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Instalação de guarda-corpos é definida em projeto e deve seguir norma técnica

A norma que hoje está em fase de revisão impõe critérios de instalação. Tipos de ancoragem e espaçamentos são considerados em ensaios de desempenho

Publicado em: 13/11/2018Atualizado em: 04/03/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Especificação do guarda-corpo deve atender à NBR 14718 (foto: shutterstock / Ratchat)

A definição e o detalhamento dos procedimentos de instalação de guarda-corpos são da responsabilidade do projetista ou consultor do projeto, sempre respeitando os aspectos de dimensões, geometria e, principalmente, o dimensionamento dos materiais que compõem o guarda-corpo. “Esse detalhamento envolve, também, todos os aspectos de interface com os materiais de revestimento e com a estrutura da edificação”, afirma o engenheiro Crescêncio Petrucci Júnior, titular da Crescêncio Engenharia.

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Segundo ele, os procedimentos de instalação dependem muito do projeto. Em geral, ela é feita por meio de perfis engastados na estrutura de concreto – a laje ou a viga de borda dos terraços. O sistema de fixação pode ser o de chumbador mecânico ou de adesivo químico. “A norma ABNT NBR 14718:2008 indica um embutimento mínimo no concreto, independentemente da espessura do revestimento para os chumbadores dos montantes”, acrescenta o engenheiro.

De acordo com a engenheira Michele Gleice, diretora técnica do Instituto Tecnológico da Construção Civil (ITEC), a ancoragem deve ter profundidade mínima de 70 mm no concreto, quando empregado sistema de fixação por colagem com adesivo. Porém, não especifica o engastamento mínimo no caso do uso de chumbador mecânico. As ancoragens e pontaletes podem ser de alumínio, aço inox, aço inox austenítico e, quando em ligas aço-cobre ou aço-carbono, devem ser galvanizados com espessura mínima da camada de zinco.

“A norma estabelece que o projeto deve especificar os tipos, o espaçamento e demais detalhes da ancoragem do guarda-corpo, dimensionados de forma a garantir o desempenho nos ensaios previstos nos Anexos A a C”, diz a engenheira. No entanto, não há requisitos para espaçamento entre as ancoragens, que podem ser fixadas a qualquer distância, desde que sejam realizados os ensaios. Desta forma, a norma apresenta o desempenho necessário do guarda-corpo e não limita o desenvolvimento dos projetos.

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RESISTÊNCIA

Petrucci lembra que a resistência dos materiais que compõem os guarda-corpos deve ser determinada para atender aos critérios indicados na norma. Gleice explica tratar-se da resistência aos esforços horizontais, quando é simulada a condição de pessoas encostando ou puxando o guarda-corpo. Já os esforços verticais indicam pessoas se apoiando sobre o elemento, enquanto a avaliação da resistência ao impacto refere-se a uma queda ou choque acidental contra o guarda-corpo.

“Uma alternativa para verificar a resistência da estrutura é a realização dos ensaios no local de instalação do guarda-corpo, pois assim serão aplicadas as cargas previstas na norma (horizontais, verticais e impacto) sobre o protótipo instalado. Esses ensaios permitem evidenciar se a estrutura atende aos requisitos da norma”, diz ela.

A norma estabelece que o projeto deve especificar os tipos, o espaçamento e demais detalhes da ancoragem dos guarda-corpos, dimensionados de forma a garantir o desempenho nos ensaios previstos nos Anexos A a C
Michele Gleice

A laje ou viga onde o guarda-corpo é fixado deve suportar as cargas que serão transferidas para elas. “Como geralmente o guarda-corpo é engastado na estrutura da edificação (terraço, mezanino e/ou escadas), os esforços de momento e tração nos chumbadores devem ser verificados pelo projetista. Hoje existem muitos recursos, como ferramentas e softwares de cálculo, que podem oferecer informações precisas para verificação e desenvolvimento do projeto considerando esses esforços”, destaca Petrucci Júnior.

As cargas de ensaios para esforços horizontal e vertical são lineares e variam conforme o uso do guarda-corpo, se privativo (varandas, mezaninos e escadas de unidades de edificações residenciais ou comerciais) ou coletivo (áreas comuns de edificações residenciais ou comerciais). “O peso do guarda-corpo não interfere nas cargas de ensaio”, ressalta Gleice.

Segundo ela, na versão vigente da norma, não são consideradas as cargas relacionadas à ação do vento, porém no projeto de revisão em curso há novas cargas propostas. “Estão sendo consideradas outras utilizações do guarda-corpo, conforme a previsão de tráfego de pessoas, bem como as condições de exposição do elemento quanto à ação do vento, o que abrange a região do Brasil e altura da edificação”, adianta a engenheira, ressalvando que se trata ainda do projeto de revisão da norma, em consulta pública, período em podem ocorrer alterações.

