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Mezaninos em aço são a melhor escolha para qualquer tipo de obra

Montadas como um ‘lego’, as peças metálicas são autoportantes e leves. Os principais cuidados são adotados na fase de projeto

Publicado em: 22/07/2021Atualizado em: 01/12/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Mezanino metálico
O escritório Pietro Terlizzi Arquitetura fez amplo uso de mezanino metálico no projeto do Studio Pier 88 (Foto: Divulgação/Pietro Terlizzi Arquitetura)

Os mezaninos em aço predominam em lojas de shopping centers e de galpões industriais e logísticos. Agora, ganham espaço em residências e nos apartamentos compactos com pé-direito duplo, possibilitando a ampliação da área do imóvel. De acordo com a engenheira Heloísa Martins Maringoni, titular da Companhia de Projetos, a escolha se deve tanto pela leveza e capacidade autoportante quanto pela durabilidade e possibilidade de ampliações e adaptações.

Suas peças, pré-definidas, são montadas como um ‘lego’ e o peso próprio da estrutura é bem menor do que aquele que suporta
Heloísa Martins Maringoni

“Suas peças, pré-definidas, são montadas como um ‘lego’ e o peso próprio da estrutura é bem menor do que aquele que suporta”, diz, explicando que se essa relação for entendida como rendimento, este é da ordem de 1000%. Ou seja, suporta 10 vezes o que pesa. Dessa forma, a capacidade disponível em uma estrutura preexistente ganha na otimização de uso.

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A engenheira compara o mezanino metálico com o de concreto e o de madeira. “A solução em concreto é construída junto com a estrutura do edifício, faz parte do projeto original”, diz. No caso de ser executada posteriormente – situação comum em lojas de shoppings em que há uma estimativa de carga, mas não a definição de ocupação –, a melhor solução é o aço ou a madeira. Esses materiais reduzem o peso próprio para otimização de uso e de pilaretes de apoio.

“Além disso, o mezanino em aço resulta na redução das dimensões estruturais, o que leva ao ganho de alturas livres”, destaca. Tanto a estrutura em aço quanto em madeira é de seção ativa, ou seja, é constituída de barras. As estruturas em madeira têm seções um pouco maiores e detalhes de ligação mais delicados, visto ser um material com resistência diferente em relação às fibras. As placas de piso devem ser, preferencialmente, de material industrializado, painéis ou placas, de forma a manter a condição de obra seca, a leveza e a prontidão de resposta estrutural.

Instalação dos mezaninos em aço

Ainda na fase de concepção do mezanino, o projeto deve considerar as possibilidades de apoio (cargas máximas por ponto) e travamento. “Geralmente, há restrições em estruturas preexistentes”, adverte. As ligações entre os elementos estruturais no aço, como os engastes, articulações e tirantes, precisam ser bem definidas, pois esses vínculos podem mudar o sistema estrutural.

Cuidado especial deve ser tomado na ancoragem com o concreto, de maneira a não danificar peças existentes. Na instalação dos chumbadores de expansão ou químicos, é preciso respeitar as distâncias mínimas entre eles e a distância de borda, de forma a garantir a integridade do elemento base e da capacidade da ligação.

“Entre as placas de piso e a face de apoio nas vigas deve ser colocado um elemento amortizador de som, como Neoprene ou fitas de amortização de impacto ou isolamento sonoro. O revestimento da placa de piso também pede algum amortecimento e, se for adotado forro, pode-se utilizar entre piso e forro uma manta de lã de rocha ou lã de PET – materiais que colaboram com o isolamento acústico”, recomenda Maringoni.

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Tipos de revestimento

Os revestimentos flexíveis de piso são os ideais para revestir mezaninos metálicos. A explicação é que toda estrutura deforma, algumas ao longo do tempo, outras sob ação imediata da solicitação, como ocorre com o aço. Essa deformação, num curto espaço de tempo, é a vibração. “Estruturas leves vibram e, para atender a limites que evitem desconforto ao usuário, a vibração é controlada em projeto”, afirma. O revestimento de piso sofre com essas deformações, portanto, em mezanino metálico a melhor solução é o uso de vinílicos ou emborrachados.

