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Instalações elétricas exigem proteção contra interferências externas

Elementos como o dispositivo diferencial residual e o dispositivo de proteção contra surtos evitam a ocorrência de choques elétricos e a queima de aparelhos conectados à tomada

Publicado em: 15/08/2018Atualizado em: 26/03/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Os disjuntores estão entre os principais itens de segurança das instalações elétricas (Dmitry Kalinovsky / shutterstock)

Instalações elétricas estão sujeitas a falhas no fornecimento de energia capazes de danificar os aparelhos conectados às tomadas. Para evitar problemas, o projeto deve prever a especificação de componentes de segurança adequados para diversas situações. “Entre os principais itens estão disjuntores, fusíveis, dispositivo diferencial residual (DR) e dispositivo de proteção contra surtos (DPS)”, enumera o engenheiro Victor Emilio Fischmann, sócio-diretor da FE Projetos Elétricos.

Apesar de ser de extrema importância e obrigatório, o DR está presente em somente 21% das 1,1 mil edificações analisadas pelo “Raio X das Instalações Elétricas Residenciais Brasileiras” — estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre) e a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel). Segundo o levantamento, 56,3% das residências com menos de cinco anos e 27% das que têm entre seis e dez anos possuem o dispositivo. Já nas autoconstruções, obras realizadas pelo proprietário do terreno sem a presença de construtoras, o número cai para 17,5%.

Em relação ao DPS, 12% dos imóveis analisados contavam com o dispositivo, sendo que somente 61% das instalações foram baseadas em projeto elétrico. Cerca de 20% dos entrevistados afirmaram que tiveram equipamentos queimados por conta da queda de raios, incidente que poderia ter sido evitado com a presença do DPS.

As reclamações mais frequentes estão relacionadas a defeitos em equipamentos causados por descargas atmosféricas conduzidas até a instalação elétrica
Edson Martinho

Situações envolvendo raios são as que mais geram queixas. “As reclamações mais frequentes estão relacionadas a defeitos em equipamentos causados por descargas atmosféricas conduzidas até a instalação elétrica”, informa o engenheiro Edson Martinho, diretor executivo e fundador da Abracopel. Variações de tensão ou interrupção no fornecimento de energia são outras falhas que podem causar danos.

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PROTEGENDO AS INSTALAÇÕES

A ausência [de itens de proteção] oferece riscos aos equipamentos, à própria instalação [elétrica] e também à vida das pessoas
Victor Emilio Fischmann

Além da não conformidade com as normas técnicas, negligenciar a adoção de elementos de proteção pode resultar em perdas que extrapolam o campo financeiro. “A ausência oferece riscos aos equipamentos, à própria instalação e também à vida das pessoas”, adverte Fischmann. A proteção da integridade dos moradores é garantida pela presença do DR, que tem como objetivo evitar a ocorrência de choques. Em caso de acidentes, o dispositivo é capaz de interromper o fornecimento de energia no circuito elétrico.

“Já o DPS é o dispositivo que protege os equipamentos caso ocorra um surto de tensão”, diz Martinho, lembrando que a presença do elemento no sistema é obrigatória segundo a ABNT NBR 5.410 — Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Quando acontece um surto de tensão, o DPS desvia toda a energia decorrente do fenômeno para o sistema de aterramento, evitando que a sobrecarga chegue aos aparelhos eletroeletrônicos.

As variações de tensão na rede causam fornecimento intermitente de energia aos aparelhos ligados ao sistema elétrico, com risco de danificá-los, mas isso pode ser solucionado com a instalação de um estabilizador ou mesmo de um nobreak. “No caso de variação de tensão ou interrupção, há risco de o equipamento deixar de funcionar por certo tempo ou de queimar”, afirma Martinho.

Assim como as falhas oriundas do sistema de distribuição, outras ações externas também podem afetar o desempenho e a funcionalidade das instalações elétricas. “É o caso da falta de manutenção ou intervenção realizada por profissional não qualificado. Ou, ainda, o desconhecimento dos usuários em relação à disponibilidade de carga das unidades residenciais”, exemplifica Fischmann. A implementação dos dispositivos de proteção deve ser realizada com base em projeto, que deve considerar as particularidades de cada empreendimento.

ERROS COMUNS

Para Fischmann, os erros mais comuns encontrados nos projetos elétricos são a ausência de algum dispositivo de proteção, a inclusão desses elementos de maneira equivocada e o dimensionamento incorreto de parte da instalação. Martinho aponta que quando o trabalho é realizado com base na norma técnica, problemas são evitados. “Porém, não é comum realizar projetos elétricos com profissionais habilitados (engenheiro eletricista). Portanto, geralmente não se segue a norma”, observa Martinho.

O “Raio X das Instalações Elétricas Residenciais Brasileiras” constatou que 29% das edificações pesquisadas tinham um projeto elétrico, contudo, somente 25% deles foi elaborado por eletricistas. Apesar de os edifícios que compõem o estudo terem idade média de 20 anos, o mesmo problema é encontrado em construções novas. Pesquisa realizada em 2010 pelo Procobre apontou que 53% das residências com idade média de dois anos não possuíam projeto elétrico. Por outro lado, esse levantamento indicou o eletricista como principal executor das obras e reformas elétricas.

Normas técnicas

Revisada em 2004, a ABNT NBR 5.410 é considerada a “norma-mãe” das instalações elétricas. “Esse é o documento que deve sempre ser consultado para a elaboração do projeto de uma instalação elétrica em residências”, declara Edson Martinho.

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Colaboração técnica

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Edson Martinho – Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Mogi das Cruzes, possui duas pós-graduações nas áreas de docência e marketing. Atua no setor elétrico e energético há mais de 20 anos, e há mais de 15 anos realiza palestras por todo o país (e também no exterior) sobre diversos temas relacionados a instalações elétricas de baixa tensão. Especializou-se em qualidade da energia elétrica e escreveu um livro sobre o assunto: Distúrbios da energia elétrica (Editora Erica). É diretor executivo e fundador da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), vice-presidente da Associação de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Salto-SP (Aeaas) e sócio-diretor da Lambda Consultoria, que presta assessoria a empresas com problemas relacionados à energia elétrica. Atualmente, é coordenador da Norma de Instalações Elétricas ABNT NBR 16.384.
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Victor Emilio Fischmann – Engenheiro eletricista formado pela Universidade de São Paulo (USP) com mais de 30 anos de experiência na área de projetos de sistemas elétricos. É sócio-diretor da FE Projetos e sócio-fundador da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip). Também é membro da CE 03 064.01 — Instalações Elétricas de Baixa Tensão — NBR 5.410 — e da diretoria de normalização do Sindicato da Habitação (Secovi).