Para o engenheiro, o ensaio de guarda-corpos é sempre importante, porque atende de forma prática as condições de instalação e garante o desempenho e a segurança previstos na norma. “Além de ser um requisito da norma de desempenho das edificações, a ABNT NBR 15575-4:2013, é garantia de segurança para construtora, fabricante, projetista e usuários”, comenta a diretora do ITEC.

Ela informa que a norma prevê que os ensaios devem ser realizados em laboratório. Podem, também, ser efetuados nas instalações do cliente ou diretamente na obra. Porém, os ensaios devem ser realizados sempre em protótipos, e não nos guarda-corpos já instalados para uso final. Esses protótipos devem ser instalados em locais que permitam o acesso à face interna e externa do elemento, preferencialmente no térreo.

“Não considero que haja dificuldade no cumprimento da norma, tanto na fase de projeto quanto da instalação. Porém, alguns projetos de arquitetura consideram condições especiais de instalação e/ou peças com dimensão pequenas, que não oferecem a resistência necessária para o cumprimento da norma. Nesses casos, é sempre importante estudar e propor alternativas para os arquitetos”, observa Petrucci Júnior.

Não considero que haja dificuldade no cumprimento da norma, tanto na fase de projeto quanto da instalação. Porém, alguns projetos de arquitetura consideram condições especiais de instalação e/ou peças com dimensões pequenas
Crescêncio Petrucci Júnior

REQUISITOS

O projeto de guarda-corpos, de acordo com a norma, deve obedecer a dimensões precisas. A começar pela altura que, da parte superior do corrimão até o piso, deve ser maior ou igual a 1 m – considerando que o corrimão, neste caso, está instalado sobre o guarda-corpo. “Esta é a altura mínima definida pela comissão de estudos, para evitar a queda acidental de um usuário que se aproxime do guarda-corpo”, expõe Gleice, informando que o novo texto normativo propõe que a altura seja alterada para 1,10 m.

Os guarda-corpos instalados em escadas devem obedecer aos mesmos requisitos dos demais. É o caso da limitação de afastamento entre os perfis verticais (vão luz) daqueles do tipo gradil, que não deve ser superior a 0,11 m. Na região dos degraus, o afastamento do último elemento horizontal em relação à aresta exterior do piso deve ser menor ou igual a 0,05 m (figura abaixo). “Porque os 0,11 m é a distância segura, adotada em outras normas, inclusive internacionais, que garante que uma criança não passe entre os perfis, evitando assim graves acidentes. Já a determinação de distância de 0,05 m procura evitar que a queda de objetos atinja transeuntes”, diz a diretora do ITEC.

CORRIMÃOS

Para corrimãos, além dos requisitos apresentados na norma ABNT NBR 14718:2008, devem ser observadas as instruções técnicas do Corpo de Bombeiros, que são regionais, específicas em cada estado. “Em São Paulo, por exemplo, é necessário atender aos requisitos previstos pelo Corpo de Bombeiros e apresentados na Instrução Técnica 11/2018 - Saídas de emergência, onde há um item específico para corrimãos (item 5.8.2)”, diz a engenheira.

Petrucci Júnior complementa, dizendo que o Corpo de Bombeiros possui administração e legislação específica em cada estado e que, muitas vezes, não possui Instrução Técnica especificada. “Por isso é difícil definir um conceito único que esses órgãos consideram importante”, afirma.

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Colaboração técnica

Crescencio-Petrucci-Junior
Crescêncio Petrucci Júnior – Engenheiro civil com 29 anos de experiência em esquadrias e fachadas, com atuação em toda a cadeia produtiva do setor, como indústria de fabricação de esquadrias, projetos, obras e consultoria técnica. É diretor na Crescêncio Petrucci Consultoria, empresa que atua como prestadora de serviços de consultoria técnica e desenvolvimento de projetos de esquadrias de alumínio, especificação de vidros e fiscalização de obras.
Michele-Gleice
Michele Gleice – Engenheira civil formada pela Universidade Bandeirantes (2003), com MBA em Gestão Empresarial pela FGV – Fundação Getulio Vargas. É diretora técnica do ITEC – Instituto Tecnológico da Construção Civil. Atua há mais de 21 anos na área de controle tecnológico da construção civil, prestando serviços em laboratórios de ensaios e em obras. Tem participação contínua nas comissões de estudos da ABNT que elaboram e revisam as normas técnicas para diversos materiais da construção civil, tais como esquadrias, guarda-corpos, vidros, componentes para esquadrias, entre outros..