Segundo Heloísa Maringoni, nem mesmo ambientes agressivos, como os de alguns ramos industriais ou edificações em regiões litorâneas, devem renunciar aos mezaninos metálicos. “Toda estrutura precisa de manutenção. Por mais criteriosa que seja a pintura, ela deve ser refeita a cada oito ou 10 anos. Em meios agressivos ou de difícil acesso para manutenção, o aço pode ser empregado, desde que protegido por galvanização a quente”, conclui.

Case Studio Pier 88

O escritório Pietro Terlizzi Arquitetura fez amplo uso de mezanino metálico no projeto do Studio Pier 88, produtora de vídeos e fotos, transformando um antigo galpão de 2 mil m² no bairro paulistano de Vila Leopoldina. “Os proprietários conheciam em Nova York e Los Angeles inúmeros exemplos de edificações que um dia foram fábricas ou depósitos, como essa, retrofitadas e usadas por estúdios”, conta Pietro Terlizzi.

Toda a estrutura metálica dos mezaninos foi instalada de maneira independente dos muros e treliças originais do galpão, apoiando-se apenas no piso, com fechamentos em drywall. Na área do térreo, optamos por fechamentos laterais em alvenaria
Pietro Terlizzi

O projeto alocou as áreas comuns na parte frontal do terreno com ambientes como recepção, administração, depósito de materiais e sala de reunião, entre outros. Na parte posterior, foram criadas cinco grandes salas de fotografia e filmagem, com seus mezaninos e camarins exclusivos que receberam a infraestrutura necessária para as sessões de fotos e filmagens. “Toda a estrutura metálica dos mezaninos foi instalada de maneira independente dos muros e treliças originais do galpão, apoiando-se apenas no piso, com fechamentos em drywall. Na área do térreo, optamos por fechamentos laterais em alvenaria”, diz o arquiteto.

O telhado original recebeu isolamento termoacústico, restauro e reparos nas treliças de madeira que chegam a ter 2,5m de altura. Sistema de climatização nas salas de gravação assegura o conforto dos modelos que participam da produção das roupas de verão e inverno da Europa e Estados Unidos.

“A ideia foi deixar o projeto com os materiais aparentes, mantendo a identidade industrial original da construção. O contraste entre a estrutura de madeira do telhado original do galpão pintada de branco e a estrutura em aço dos mezaninos na cor cinza chumbo deixa claro que parte do projeto tem mais de meio século e parte é composta de elementos introduzidos agora”, comenta Terlizzi.

Confira também: Por que usar estrutura metálica para construir edifícios?
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Colaboração técnica

Heloísa Martins Maringoni
Heloísa Martins Maringoni – Formada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC SP (1978); em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia São José dos Campos SP (1982), com especialização em Dinâmica de Estruturas no Instituto de Tecnologia da Aeronáutica – ITA (1983 e Estruturas Metálicas na FDTE Universidade de São Paulo (1989), além de pós-graduação em Arquitetura e Sociedade - Teoria e prática do ensino de arquitetura na Escola da Cidade SP (2014/2015). Em 1991, fundou a Companhia de Projetos, atuante na área de projeto e consultoria estrutural, com ênfase em projetos especiais.
Pietro Terlizzi
Pietro Terlizzi – Arquiteto e Urbanista formado na FAU Mackenzie. Trabalha na área de arquitetura desde 1999, tendo passado por diversos escritórios nas mais variadas áreas desde paisagismo até escritório de engenharia estrutural. A experiência o levou a abrir o seu próprio, a Pietro Terlizzi Arquitetura, que desenvolve projetos nas áreas residencial, comercial e corporativa. Atua em todas as etapas do projeto, desde a elaboração do conceito, passando pela execução da obra até a finalização na escolha dos objetos e mobiliário.