contaminada através da renovação e circulação do ar no ambiente (Foto: Sucharas Wongpeth/Shutterstock)

Requisitos normativos

Para garantir um ambiente saudável ao ser humano, é preciso seguir algumas orientações técnicas definidas em normas da Anvisa e da ABNT. Entre elas, destacam-se:

  • Temperatura: de 23 °C a 26 °C (verão) e de 20 °C a 22 °C (inverno)
  • Umidade relativa: de 40% a 65% (verão) e de 35% a 65%  (inverno)
  • Renovação do ar: 27 m³/hora/pessoa (ambientes normais) e 17 m³/h/pessoa (ambientes com alta rotatividade de pessoas)
  • Filtragem do ar: uso de filtros adequados.
  • Microrganismos Presença de fungos abaixo de 750 ufc/m³ e relação do ar interno/ externo menor que 50%.

Dados: Cartilha “Qualidade do Ar Interno”, da Abrava.

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Colaboração técnica

Manoel Gameiro – Diretor nacional de vendas da Ecoquest. É membro do Departamento de Qualidade do Ar Interno (Qualindoor) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava). 
Arthur Aikawa – CEO da Omni-Electronica Brasil, também é membro do Departamento de Qualidade do Ar Interno (Qualindoor) da Abrava.