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Montagem de andaimes exige projeto minucioso para evitar acidentes

Para assegurar a estabilidade do conjunto, projeto deve detalhar os processos de montagem e desmontagem e deixar claro quais são os limites de utilização do equipamento

Publicado em: 28/11/2017Atualizado em: 31/03/2023

Texto: Redação PE


A NR-18 exige projeto detalhado para a montagem e utilização de andaimes (foto: shutterstock.com / Aisyaqilumaranas)

Necessária para a realização de diversas atividades em fachadas, como pinturas, colocação de revestimento e serviços de manutenções prediais, a montagem de andaimes tubulares de grande altura requer a adoção de uma série de cuidados para garantir a segurança dos trabalhadores e a produtividade das frentes de trabalho.

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No passado era muito comum a montagem desse tipo de equipamento sem qualquer projeto, seguindo apenas a experiência dos montadores. Mas com a entrada em vigor da NR-18, norma regulamentadora do Ministério de Trabalho, isso já não é permitido. O texto exige que andaimes, independentemente da altura, devem ser dimensionados por profissional legalmente habilitado, com registro no CREA. Os projetos devem ser, inclusive, acompanhados pela respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

COMO DEVE SER UM PROJETO DE MONTAGEM DE ANDAIME?

O projeto pode ser feito por um profissional ligado à empresa contratante do andaime, pela empresa que executa a montagem ou ainda por empresa ou profissional terceiro. Mas a prática mais comum é a empresa que fornece o equipamento também elaborar o projeto de montagem.

As bases de apoio recebem todo o carregamento do andaime através dos postes. Daí a importância de receberem a máxima atenção, conferindo segurança e rigidez à estrutura
Miguel Henrique de Oliveira Costa

O trabalho deve ilustrar todos os processos de montagem e desmontagem, assim como apontar os limites de utilização dos equipamentos utilizados. “Para sua elaboração, é necessário que o projetista tenha acesso a um série de informações, como quantidade de níveis de plataformas de trabalhos utilizados de forma simultânea, altura e localização do andaime para determinação das cargas randômicas, pontos de ancoragem ou travamento, pontos de acesso e rotas de saída”, explica o engenheiro Miguel Henrique de Oliveira Costa, coordenador do comitê técnico da Associação Brasileira de Fôrmas, Escoramentos e Acesso (Abrasfe) e coordenador técnico do departamento de engenharia da Mills.

“Para casos especiais, devem ser verificados outros esforços como tráfego de pessoas, máquinas e ferramentas, além da existência de esforços horizontais e cargas dinâmicas atuantes”, acrescenta o engenheiro Eduardo Vizzotto, assistente técnico da SH Fôrmas. Segundo ele, quanto mais informações forem levantadas antes da elaboração do projeto, menos revisões e alterações serão necessários.

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ATENÇÃO AOS APOIOS

Um ponto crítico, especialmente em andaimes de grande altura, é o apoio no solo, que deve ser capaz de suportar as cargas incidentes. Tipicamente, considera-se 200 kgf por metro quadrado, mas há casos em que isto não é suficiente.

O maior cuidado que se deve ter ao fixar o andaime na fachada é que este seja fixado em pilares, vigas e lajes ou ainda alguma parte da estrutura que seja capaz de receber tais cargas
Eduardo Vizzotto

“As bases de apoio recebem todo o carregamento do andaime através dos postes. Daí a importância de receberem a máxima atenção, conferindo segurança e rigidez à estrutura”, diz Costa, que lista dois cuidados imprescindíveis, tanto no projeto, quanto na execução: o dimensionamento com largura e altura compatíveis para as tensões impostas pela placa da base; e a limpeza e a qualidade de execução necessárias para mitigar imperfeições e garantir o nivelamento.

Para andaime apoiado sobre o solo, devem ser utilizadas pranchas de madeira com área dimensionada de acordo com a carga que será descarregada nela e com a tensão admissível do solo. “Quando for apoiado em lajes superiores e estruturas com base de concreto ou similares, deve-se verificar com o engenheiro calculista da obra se o dimensionamento da estrutura suporta tal esforço. Se necessário, poderá ser considerado um re-escoramento pontual nas bases dos andaimes”, diz Vizzotto. Tais cuidados são necessários para evitar problemas sérios, como recalques no solo e deformações em lajes.

De acordo com a NR-18, todo andaime que exceder quatro vezes em altura o menor lado, assim como passar de 9 metros de altura, deverá ser ancorado. Esta ancoragem deve ser especificada em projeto de forma clara para não restar dúvidas quanto à quantidade de ancoragens e à carga transversal que o olhal deve resistir. “O maior cuidado que se deve ter ao fixar o andaime na fachada é que este seja fixado em pilares, vigas e lajes ou ainda alguma parte da estrutura que seja capaz de receber tais cargas”, diz Vizzotto.

O engenheiro lista os principais equívocos que devem ser evitados na montagem de andaimes:
• Fixação de andaimes em alvenarias ou em estruturas que não são capazes de receber esta força de arranchamento
• Utilização de olhal com capacidade de carga inferior ao especificado
• Fixação indevida entre quadros através de pinos. Isso pode ocasionar, em algum momento, uma bolsa de ar embaixo dos pisos que, com o passar do tempo, tende a separar os quadros levando, até mesmo, ao desmoronamento da estrutura de andaimes.

NORMAS TÉCNICAS

Além da NR-18, outros textos são referência para a montagem de andaimes. Destacam-se, nesse sentido, a NR-35, que aborda o trabalho em altura e trata da segurança dos montadores habilitados, e a ABNT NBR 6494/90 (segurança nos andaimes). Em casos mais específicos, a ABNT NBR 8800, que trata das estruturas metálicas, também pode ser utilizada como uma orientação importante.

Além da exigência do projeto, é obrigatório que os montadores de andaimes sejam qualificados e recebam treinamentos específicos para trabalho em altura. Da mesma forma, é obrigatório o uso de cinto de segurança tipo paraquedista com duplo talabarte, ganchos de abertura mínima de 50 mm e dupla trava de segurança. As ferramentas utilizadas na montagem devem ser exclusivamente manuais e contar com amarração que impeça sua queda acidental.

Principais tipos de andaimes tubulares

• Andaime modular – Usado para serviços menores, com altura reduzida. É composto por painéis montados dois a dois formando torres.
• Andaime fachadeiro – Composto por quadros e plataformas. Indicado para forração contínua de áreas de fachada.
• Andaime tubular, de tubo e braçadeira – Montado com tubos, braçadeiras, pisos, e alguns outros elementos de ligação. É usado em situações mais complexas, como na área industrial.
• Andaime de encaixe – Similar aos andaimes de tubo e braçadeira, usa elementos tubulares soldados aos elementos de ligação. Oferece maior produtividade para aplicações semelhantes ao andaime de tubo de braçadeira.

Fonte: Michael Rock, diretor técnico da SH Fôrmas

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Colaboração técnica

Miguel Henrique de Oliveira Costa – Doutor em engenharia civil, é coordenador do comitê técnico da Associação Brasileira de Fôrmas, Escoramentos e Acesso (ABRASFE) e coordenador técnico do departamento de engenharia da Mills
Eduardo Vizzotto – Engenheiro civil, assistente técnico da SH Fôrmas
Michael Rock – engenheiro mecânico pela TU München (Alemanha), é diretor técnico da SH Fôrmas