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Impermeabilização de piscinas evita vazamentos e infiltrações

Quando bem executado, procedimento é capaz de impedir, ainda, queda de revestimentos, surgimento de fissuras, aparecimento de manchas e corrosão. Conheça as soluções disponíveis

Publicado em: 04/12/2017Atualizado em: 06/02/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

A impermeabilização durante a fase de execução garante maior vida útil à piscina (shutterstock.com / Anton Watman)

Considerada uma das fases mais críticas da execução de piscinas, a impermeabilização é responsável por proteger a estrutura contra desgastes e deterioração do concreto. “Quando o serviço é contratado apenas pelo preço, deixando de lado o bom projeto e o planejamento rigoroso, é certeza de vazamentos futuros”, destaca o engenheiro Firmino Siqueira Filho, vice-presidente técnico do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), consultor na área de impermeabilização e titular da Isolar. Essa perda de água que escapa para o subsolo resulta em infiltrações que podem danificar as fundações das edificações localizadas na vizinhança da piscina.

“A impermeabilização da piscina feita de maneira inadequada resultará, ainda, na queda de revestimentos, surgimento de fissuras, aparecimento de manchas devido à eflorescência e corrosão da armadura no interior do concreto armado. Há riscos para os frequentadores, que podem ter reações alérgicas devido ao desenvolvimento de bolor e mofo”, adverte.

PROJETANDO

A impermeabilização adequada começa na elaboração do projeto. A primeira providência consiste na análise das diferentes características da piscina, pois não existe uma fórmula única a ser seguida para todos os casos. “O profissional tem que levar em conta o tipo de estrutura, projetos elétricos e hidráulicos e a qualidade do concreto (poros, brocas, juntas, entre outras)”, comenta o especialista.

Também é preciso prestar atenção nas particularidades da piscina a ser impermeabilizada. Por exemplo, a solução indicada para as enterradas é diferente daquela utilizada em estruturas elevadas. A profundidade e o tamanho da piscina são variáveis que interferem na especificação. Por fim, é necessário verificar a inclinação do solo, quantidade de água e o nível de umidade previsto para o ambiente.

Já as piscinas fabricadas com PVC, vinil ou fibra de vidro dispensam impermeabilização. Isso acontece porque esses materiais são revestidos com soluções que têm características estanques. Porém, a desvantagem dessas piscinas é que sua vida útil é reduzida quando comparada com as estruturas de concreto revestidas com placas cerâmicas ou pastilhas.

A impermeabilização da piscina feita de maneira inadequada resultará na queda de revestimentos, surgimento de fissuras, aparecimento de manchas devido à eflorescência e corrosão da armadura no interior do concreto armado
Firmino Siqueira Filho

SOLUÇÕES DISPONÍVEIS

O mercado disponibiliza variado leque de possibilidades. “Entre os métodos mais comuns estão o concreto impermeável, a argamassa impermeável, a argamassa polimérica, o poliuretano e a manta asfáltica”, enumera Siqueira. No entanto, a alternativa mais empregada atualmente é o sistema flexível (mantas), por sua capacidade de acompanhar as pequenas movimentações que ocorrem na estrutura.

Outra opção bastante interessante é o aditivo cristalizante. “O material pode ser usado tanto na impermeabilização principal quanto na auxiliar”, indica o especialista. O produto é adicionado ao traço do concreto e reage com a água e a umidade, criando uma estrutura permanentemente selada contra a entrada de qualquer tipo de líquido. O aditivo protege o concreto tanto da água da piscina quanto daquela oriunda dos lençóis freáticos.

Por outro lado, de acordo com o consultor, existem alternativas de impermeabilização que não devem ser especificadas, como as emulsões de acetato de polivinila (PVA) e os polímeros reemulsionáveis. As mantas e membranas com baixa adesividade também têm desempenho aquém do esperado em piscinas, inclusive quando usadas para acabamentos ou nos substratos.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

É possível classificar os sistemas de impermeabilização em dois grupos: rígidos e flexíveis. Basicamente, as argamassas e aditivos são classificados como rígidos. Já as mantas se enquadram na categoria das soluções flexíveis. Ambos os sistemas apresentam vantagens e desvantagens. Por exemplo, os produtos flexíveis se ajustam da melhor maneira às movimentações das estruturas do que as alternativas rígidas.

No entanto, o procedimento de instalação das mantas exige cuidados maiores, pois qualquer erro ou perfuração compromete toda a impermeabilização. Enquanto isso, argamassas e aditivos não sofrem com esse tipo de problema, como é o caso das superfícies que recebem os aditivos cristalizantes, que naturalmente são capazes de selar fissuras que venham a surgir a qualquer momento da vida útil da estrutura.

Entre os métodos mais comuns para impermeabilização estão o concreto impermeável, a argamassa impermeável, a argamassa polimérica, o poliuretano e a manta asfáltica
Firmino Siqueira Filho

CUIDADOS NA EXECUÇÃO

A impermeabilização não deve ocorrer somente na estrutura interna da piscina, que fica em constante contato com a água. O procedimento precisa ser expandido para as bordas e piso externo próximos à área de lazer. Na execução, também é recomendado cuidados especiais com as juntas e emendas, regiões mais propensas a sofrer com falhas na aplicação de mantas asfálticas.

“A superfície tem que estar sem falhas e limpa”, destaca Siqueira. A presença de poeira ou umidade em excesso é capaz de comprometer toda a aderência da solução, resultando em bolhas, deslocamentos e rupturas. Também é preciso regularizar a estrutura a fim de evitar a perfuração das mantas. Outro cuidado importante é certificar-se de que não existem trincas ou fissuras em toda a superfície a ser impermeabilizada.

TESTES DE ESTANQUEIDADE

Após a conclusão da impermeabilização, é recomendada a realização de testes de estanqueidade para aferir o desempenho da solução. “Os principais ensaios são o de carga de água de 72 horas e o eletrostático. De preferência, ambos devem ser executados de maneira complementar”, recomenda o consultor. Os testes precisam acontecer antes da colocação do revestimento, pois, em caso de problemas, o procedimento de correção é facilitado.

O ensaio de carga de água de 72 horas consiste em deixar a piscina cheia durante três dias. Nesse período, deve ser verificado se ocorrem alterações no nível da água. Caso positivo, é sinal de que há vazamentos em algum ponto da estrutura. Já o ensaio eletrostático aproveita a característica isolante elétrica das mantas asfálticas. O teste acontece com uso de equipamento de alta sensibilidade, que emite aviso sonoro quando detectadas falhas.

NORMAS TÉCNICAS

Os procedimentos de projeto e execução da impermeabilização para piscinas não contam com normas técnicas específicas. No entanto, os profissionais do setor podem nortear seus trabalhos por outros documentos que estão em vigor. “Há a ABNT NBR 9575 — Impermeabilização — Seleção e projeto, e a ABNT NBR 9574 — Execução de impermeabilização”, finaliza Siqueira.

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Colaboração técnica

Firmino Siqueira Filho – Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem mestrado em Construção Civil com ênfase em impermeabilização pela Universidade FUMEC. É consultor, projetista e aplicador de impermeabilização desde 1976. Ocupa o cargo de vice-presidente técnico do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI). É membro consultor do RCI Incorporated – EUA. Atua, ainda, como professor convidado da Escola de Engenharia da UFMG (EEUFMG) para o curso de pós-graduação do departamento de materiais.