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Monitoramento reduz o consumo de energia em prédios corporativos

Ações de racionalização visam a reduzir custos de operação e amenizar impactos ambientais

Publicado em: 26/01/2017Atualizado em: 13/02/2017

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Em prédios corporativos, a redução do consumo de energia elétrica é uma meta que precisa ser constantemente buscada. Motivos para isso vão desde a geração de economia nos custos de operação até a redução de impactos ambientais. Embora o monitoramento do consumo seja uma das estratégias mais importantes para subsidiar ações de racionalização do uso de energia, ele nem sempre é tratado com a devida atenção.

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Engenheiro trabalhando na verificação e manutenção de aparelhagem elétrica (only_kim/ Shutterstock.com)

“Isso é uma pena porque o potencial de ganhos financeiros e ambientais é enorme”, salienta o professor Roberto Lamberts, do Laboratório de Eficiência Energética em Edifícios da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele conta que, mesmo em edifícios concebidos para atender a certificações de sustentabilidade, o monitoramento do consumo é necessário para garantir que a operação esteja de acordo com o projetado. “Não adianta fazer apenas um projeto eficiente se a operação desperdiça energia, seja por falhas de manutenção nos equipamentos ou por falta de engajamento dos usuários”, continua Lamberts.

Para Olavo Kucker Arantes, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), um edifício nunca será eficiente sem manutenção e operação compatíveis com seus princípios ambientais. “De nada vale ter um prédio verde e um usuário cinza”, pondera.

MONITORAMENTO DE ENERGIA VIA WEB

Nos dias atuais, há inúmeras tecnologias capazes de dar visibilidade ao uso de energia em um edifício. Entre as mais utilizadas está o monitoramento remoto, que utiliza sistema baseado na web para coletar dados sobre a energia utilizada e gerar relatórios variados.

Não adianta fazer apenas um projeto eficiente se a operação desperdiça energia, seja por falhas de manutenção nos equipamentos ou por falta de engajamento dos usuários
Roberto Lamberts

Além do consumo geral medido em KWh/m², o sistema pode emitir alarmes nos casos de distorções e até estimar eventual redução de custos com otimização de contratos de demanda, correção do fator de potência, enquadramento tarifário, geração de energia no horário de ponta e migração para o mercado livre. “Quanto mais ágil e assertivo for o sistema, melhor para o gestor, que poderá atuar rapidamente na correção de desvios”, diz Olavo Kucker.

Capazes de proporcionar redução de custos na fatura de luz entre 3% e 30%, os sistemas disponíveis variam com relação à sofisticação, mas quase sempre são compostos por inversores de frequência, controles, filtros, sensores de corrente, microcontroladores e softwares. Edifícios de grande porte, projetados em sintonia com princípios de sustentabilidade, já são entregues com esses aparelhos. Para edifícios antigos e de pequeno e médio portes, há soluções fornecidas em regime de comodato que permite às empresas dispor de equipamentos e hardwares sem ser obrigada a despender investimentos vultosos.

REDUÇÃO DO DESPERDÍCIO

Para que um edifício tenha uma operação eficiente quanto ao uso de energia, tão importante quanto fornecer dados sobre o consumo é dispor um profissional ou consultor para ler essas informações e transformá-las em boas práticas. “Muitos edifícios corporativos de alto padrão contam com dispositivos para fazer o monitoramento de energia, mas nem sempre há alguém designado para ler e interpretar os relatórios devidamente”, revela Kucker.

De posse dos dados, o gestor pode lançar mão de ações simples para reduzir o desperdício, como o desligamento de lâmpadas em horários específicos e a mudança do horário da faxina para aqueles que não sejam os de pico e com custo mais elevado.

De nada vale ter um prédio verde e um usuário cinza
Olavo Kucker Arantes

Com as informações corretas, o gestor também tem mais condições de promover ações para conscientizar e engajar os usuários. É possível, por exemplo, realizar campanhas para que os moradores programem seus computadores para entrar em “estado de espera” quando não estiverem em uso. “O monitoramento permite investigar alertas relacionados com a energia e analisar tendências no longo prazo para fazer com que os esforços de redução do consumo de energia sejam sustentáveis”, reforça Roberto Lamberts.

MANUTENÇÃO PRÓ-ECONOMIA

A manutenção periódica de elevadores e do sistema de ar-condicionado também pode gerar economias consideráveis na conta de luz. No caso dos elevadores, que respondem por um consumo entre 6% e 10% da energia de um edifício, é necessário garantir que os inversores de frequência estejam funcionando devidamente.

Outro intenso consumidor de energia, o sistema de ar-condicionado também pode passar por melhorias uma vez detectadas distorções no monitoramento. Entre as ações que podem ser adotadas para racionalizar o consumo está a verificação de vazamentos e o estado do isolamento térmico dos dutos. Outro problema corrente e que gera desperdícios e desconforto aos usuários é a refrigeração excessiva dos ambientes. Vale lembrar que o conforto térmico é uma combinação de temperatura e umidade, sendo recomendado entre 22 e 24 °C de temperatura e 50 e 60% de umidade relativa do ar.

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Colaboração técnica

Roberto Lamberts – professor da faculdade de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina, coordenador do Comitê Temático de Energia do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável).
Olavo Kucker Arantes – engenheiro de produção, diretor de projetos e sustentabilidade da DUX Arquitetura e Engenharia Bioclimática e presidente do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável)