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Materiais e soluções técnicas oferecem conforto térmico aos ambientes

Telha ‘sanduíche’, subcoberturas, foil de alumínio e telhados ‘verdes’ são as opções mais eficazes

Publicado em: 17/04/2012

Texto: Redação AECweb

Redação AECweb / e-Construmarket

Materiais e soluções técnicas oferecem conforto térmico aos ambientes

As coberturas e telhados, proteções prioritárias contra a incidência da radiação solar, são os elementos da edificação que mais exigem soluções de isolamento térmico. É o que afirma a professora Maria Akutsu, mestre em engenharia e doutora em arquitetura, responsável técnica pelo Laboratório de Conforto Ambiental e de Sustentabilidade dos Edifícios – Centro Tecnológico do Ambiente Construído do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Segundo ela, cabe às paredes assegurar a inércia térmica, enquanto a cobertura é responsável pelo isolamento do frio ou do calor. Essa capacidade é obtida por meio do conjunto de elementos que compõe o telhado, sendo o externo obrigatoriamente estanque à água. “A solução instalada sob o telhado faz toda diferença. É necessário que, pelo menos, cinco centímetros de algum material isolante térmico, como lã de rocha ou lã de vidro, seja aplicado logo abaixo do telhado ou sobre o forro – esta é a solução mais rápida e fácil”, ensina.

O isolamento térmico não é exigência apenas das estações ou regiões mais quentes. No inverno também é importante que a cobertura esteja isolada uma vez que a edificação pode ganhar calor pelas janelas. A face em que essas aberturas estão posicionadas também é determinante. Na região Sul do Brasil, que possui latitude maior, a face Norte da edificação é a melhor para instalação de ‘janelões’ protegidos por brise horizontal, que vai permitir a entrada de radiação solar no inverno e bloquear a radiação no verão. “Independente do frio ou do calor, em qualquer parte do planeta, isolar a cobertura gera mais benefícios do que malefícios”, diz.

TELHAS ‘SANDUÍCHE’

Maria Akutsu lembra que algumas telhas do tipo ‘sanduíche’, como as metálicas, já contêm um isolante térmico. “Em outros tipos de telhado, costuma-se utilizar o isolante em cima do forro, o que é mais prático. Em telhados de duas águas, em que a telha de barro necessariamente tem uma inclinação maior, a instalação de um forro horizontal promoverá trocas de massas de ar, o que vai aumentar naturalmente o isolamento térmico. Esses materiais – lã de vidro e lã de rocha – têm baixa condutividade térmica por confinarem o ar em pequenas células (bolhas)”, diz.


SUBCOBERTURAS

Hoje, o mercado oferece os materiais conhecidos como subcoberturas, em geral com uma ou as duas faces aluminizadas, que são colocadas como barreira radiante, com boa função de isolamento térmico. São barreiras com baixa emissividade – outra maneira de se prover isolação térmica. “Ele funciona porque emite pouca radiação para baixo – cerca de nove vezes menos do que a telha. Se as duas faces forem aluminizadas, o material de baixa emissividade terá, proporcionalmente, alta refletância à radiação infravermelha, que é a radiação térmica”, explica, acrescentando que o material pode equivaler a 5 cm de lã de vidro ou lã de rocha. Será sempre muito eficiente utilizar uma barreira radiante sob o telhado, deixando um pequeno espaço de ar entre a cobertura e o material e instalando embaixo o forro com mais 5 cm de isolante.


FOIL
DE ALUMÍNIO E PINTURA


Nos galpões industriais se vê de tudo. Há quem ‘salpique’ exaustores eólicos na cobertura, mas, muitas vezes, eles acabam funcionando como um ponto de infiltração de água. “Esses equipamentos não são tão eficientes. É preferível simplesmente pintar de branco ou colocar o foil de alumínio sob a cobertura”, recomenda.


Pintar a superfície externa do telhado com uma cor clara é sempre um recurso interessante quando não forem empregados materiais isolantes embaixo do telhado. Existem no mercado, inclusive, tintas que incorporam esferas cerâmicas em sua composição. “Elas funcionam porque as esferas contribuem para produzir refletância maior do que a da tinta comum. É preciso, no entanto, que a superfície seja mantida limpa, pois com o passar do tempo a sujeira reduz a propriedade de refletir a radiação”, orienta a especialista.

Segundo Maria, tecnicamente uma mão de cal passada sobre uma telha, já ajuda. Porém, não é aconselhável pintar telhas de barro ou cerâmica porque esses materiais perdem algumas de suas características, como a alta porosidade. Outro cuidado em relação às tintas, é que algumas propiciam o surgimento de fungos – condição informada pelo fabricante. “Esse problema é mais comum em telhados que possuem alguma parte sombreada”, destaca a especialista.

POLIESTIRENO EXTRUDADO

Nas edificações com cobertura de laje sem qualquer tipo de telhado são utilizados isolantes térmicos como o poliestireno extrudado, que possuem alta resistência à compressão e baixo índice de absorção de água. Sobre o material, podem ser aplicados tanto a massa quanto o piso, sem que ele se deforme. Dessa forma ele manterá a capacidade de isolamento.


TELHADO ‘VERDE’

Materiais e soluções técnicas oferecem conforto térmico aos ambientes

Outra opção interessante para as lajes é o telhado ‘verde’, que funciona muito bem como isolante e também como um capacitor, absorvendo água e radiação solar. “Do ponto de vista térmico, esta é a melhor solução. Porém, existem outros problemas, como os relacionados à manutenção e à estrutura. Quanto à estanqueidade à água, hoje a tecnologia já está bastante desenvolvida. Existem no mercado, inclusive, kits prontos de ‘teto verde’ que armazenam água de chuva. Ainda assim, há muito a ser desenvolvido nessa área”, observa.


USO DO VIDRO

Na opinião de Maria Akutsu, a pior opção possível para uma cobertura quando se deseja algum grau de isolamento térmico, é a utilização de vidro. Mas, se essa for a especificação do projeto, o vidro duplo insulado é o mais recomendado, porque reduz as trocas de calor, reduzindo a carga térmica do sistema de condicionamento. “Mesmo com o ar-condicionado, a cobertura de vidro é uma solução que deveria ser evitada, pois pode causar ofuscamento e desconforto térmico pela incidência direta de radiação solar. O vidro poderia ser colocado sobre um jardim, por exemplo, e não em local em que há permanência de pessoas”, conclui.

Redação AECweb / e-Construmarket


COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA

Maria Akutsu – Graduada em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) em 1974; mestre em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP, em 1983; engenheira da qualidade, CQE, pela American Society for Quality Control (ASQC) em 1991; e doutora em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da USP (FAU/USP), em 1998. É pesquisadora no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) desde 1975, atuando na área de conforto ambiental. Dedica-se ao desenvolvimento de métodos para a avaliação do desempenho térmico de edificações, e à pesquisa e prestação de serviços visando a otimização do desempenho térmico e acústico de produtos e sistemas de edificações, a racionalização do consumo energético em edificações e a melhoria das condições de iluminação e de conforto térmico em ambientes de trabalho. É também responsável técnica pelo Laboratório de Conforto Ambiental e Sustentabilidade dos Edifícios – Centro Tecnológico do Ambiente Construído do IPT, que realiza ensaios para a determinação de valores de propriedades térmicas, acústicas e lumínicas de elementos e materiais de construção, bem como simulações computacionais e medições ‘in loco’ para determinação de níveis de ruído e temperaturas em edificações.