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Inspeções em pontes e viadutos são necessárias para evitar colapsos e rupturas

Casos recentes de desabamentos total ou parcial de pontes colocam em evidência a necessidade de se realizar vistorias periódicas em obras de arte especiais

Publicado em: 17/01/2019Atualizado em: 21/01/2019

Texto: Juliana Nakamura

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As pontes e os viadutos devem ser vistoriados periodicamente (Joshua Rainey Photography / shutterstock)

Imprescindíveis para organizar e dar fluidez ao trânsito nas grandes cidades, pontes e viadutos são estruturas que precisam ser submetidas a vistorias periódicas que assegurem suas condições de utilização. Tais avaliações estão prescritas na ABNT NBR 9452:2016, que apresenta um conjunto de diretrizes e especificações para a realização das atividades de inspeção.

O texto da norma define parâmetros estruturais, de durabilidade e de funcionalidade para a avaliação do estado de conservação das obras de arte especiais. Para cada parâmetro analisado são atribuídas notas de classificação: crítica, ruim, regular, boa e excelente.

COMO DEVE SER FEITA A INSPEÇÃO?

Para averiguar se a ponte ou viaduto possui problemas estruturais, é necessário, em um primeiro momento, efetuar um cadastramento detalhado do viaduto com informações relativas aos seus aspectos construtivos. Esta é a chamada Inspeção Cadastral, que deve detalhar características estruturais da obra de arte, como comprimento total, seção tipo, número de vãos e aparelhos de apoio.

“Em seguida devem ser inspecionadas as condições das peças estruturais, como pilares, vigas, muros de arrimo, tabuleiros, juntas de dilatação, aparelhos de apoio e tubulações”, diz o perito em engenharia Celso Amaral. Ele conta que as patologias eventualmente encontradas devem ser classificadas por seu grau de risco, e um relatório deve ser elaborado com o detalhamento dos achados e as recomendações para correção.

“A inspeção visual permite identificar várias anomalias e problemas visíveis, como infiltrações, crescimento de vegetação, fissuras e outros”, comenta o engenheiro Roberto Kochen, diretor da divisão de infraestrutura do Instituto de Engenharia.

A inspeção visual permite identificar várias anomalias e problemas visíveis, como infiltrações, crescimento de vegetação, fissuras e outros
Roberto Kochen

Ele conta que também é possível realizar ensaios intrusivos complementares, como esclerometria, retirada de corpos de prova para avaliação do concreto, termografia e ultrassom. “Esses ensaios devem ser realizados periodicamente em complementação às inspeções visuais, ou sempre que forem detectadas anomalias que os tornem necessários”, destaca Kochen, lembrando que todos esses procedimentos precisam ser realizados por empresa de engenharia especializada, qualificada e competente.

TÉCNICAS DE INSPEÇÃO

Além das inspeções rotineiras (anuais), as obras de arte especiais podem ser submetidas a inspeções especiais. Segundo a NBR 9452, essa vistoria deve ser feita a cada cinco anos, podendo ser postergada em até oito anos quando apresentar boas condições de durabilidade.

“Quando não é permitido o acesso pela região inferior do tabuleiro, as inspeções especiais são realizadas por meio de caminhões posicionados sobre as faixas de rolamento. Esses veículos são providos de braços mecânicos articulados com cestos que permitem a aproximação do profissional ao local inspecionado”, detalha o engenheiro Ciro José Ribeiro Villela Araújo, chefe da Seção de Engenharia de Estruturas do CT-Obras do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).

Quando não é permitido o acesso pela região inferior do tabuleiro, as inspeções especiais são realizadas por meio de caminhões posicionados sobre as faixas de rolamento
Ciro José Ribeiro Villela Araújo

Segundo ele, também podem ser utilizados equipamentos provisórios, como passarelas, escadas telescópicas e treliças móveis, complementados por dispositivos de segurança como redes tensionadas de proteção.

Mais recentemente, a inspeção em pontes e viadutos passou a utilizar drones para auxiliar os trabalhos de inspeção e monitoramento das estruturas de pontes e viadutos. “Mesmo com o uso dessa tecnologia, não se pode dispensar o acompanhamento de profissionais habilitados para realização dos trabalhos de inspeção”, adverte o pesquisador do IPT.

A responsabilidade de garantir a integridade de pontes e viadutos é da administração responsável pela malha viária em questão. As prefeituras respondem pelas pontes localizadas em seu perímetro urbano. Os governos estaduais devem zelar pelas obras em rodovias estaduais. Já a União é responsável pelas obras de arte em vias federais. Vale lembrar que, mesmo quando a rodovia está sob concessão, é responsabilidade do poder público fiscalizar se as obras de manutenção estão sendo realizadas como determinam as normas.

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Colaboração técnica

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Celso Amaral – Engenheiro civil especializado em avaliações de riscos, responsabilidade civil e perícias de engenharia. É diretor da Amaral d’Avila.
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Roberto Kochen – Engenheiro civil com mestrado e doutorado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Presidente e diretor técnico da Geocompany, é também diretor do departamento de infraestrutura do Instituto de Engenharia do Estado de São Paulo e professor na Escola Politécnica e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
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Ciro José Ribeiro Villela Araújo – Engenheiro civil, mestre em engenharia civil na área de estruturas pela Unicamp e chefe da Seção de Engenharia de Estruturas do CT-Obras do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).