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Impermeabilização corretiva custa até quatro vezes mais que a preventiva

Recomendada geralmente para áreas úmidas, deve ser realizada por profissionais especializados e capacitados pelos fabricantes de sistemas impermeabilizantes

Publicado em: 01/11/2013

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Impermeabilizacao

É consenso entre os especialistas que a impermeabilização preventiva – aquela feita no momento da construção – é imprescindível. Gastando-se cerca de 1 a 3% do valor da obra, é possível proteger a edificação de um temido inimigo: a umidade. Além do aspecto desagradável e de poder comprometer a estrutura da construção, a umidade facilita o desenvolvimento de fungos e bactérias causadores de doenças respiratórias, como asma e rinite alérgica. “A impermeabilização é essencial para a saúde da edificação, pois garante a sua longevidade”, acredita Wilson Simões das Neves, gerente executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI).

No entanto, por diferentes motivos, alguns proprietários optam por não impermeabilizar as áreas molháveis (banheiro, área de serviço, cozinha, jardim, varanda, laje, piscina), deixando-as livres para que as infiltrações se instalem. E quando isso acontece, é preciso colocar a mão no bolso para ‘salvar’ a casa, o apartamento ou o edifício inteiro. E não é pouco: a chamada impermeabilização corretiva costuma custar de três a quatro vezes mais que a preventiva. Além disso, muitas vezes não é possível eliminar uma infiltração evitando o ‘quebra-quebra’.

Passo a passo da impermeabilização

1. Investigação: descobrir qual a patologia da edificação, verificando se o reboco está desagregando, se há trincas, se o rodapé, a parede ou a janela está manchado, se a janela está corretamente calafetada, ou até se a pintura mudou de cor.

2. Preparação do substrato: usar boas práticas de construção, como arredondamento de cantos vivos e regularização do substrato com argamassa cimentícia, criando um caimento de 1% em direção aos coletores de águas pluviais/ralos. Além disso, fazer o tratamento correto de fissuras e juntas com um selante apropriado; e limpar o local para evitar que contaminantes, como óleos ou mesmo poeira, atrapalhem a aderência do produto ao substrato.

3. Pintura impermeável: remover o reboco (em casos mais graves, é preciso chegar até o tijolo para que a umidade evapore) e refazê-lo aplicando o impermeabilizante adequado (leia o item ‘produtos’). Para que a aplicação seja feita corretamente, recomenda-se a contratação de mão-de-obra especializada, de preferência, um pintor ou aplicador que tenha sido capacitado pela empresa fornecedora do impermeabilizante escolhido.

4. Teste de estanqueidade: antes de colocar o piso e o contrapiso, é preciso verificar se o local está, de fato, impermeabilizado.

5. Acabamento: finalizar com a textura, o grafiato, a pintura com tinta PVA ou outro acabamento escolhido.

Produtos

O mercado de impermeabilizantes está em contínua evolução. Nos últimos cinco anos, algumas tecnologias, como as membranas de poliuretano e as mantas líquidas acrílicas, têm crescido acima da média. Para Gustavo Soares, coordenador de marketing da unidade de químicos para construção da Basf para a América do Sul, o crescimento pode ser justificado porque essas tecnologias podem ficar expostas ao meio ambiente e, em alguns casos, permitem tráfego intenso de pessoas e automóveis. Além disso, podem ser aplicadas por um pintor ou pedreiro. “Para reparos de infiltrações em casas e edifícios, esses produtos são uma alternativa economicamente mais interessante do que outros tipos de impermeabilização, como as mantas asfálticas, por exemplo. A instalação destas é mais complexa e demanda mão-de-obra especializada”, informa Soares.

Eliene Ventura, gerente técnica da Vedacit, por sua vez, chama a atenção para a diferença entre produtos para áreas internas e externas. “As paredes internas e externas se comportam de maneira diferente, portanto, precisam de produtos diferentes”, ela diz. Ainda segundo Eliene, as paredes externas estão expostas ao Sol e à chuva, enquanto as internas, não. Para as externas, ela indica a manta líquida/membrana acrílica, que é elástica e acompanha a movimentação da parede. “Geralmente, esses produtos são brancos, mas podem ser pigmentados. Também é possível aplicar látex ou tinta acrílica”, acrescenta. Já para as paredes internas, o melhor é a argamassa polimérica. Mas Neves, do IBI, alerta: “Esses produtos estão na crista da onda. No entanto, é preciso tomar cuidado porque alguns fabricantes vendem a base acrílica como a ‘salvação da lavoura’. É importante lembrar-se de que nenhum produto faz milagre. Dependendo do grau de infiltração, não há como fazer a correção sem quebrar tudo”.

Impermeabilização tem prazo de validadeSegundo Eliene, da Vedacit, a impermeabilização costuma durar um pouco mais de cinco anos, dependendo do grau de exposição da obra e da movimentação a que ela está sujeita. “A área útil de condomínio é muito usada e o uso desgasta a impermeabilização. Uma casa na orla da praia também está mais sujeita a infiltrações, porque quando você impermeabiliza uma obra, não faz a água desaparecer; ela continua lá, ‘passeando’ e tentando encontrar um cantinho para entrar. E uma hora ela consegue porque ‘água mole em pedra dura tanto bate até que fura’”, exemplifica Eliene. O cuidado do usuário também é fundamental. “Se a pessoa pendurar um quadro na parede estará furando a impermeabilização”, ela observa.

Quem mora em apartamento ou em casas geminadas precisa ficar atento, porque não adianta impermeabilizar o banheiro se o vizinho não o fizer. “É preciso conscientizar os condôminos da importância da impermeabilização”, afirma Eliene, que defende que a casa toda deve ser impermeabilizada, não somente as áreas molháveis. “Como a água ‘passeia’, ela pode penetrar em qualquer parte”, finaliza.

Colaboraram para esta matéria

Eliene Ventura – Gerente técnica da Vedacit, empresa na qual trabalha há 15 anos. É formada em Tecnologia Civil pela Fatec e fez complementação em disciplinas de engenharia e administração. É membro do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI).
Gustavo Soares – Coordenador de marketing da unidade de químicos para construção da Basf para a América do Sul. É formado em hotelaria com especialização em marketing pela Escola Superior de Propaganda e marketing (ESPM).
Wilson Simões das Neves – Gerente executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização(IBI). Formado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), tem especialização em engenharia econômica pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-Rio).